Luiza Trajano e Conecta fomentam a participação de mulheres na política
"Para além da política partidária, as mulheres devem entrar em qualquer movimento da sociedade civil que está trabalhando pelo país", diz a empresária
Lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive na política. Com esse lema, mulheres de 24 estados do Brasil e de 31 partidos políticos se reuniram nesta sexta-feira (29) em São Paulo com Luiza Trajano, fundadora do Magazine Luiza, Carol Paiffer, presidente e diretora da área de investimentos da Atom, e outras empresárias e políticas para discutir a participação feminina no poder e o desenvolvimento do país. O encontro foi o fechamento do ciclo de formação política de 200 participantes contempladas pela Conecta, aceleradora de mulheres na política, que as prepara tanto para a atuação institucional quanto no âmbito de políticas sociais no contexto micro, como a liderança de comunidades.
“Para além da política partidária, as mulheres devem entrar em qualquer movimento da sociedade civil que está trabalhando pelo país, com metas e construção de projetos, porque a verdadeira força vem da sociedade civil”, disse Luiza a CLAUDIA. Ela, que foi cotada por diferentes partidos para afiliar-se ou até candidatar-se como vice-presidente nas eleições de outubro deste ano, confirmou que não concorrerá a cargos públicos. “Sei que muita gente ficou chateada, que muita gente torceu para eu aceitar… Foi difícil dizer ‘não’ ao Brasil, formalmente.” Em vez disso, Luiza vai apoiar, através do seu Grupo Mulheres pelo Brasil, candidatas ao Legislativo que se comprometam com premissas como a defesa da educação e saúde públicas de qualidade, sustentabilidade, direitos humanos e defesa da democracia.
“Chegou a nossa vez! É hora de botar mais mulheres em cadeiras políticas, o momento pede isso. Há 10 anos, eu não pensava que poderíamos contemplar 50% de mulheres ocupando todo tipo de cargos, seja na gestão pública ou nas empresas. Hoje, é algo absolutamente possível e estamos trabalhando para isso”, acrescentou ela ao antecipar a campanha Pula para 50, que deve ser lançada ainda este ano para fomentar cotas de 50% de candidaturas de mulheres nos partidos e nas cadeiras da Câmara dos Deputados e do Senado. Hoje, a participação feminina nas Casas Legislativas é de 15% e 12%, respectivamente, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para Luana Tavares, esse é um grande recado para a sociedade. “Este é o nosso ano, é hora de ocuparmos esses espaços para transformar a política, sendo candidatas, ajudando candidatas, tendo voz ativa em outras esferas políticas”, convoca. Ela diz sentir esperança ao perceber que 200 mulheres de todo o espectro de ideologias políticas comungam de pelo menos um objetivo: fomentar a participação feminina nos espaços de poder. “Todas querem resolver esse problema de baixa representatividade.”
Luana ressalta que, como a política brasileira “caminhou, nos últimos anos, por uma trilha de intolerância, radicalismo e dificuldade de diálogo”, as mulheres são capazes de construir pontes. “Além disso, temos um olhar sistêmico de gestão. Basta lembrar, por exemplo, que 45% dos lares no país têm mulheres como arrimo da família. Elas já têm um papel importante nos bastidores, porque são mães, educadoras e cuidadores dos que tomam decisões. Só que, neste momento, precisamos nos sentar à mesa onde essas decisões são tomadas. Precisam se enxergar como protagonistas para serem vistas pelos eleitores como opções viáveis.” Não há, afinal, democracia sem mulheres.