Quem são os jornalistas que conquistaram prêmio Nobel da Paz de 2021
Maria Ressa e Dmitry Andreyevich se destacaram por seu trabalho "corajoso" de defesa da liberdade de expressão em seus países de atuação
A jornalista Maria Ressa, das Filipinas, é a ganhadora do prêmio Nobel da Paz de 2021, anunciou a Academia Real das Ciências da Suécia nesta sexta-feira (8). Dividindo a honraria com o também jornalista, Dmitry Andreyevich Muratov, da Rússia, o reconhecimento vem pelos esforços para proteger a liberdade de expressão.
“Eles são representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal em um mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas”, argumentou o Comitê do Nobel, que classificou a luta dos jornalistas como “corajosa”.
A Academia ainda defendeu que os direitos anti-repressão e desinformação pelos quais os dois lutam são “pré-requisitos cruciais para a democracia e proteção contra a guerra e os conflitos” num cenário mundial atual em que diversos líderes populistas e autoritários se utilizam das mídias para propagar fake news.
“Sem liberdade de expressão e liberdade de imprensa, será difícil promover com sucesso a fraternidade entre as nações, o desarmamento e uma ordem mundial melhor para ter sucesso em nosso tempo. A atribuição deste ano do Prêmio Nobel da Paz está, portanto, firmemente ancorada nas disposições da vontade de Alfred Nobel”, disseram os organizadores do prêmio.
Maria Ressa
Cofundadora e diretora-executiva da Rappler, uma empresa de mídia digital de jornalismo investigativo nas Filipinas, Maria Ressa se destaca por usar “a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo em seu país natal”.
“Rappler [o veículo] tem focado a atenção crítica na controversa e assassina campanha antidrogas do regime de Rodrigo Duterte. O número de mortes é tão alto que a campanha se assemelha a uma guerra travada contra a própria população do país. Ressa e Rappler também documentaram como a mídia social está sendo usada para espalhar notícias falsas, assediar adversários e manipular o discurso público”, destacou o Nobel.
Dmitry Muratov
Dmitry Andreyevich Muratov foi, em 1993, um dos fundadores do principal jornal independente da Rússia, o Novaya Gazeta. Diretor-chefe do periódico há 24 anos, ele tem defendido durante décadas a liberdade de expressão no país.
Fundamentado na crítica, o jornal dirigido por Dmitry já publicou, por vezes, diversos aspectos censuráveis da sociedade russa raramente mencionados por outros meios de comunicação. “O Novaya Gazeta publicou artigos críticos sobre temas que vão desde corrupção, violência policial, prisões ilegais, fraude eleitoral e ‘fábricas de troll’ até o uso de forças militares russas dentro e fora da Rússia”, disseram os organizadores.
A academia ainda destacou que por causa do comprometimento do jornal com a liberdade de expressão, seus profissionais já sofreram diversas retaliações. “Assédio, ameaças, violência e assassinato. Desde o início do jornal, seis de seus jornalistas foram mortos”, destacaram. “Apesar dos assassinatos e ameaças, o editor-chefe Muratov recusou-se a abandonar a política independente do jornal.”