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Policial presa por defender amamentação também denuncia assédio sexual na PM

Em seu perfil no Instagram, Tatiane Alves compartilha irregularidades na corporação e pede por justiça

Por Da Redação
Atualizado em 21 set 2021, 14h20 - Publicado em 21 set 2021, 14h02
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 (Instagram/@relatosdeabusomilitar/Reprodução)
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Após Tatiane Alves, soldada da Polícia Militar do Maranhão, ser presa por se recusar a trabalhar fora do horário da sua escala para poder amamentar seu filho de 2 anos, outras denúncias da agente sobre a corporação foram divulgadas pelo Universa. Apesar de sofrer risco de represálias, ela expôs casos de assédio sexual e moral e outras irregularidades na PM.

Em 2020, na cidade de Imperatriz (MA), ocorreu o primeiro caso denunciado por Tatiane. A policial foi transferida de batalhão depois de denunciar um episódio de assédio e gravar um vídeo, que repercutiu nas redes sociais, contando o que estava sofrendo.

Além disso, ela acusou um comandante da polícia de assediá-la e impedir que trabalhasse nas ruas, já que se recusava a ter relações sexuais com ele.

O caso ainda está em andamento, mas Tatiane já foi denunciada por “crime militar” por supostamente “manchar a imagem” da corporação. Então, neste ano, a soldada decidiu criar um perfil no Instagram (@relatosdeabusomilitar) para divulgar os casos internos da corporação.

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“Tóxico” é a palavra usada pela policial para descrever o ambiente que viveu por anos na PM. Depois de sofrer com os casos, ela decidiu tornar sua dor pública para ajudar outros militares a relatarem o que já passaram. Hoje, Tatiane faz de tudo para buscar a justiça que não encontrou no ambiente de trabalho.

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“Eu sempre tive isso comigo. Sempre tive senso de justiça. Nunca gostei de ver alguém sendo humilhado e maltratado. É algo que carrego desde criança e nem sei muito bem quando começou. É apenas a forma como eu sempre pensei. (…) Então eu desejo justiça”, afirmou a soldada em entrevista ao Uol.

Presa porque precisava amamentar o filho

O caso mais recente ocorreu no dia 5 de setembro, durante um evento no Centro Histórico de São Luís. Nas redes sociais, ela esclareceu que não podia exceder a jornada, prevista para finalizar às 20h, pois precisava amamentar o filho. Apesar de ter dito isso ao comandante, foi detida por desobediência.

A policial integrava a equipe de patrulhamento do Batalhão de Turismo, quando o tenente Mário Oliveira, comandante do grupo, exigiu, próximo ao horário do término da jornada, que Tatiane continuasse trabalhando.

“Naquele dia, eu falei que precisava sair e amamentar meu filho. Mas não fui ouvida e fui surpreendida. Acabei presa por ‘desobediência’, por uma ordem do tenente Mário Oliveira. Passei 24h detida em um alojamento de policiais no Comando Geral da Polícia Militar e só saí por meio de um alvará de soltura conseguido pelo meu advogado”, explicou.

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A PM e a Secretária de Segurança Pública do Maranhão, após serem procuradas pelo UOL, se pronunciaram em uma única nota sobre o ocorrido. A SSP/MA disse lamentar o caso e “reforça seu comprometimento em mitigar condutas de membros da corporação, incompatíveis com os princípios profissionais e éticos que orientam as atividades do Sistema de Segurança do Maranhão.”

Problemas psicológicos na PM

A soldada lida com problemas psicológicos relacionados ao emprego e pensa em até mudar de profissão. Por isso, ela defende que a Justiça deve começar dentro de entidades como a PM.

“Antes, eu era uma pessoa alegre, brincalhona. Hoje, eu tenho que fazer tratamento psicológico e sofro com isso. Eu só fui começar a tratar ansiedade e depressão quando entrei na PM”, afirmou Tatiane.

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A policial relata falta de apoio dentro da corporação, inclusive das próprias mulheres. Para ela, o medo impede ações efetivas e cria uma situação em que o poio é oferecido com mais facilidade aos homens do que para as mulheres.

“Por incrível que pareça, quando aconteceram os casos de assédio, eu tive mais apoio masculino. A mulher tem medo de também sofrer represália. No estado do Maranhão, não existe um núcleo para nos apoiar. A Corregedoria é formada por oficiais e a maioria dos assediadores são oficiais. Há esse corporativismo deles. Quando vem alguma denúncia, eles querem abafar”, explicou.

“Quando eu estava em Imperatriz, fiquei tão abalada psicologicamente que eu simplesmente me retraí da situação para que pudesse me tratar. Fiquei um ano afastada fazendo tratamento de depressão e ansiedade e retornei há mais ou menos dois meses ao serviço ativo e, infelizmente, aconteceu essa situação de abuso de meu superior. Mas, dessa vez, eu decidi ir à mídia e falar a verdade do que a gente sofre na instituição militar dos portões para dentro. Vou seguir em frente”, finalizou Tatiane.

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