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Padre é denunciado por assediar e violentar monges sexualmente

O padre Ernani Maia dos Reis é acusado de abusos e violações no Mosteiro Santíssima Trindade, em Minas Gerais

Por Da Redação
30 set 2021, 15h32
O padre Ernani Maia dos Reis é acusado de assédio sexual e moral
O padre Ernani Maia dos Reis é acusado de assédio sexual e moral (UOL/Reprodução)
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O padre Ernani Maia dos Reis, líder do Mosteiro Santíssima Trindade, localizado na em Monte Sião, cidade de Minas Gerais, foi procurado por um monge que queria confessar um conflito interior entre sua vocação religiosa e o desejo crescente de construir uma família. Em vez de apoio e aconselhamento, ele encontrou hostilidade e abuso.

Mas você é gay, casar para enganar uma moça, mentir pra ela uma vida inteira? Porque você é gay”, disse Ernani, segundo o relato do monge, que preferiu não ser identificado, ao UOL. O monge contou que o padre ainda pegou uma de suas mãos e levou até o próprio pênis, enquanto falava: “Você ‘tá’ precisando disso aqui, de pinto”.

De acordo com o monge, cenas assim eram comuns em 2016. Relatos de 40 pessoas, recolhidos pelo veículo, apontam que Ernani, padre da Igreja Católica desde 2009, violentou e assediou sexualmente, pelo menos, oito monges. As vítimas tinham de 20 a 43 anos quando os abusos começaram.

As informações dos relatos apontam ainda que Ernani assediou moralmente outras 11 pessoas que viviam no mosteiro sob sua autoridade, além de constantes humilhações e agressões verbais. Desses casos, 10 são de mulheres. Segundo os relatos, os crimes foram cometidos, pelo menos, de 2011 até 2018, ano em que ele se afastou do mosteiro.

Os abusos

O líder religioso usava sua autoridade espiritual dentro da Igreja para conquistar a confiança dos integrantes do mosteiro. “Nosso Pai” era a forma que as pessoas ao redor o chamavam, atendendo a vontade do padre. A figura fraternal paterna era colocada com a intenção de envolver afetivamente e conquistar a confiança das vítimas e o padre oferecia ainda “sessões de psicanálise” aos monges.

padre ernani
Relatos de 40 pessoas apontam que o padre abusava de seu poder para fragilizar as vítimas (UOL/Reprodução)

As entrevistas apresentaram fatos que se assemelham em diversos aspectos, revelando o modus operandi do padre. Ernani chamava as vítimas até sua casa dentro do mosteiro e os recebia com alguma bebida alcoólica. Depois pedia para que eles tomassem um banho. Depois da insistência do padre, os monges entravam no banheiro, fechavam a porta e Ernani dizia: “Por que vai fechar a porta? Tem vergonha do seu pai?”.

Ao sair do banho, eles eram instruídos a vestir apenas uma cueca ou um shorts e em seguida deitar-se com ele na cama ou sofá. Uma das vítimas relata que não estava confortável com a situação e ouvia de Ernani que era “enrustido” e “não amava ninguém”. A pressão psicológica combinada com o abuso de poder enfraquecia e deixava as vítimas vulneráveis.

“O Ernani matou muito a minha autoestima, a minha dignidade como ser humano. Ele matou a minha esperança”, afirmou uma das vítimas.

Denúncias

A Igreja Católica teve conhecimento dos relatos dos crimes sexuais por meio de investigações internas, mas o padre só foi afastado depois que ele mesmo pediu para sair do Mosteiro Santíssima Trindade, em agosto de 2018, por “cansaço” e “crise vocacional”.

Não há registros de que Ernani tenha recebido punição da Igreja Católica, que o enviou por seis meses a uma casa de acolhimento para sacerdotes, usando os recursos do próprio mosteiro.

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O padre Ernani Maia dos Reis nega as acusações e se recusou a responder as perguntas da reportagem do UOL. Em resposta por e-mail, a Igreja Católica afirmou que “nunca negou qualquer fato (dele) ou ato atribuído quando do exercício na liderança daquela comunidade” e que não se omitiu sobre o caso.

“Foram constituídas auditorias, comissões de apuração em várias esferas de acompanhamento, sendo as respectivas comunicações, diretas aos representantes legais superiores (Nunciatura e Santa Sé). Nunca houve qualquer omissão nesse sentido”, dizia ainda o e-mail.

Apesar das justificativas dadas pela organização, a Igreja não respondeu sobre quais conclusões resultaram das investigações internas e não esclareceu quais medidas foram tomadas em relação aos relatos de crimes sexuais cometidos por Ernani.

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