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Morre Elke Maravilha, a russa mais brasileira que já existiu

Um encontro com Elke não se apaga. É o que revela nossa editora Patrícia Zaidan. Aqui, ela lembra frases dessa extravagante artista que vão fazer você pensar

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 out 2016, 15h34 - Publicado em 16 ago 2016, 11h46
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Não era nascida aqui, mas viveu como se fosse o Brasil: alegre, carnavalesca, ousada, topetuda, popular, controversa. E como uma filha indignada com os horrores da ditadura, lutou para derrubar os militares. Foi presa por isso. A russa ELKE MARAVILHA era muito engraçada. Eu a conheci em Sacramento (MG), na casa de Thaís e Milton Skaff, um médico com preocupações humanitárias. O casal estava promovendo um baile para arrecadar fundos e aplicá-los em ações de socorro ao povo pobre do lugar. Elke apresentou o baile, animou a festa; eu tive uma pequena participação no palco.

Na casa do dr. Milton, dividi o quarto com ela. Eu tinha só 19 anos, Elke era o máximo! Famosa modelo, jurada de programa de TV, feminista, atriz, performer, falava nove línguas e dizia o que queria, na lata, sem medo. 
Horas antes de irmos para o clube, fiquei vidrada: ela abriu a mala e de lá pularam colares, anéis, brincos, pulseiras, adornos de cabeça. Como um mascate, tirou da pequena bagagem a saia que brilharia à noite com ela. Era uma peça rodada, verde, cheia de dourado, com arabescos. Estendeu aquela saiona – de diâmetro imenso – no chão como se fosse um tapete. Colocou ali para desamassar um pouquinho.

Depois do baile conversamos até pegar no sono. Ela me chamou de queridinha, contou lá umas coisinhas da vida e disse que eu tinha cara de quem seria muito feliz no jornalismo – profissão que acabava de abraçar com paixão. Não notei estrelismo algum na mulher grandona, de pernas longas, bocão gigante e, mesmo assim, meiga demais. Morreu aos 71 anos neste 16 de agosto. Deixando sua imagem e sua fala que podem nos fazer pensar. 

Tem uma frase da Maravilha que eu gosto muito: 
“SÓ FAZEM COM VOCÊ O QUE VOCÊ PERMITE” 

Tem esta aqui também: 
“O PODER NÃO CORROMPE. REVELA”

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Tome mais uma:
“FUI CASADA OITO VEZES E GOSTAVA DISSO”

Declaração corajosa: 
“FIZ ABORTO VÁRIAS VEZES E NÃO ME ARREPENDO”

Elke sentindo-se liberta: 
“PERDI O TESÃO. E O HOMEM QUER TRANSAR, NÉ? MAS NÃO TENHO VONTADE, ESTOU LIVRE DOS HORMÔNIOS”

Anota pra pensar depois:
“NÃO SOU MULHER. NEM HOMEM. SOU PESSOA. AMO COMO UMA PESSOA QUE QUER VIVER MUITO O AMOR”
 

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