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Monica Lewinsky quebra o silêncio em tempos de #MeToo

Protagonista de um dos maiores escândalos da história dos Estados Unidos, ela falou a Vanity Fair sobre movimento das mulheres

Por Da Redação
Atualizado em 26 fev 2018, 15h27 - Publicado em 26 fev 2018, 15h15
 (Fernando Leon / Freelancer/Getty Images)
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Monica Lewinsky, 44 anos, manteve um caso consentido com Bill Clinton nos anos 90. Apesar disso, os fatos são: ela estava no início de seus 20 anos e ele estava na casa dos 50. Além disso, ele era seu chefe e ele era o presidente dos Estados Unidos.

Neste momento, a corda estourou do lado mais fraco. Isso serviu de lenha para manchetes de jornais e, é claro, tablóides. Mas, em 2018, ela reescreveu sua versão em um ensaio para a edição de março da Vanity Fair.

Se depois do escândalo de Clinton, ela foi empurrada para um “ano de vergonha e espetáculo”, como ela descreve, na qual ela afirma ter se sentido sozinha e abandonada – tanto pelo público como pelo próprio Clinton; o mesmo poderia ter acontecido com aquelas que quebraram o silêncio, no ano passado, para denunciar seus abusadores. Na opinião de Lewinsky, o que diferiu o destino das duas histórias foi o movimento #MeToo, pois essas mulheres não precisam mais falar sozinhas:

“Um dos aspectos mais inspiradores deste movimento recém-energizado é o grande número de mulheres que falaram em apoio umas das outras. E o volume em números traduziu em volume de voz pública. Esse aumento coletivo no nível de decibéis provou uma ressonância para as narrativas das mulheres. Se a Internet não me ajudou em 1998, hoje tem sido uma salvadora para milhões de mulheres (apesar de todos os ataques cibernéticos, ataques on-line, doxing e slut-shaming). Praticamente qualquer uma pode compartilhar sua história #MeToo e ser instantaneamente recebida em uma tribo. Além disso, o potencial de democratização da Internet para abrir redes de suporte e penetrar o que costumava ser círculos de poder fechados é algo que não estava disponível para mim naquela época. O poder, nesse caso, permaneceu nas mãos do presidente e dos seus ministros, do Congresso, dos procuradores e da imprensa”, escreveu.

Lewinsky também relatou que sofreu estresse pós-traumático após se tornar “o saco de pancadas do país”. Ela observa que não teria reconhecido o desequilíbrio de poder entre ela e Clinton, e seu lugar na história, sem o surgimento de #MeToo:

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É complicado. Muito, muito complicado. A definição do dicionário de “consentimento”? “Para dar permissão para que algo aconteça.” E, no entanto, o que o “algo” significa neste caso, dada a dinâmica de poder, sua posição e minha idade? O “algo” era apenas atravessar uma linha de intimidade sexual (e depois emocional)? (Uma intimidade que eu queria – com uma compreensão limitada de 22 anos das consequências.) Ele era meu chefe. Ele era o homem mais poderoso do planeta. Ele estava, na época, no auge de sua carreira, enquanto eu estava no meu primeiro emprego fora da faculdade. (Nota aos trolls, tanto Democratas quanto Republicanos: nenhum dos motivos acima me isenta da responsabilidade pelo que aconteceu. Eu sinto arrependimento todos os dias.)

Leia na íntegra (em inglês).

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