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Salma Hayek conta que Weinstein tentou boicotar ‘Frida’

Entre outros abusos, produtor ameaçou cancelar filme caso atriz não gravasse cena de sexo com mulher e nu frontal

Por Da Redação
Atualizado em 14 dez 2017, 13h25 - Publicado em 14 dez 2017, 13h18

“Eu questiono se não era a relação próxima que tinha com Quentin Tarantino e George Clooney que me salvou de ser estuprada”, escreveu a atriz mexicana Salma Hayek, 51 anos, no jornal The New York Times sobre o produtor Harvey Weinstein em artigo publicado na terça-feira (12). 

Logo no início do texto, ela justifica a sua demora em fazer as denúncias de assédio sexual, enquanto várias atrizes e outras profissionais do cinema se abriram em outubro sobre abusos e excessos cometidos pelo produtor. “Eu precisei confrontar a minha covardia e humildemente aceitar que minha história, com toda a importância que tinha para mim, não era mais que uma gota em um oceano de sofrimento e confusão.”

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Salma diz que sentia como se ninguém fosse se importar com a dor dela. “Talvez isso seja efeito das diversas vezes que me disseram, especialmente Harvey, que eu não era ninguém.”

Em seu relato, ela conta de sua batalha para tornar o filme Frida – do qual é protagonista e uma das produtoras – realidade. Ela queria que a história de sua conterrânea Frida Kahlo fosse retratada ao mundo de uma forma que o México não fosse estereotipado.

Salma chegou a iniciar as negociações com outra produtora, mas decidiu ir atrás da Miramax de Weinstein, famosa pela sofisticação e por topar riscos. “[A produtora era] Um paraíso para artistas que eram complexos e desafiadores. Isso era tudo que Frida era para mim e tudo que eu gostaria de ser”, escreve.

O combinado inicial foi de que Weinstein iria pagar os direitos pelo trabalho que Salma já havia desenvolvido e ela receberia um valor mínimo como atriz e nada como produtora, apesar de receber os créditos, o que ela afirma ser comum para mulheres produtoras na época. “Fiquei muito feliz em receber o ‘sim’ dele, mas eu não sabia que seria minha hora de começar a dizer ‘não'”, relata.

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 “‘Não’ para tomar um banho com ele; ‘não’ para ele me fazer uma massagem; ‘não’ para um amigo dele pelado me dar uma massagem; ‘não’ para ele me fazer sexo oral; ‘não’ para eu aparecer nua ao lado de outra mulher”, descreve entre outras situações de assédio. “E em todas ocasiões ele reagiu com uma raiva maquiavélica.”

Depois de diversas recusas de Salma, o produtor ameaçou passar o papel de Frida – pesquisado e escrito por ela – para outra atriz. “Aos seus olhos, eu não era uma artista. Eu não era nem uma pessoa. Eu era uma coisa: não uma ninguém, mas um corpo”, escreve. A atriz, então, tentou tirar o filme da produtora e Weinstein acrescentou quatro desafios para que ela seguisse como protagonista, alegando que o nome dela não era grande o suficiente para o papel.

Salma precisava que o roteiro fosse reescrito sem pagamento adicional, conseguir 10 milhões de dólares para financiar o filme, contratar um diretor de primeira e escalar quatro atores proeminentes para papéis menores. O desafio que, para ela parecia uma forma de o produtor se livrar de problemas legais, foi cumprido para a surpresa de todos, incluindo da atriz.

A partir de então, os assédios sexuais pararam, mas o produtor passou a humilhá-la de outras formas. Até o dia em que ele a disse que ela não estava transmitindo o seu sex appeal em sua interpretação e que iria cancelar o filme porque ninguém iria querer vê-lo com ela como protagonista. No entanto, fez uma exigência para que a produção continuasse: que Salma gravasse uma cena de sexo com outra mulher e fizesse nu frontal.

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“Dessa vez, ficou claro para mim que ele nunca me deixaria terminar este filme sem que ele tivesse sua fantasia realizada de uma forma ou de outra. Não havia espaço para negociação”, diz Salma. “Eu tive que dizer sim. Até agora tantos anos da minha vida tinham sido gastos nesse filme. As gravações já estavam na quinta semana, e eu convenci tantas pessoas talentosas a participar. Como eu poderia deixar magnífico trabalho deles se perder?”

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No dia de gravar a cena, Salma relata que teve um colapso nervoso. Seu corpo tremia de forma descontrolada, sua respiração ficou curta e ela não conseguia parar de chorar. Segundo ela, seus colegas de trabalho não entenderam nada, já que não sabiam de suas histórias com o produtor. “Isso não foi porque eu ficaria pelada com outra mulher. Foi porque eu ficaria pelada com ela para Harvey Weinstein. Mas eu não podia dizer isso para eles.”

O desgaste de Salma foi tanto que ela não participou da pós-produção do filme. Weinstein chegou a dizer que Frida não era bom o suficiente para os cinemas e que iria direto para venda, mas a diretora Julie Taymor o convenceu a exibir o longa em um cinema de Nova York se ele fosse testado com um público e atingisse pelo menos 80 pontos – o que apenas 10% dos filmes consegue. A nota foi 85, o que deixou o produtor revoltado, chegando a jogar objetos sobre a diretora.

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Depois de muita luta, a equipe conseguiu levar Frida para alguns cinemas e, seis meses depois, foi indicado ao Oscar em cinco categorias, incluindo Melhor Atriz.

Salma encerra seu artigo com uma mensagem de esperança. “Homens assediavam sexualmente porque podiam. As mulheres estão falando sobre isso hoje porque, nesta nova era, finalmente podemos.”

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