Eleonora Menicucci vence em 2ª instância em processo contra Frota
Ex-ministra havia sido condenada a pagar 10 mil reais por dizer que ator faz apologia ao estupro após ele mesmo ter confessado crime em programa de TV
A ex-ministra Eleonora Menicucci, 73 anos, foi processada pelo ator Alexandre Frota, 54 anos, após se referir a ele como alguém que “não só assume ter estuprado, mas faz apologia ao estupro”. Em maio deste ano, Frota venceu o processo e Eleonora foi condenada a pagar a ele 10 mil reais em indenização. No entanto, ela teve seu recurso atendido nesta terça-feira (24) e foi absolvida por 2 votos a 1, informa o G1.
Eleonora criticou, em 2016, o ministro da Educação Mendonça Filho por receber em seu gabinete “alguém que faz apologia ao estupro” como autoridade para tratar de assuntos educacionais. Ela se referia ao episódio ocorrido no início de 2015, quando Frota relatou no talk show do humorista Rafinha Bastos, na Band, o dia em que violentou uma mãe de santo.
Segundo ele, a vítima chegou a desmaiar como consequência da pressão que ele fez em sua nuca durante o ato. Veja abaixo o momento em que ele relata o crime:
Após o resultado do julgamento realizado na manhã desta terça, Eleonora comemorou dizendo que a vitória não é dela, mas de todas as mulheres brasileiras, relatou o deputado federal Paulo Teixeira, do PT, em seu perfil do Facebook. Leia o discurso:
“Essa vitória não me pertence. Pertence às mulheres brasileiras. Essa vitória foi a condenação do estupro e a absolvição das mulheres brasileiras. Essa luta saiu de mim, é uma luta das mulheres brasileiras, da sociedade brasileiras, é uma luta pela democracia, em favor da justiça social, dos direitos humanos das mulheres e a favor, sem dúvida nenhuma, de todas as mulheres. Meu mais profundo agradecimento à todas as mulheres brasileiras.
Tenho honra de ser uma mulher de 73 anos, que já viveu dois golpes nesse pais, e hoje enfrentou essa luta em nome do compromisso com as mulheres brasileiras. Eu não preciso dedicar a elas. É delas, porque foi com elas que eu aprendi a lutar.
Me sinto ainda mais comprometida com a democracia, pelo retorno do estado democrático de direito e contra o golpe que tirou a primeira mulher eleita e reeleita presidenta deste pais.
Viva as mulheres brasileiras.”
Em seu perfil do Facebook, Frota fez uma transmissão ao vivo em que disse que foi julgado por razões políticas, “por um juiz ativista e integrante do movimento gay”. E prosseguiu: “O juiz não julgou com a cabeça, julgou com a bunda. Isso gera jurisprudência”. Um de seus advogados afirma que irá recorrer no Supremo Tribunal Federal. Veja: