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Gostaria que eu tivesse levado tiro, diz avó de Rebeca, morta no RJ

Neste domingo (6), familiares e moradores protestaram em Duque de Caxias e pediram justiça pela primas Emily e Rebeca, alvejadas em frente de casa

Por Da Redação
Atualizado em 6 dez 2020, 17h50 - Publicado em 6 dez 2020, 17h44
Justiça por Emily e Rebeca
 (Instagram @movimentacaxias (Bea Domingos)/Reprodução)
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Após o enterro das primas Emily, 4 anos, e Rebeca, 7 anos, neste sábado (5), no Cemitério Nossa Senhora das Graças, na baixada fluminense, manifestantes se uniram à família e aos amigos para protestar contra a violência que pôs fim à vida das meninas na tarde deste domingo (6).

Na noite de sexta-feira (4), as duas foram alvejadas em frente de casa enquanto brincavam na comunidade Barro Vermelho, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Lídia da Silva Moreira Santos, avó de Rebeca, estava chegando na sua residência quando os tiros disparados por policias militares, segundo ela e os vizinhos contam, foram feitos na direção das meninas.

“Vocês já imaginaram a cena? Eu chegar 20h20 do trabalho, saltar do ônibus, ver a polícia parada atirando para dentro da favela, chego na casa da minha mãe e minha sobrinha tá com o cérebro no chão. Ando mais dois metros, vejo minha neta com um tiro no coração dentro do quintal da minha mãe, isso é certo?”, questionou Lídia hoje durante o ato que pedia justiça pela sua neta e sobrinha.

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Segundo as testemunhas, os PMs não teriam prestado socorro, por isso os próprios moradores as levaram para a Unidade de Pronto Atendimento de Sarapuí. No protesto, Lídia disse: “agora pergunto para a comunidade: tinha confronto na favela? Tinha alguma operação? Alguém avisou que ia ter tiro? E, mesmo se tivesse visto alguma coisa, por que parou e atirou na direção de duas crianças? Na verdade quatro, sorte que duas correram”.

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Para o Globo, Lídia contou que havia uma viatura da PM estacionada em sua rua e que dez disparos de fuzil saíram dela. Ainda segundo a avó, a mesma bala matou Emily e Rebeca.

“Se eu chego um minuto antes, também poderia ter levado um tiro nas costas, porque é o caminho que eu faço. Mas eu gostaria de coração que tivesse levado um tiro, porque não queria estar passando pela dor que estou passando hoje. Ela era minha única neta. É a única filha da minha irmã. Eu só tenho um filho e somente uma neta. Ela era bailarina”, lamentou a avó durante a manifestação.

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Em entrevista ao UOL, Ana Lúcia Alves de Souza, prima das meninas, questionou o Estado. “A gente sai pra trabalhar, pra contribuir com esse governo homicida e é isso que eles nos dão de troco, matam nossas crianças, nosso futuro. Isso tem que acabar, isso tem que parar. Até quando vão matar pessoas inocentes? Que preparação é essa que os policiais não conseguem distinguir entre adulto e criança? Não teve troca de tiros”.

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Por nota, a Polícia Militar negou a autoria dos disparos, afirmando apenas que os tiros foram ouvidos pelos agentes que patrulhavam a região. Já a Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) apreendeu cinco fuzis e cinco pistolas para analisar. Os cinco policiais militares também prestaram depoimentos. 

Com a pandemia e após a morte de João Pedro, adolescente que foi assassinado em uma operação policial em São Gonçalo no Rio de Janeiro, essas operações estão proibidas no estado do RJ desde junho deste ano por decisão do Supremo Tribunal Federal. De acordo com um levantamento da organização Fogo Cruzado sobre este anos, 22 crianças foram baleadas no estado, sendo que 8 morreram.

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