Após 38 anos de escravidão, Madalena ganha transformação no visual
Libertada em novembro do ano passado, Madalena Gordiano mudou o visual e ganhou um ensaio fotográfico para levantar a autoestima
“Nunca passei maquiagem ou pude deixar o cabelo crescer. Um dia, fiz henna no salão para deixar a sobrancelha mais cheia, mas tive medo da família que morava me julgar e achar feio, então passei água sanitária para tirar a pintura e acabei com a pele queimada”, lembra Madalena Gordiano.
Aos 47 anos, a mulher ganhou as manchetes no ano passado, quando a mídia relatou sua libertação de trabalho análogo à escravidão. Por 38 anos, Madalena trabalhou para uma família sem nenhum direito.
“Quando ganhei esse dia de cuidados, fiquei muito feliz. Fiz hidromassagem, pintaram minha unha, passei maquiagem e usei batom vermelho. Eu tinha muito medo de usar, achava que ficaria feio ou e que eu seria julgada. Mas amei me ver maquiada no espelho”, diz.
A ocasião especial foi um presente da micropigmentadora Graziela Alvarenga, 35, que soube do caso de Madalena na reportagem do Fantástico e depois acompanhou pelo perfil do Instagram @expondocasoescravo. Na rede social, descobriu que Madalena era vaidosa e gostava de se cuidar.
“Quando vi o post, conversei com a minha nora e um amigo fotógrafo para peguntar se topariam entrar nessa ação comigo. Eles aceitaram na hora. Minha nora preparou o café, eu e minha equipe cuidamos de toda parte estética dela. Depois, em outro dia, registramos tudo em fotos”, conta Graziela, do salão Selma Cabelo e Estética, em Uberaba, Minas Gerais.
Alvarenga ainda conta que toda atitude foi gratuita e que o principal objetivo era levar alegria para Madalena. “Quero que a minha atitude inspire outras pessoas a também fazer algo pelo próximo. Beleza também é importante para ajudar encarrar a vida, temos que estar bem de dentro para fora, o que desejo para ela agora é sucesso e vida nova.”
Felipe dos Santos, o fotógrafo amigo de Graziela, havia lido sobre o caso de Madalena em CLAUDIA. “No começo, ela estava tímida, mas fomos brincando, aquela coisa de mineiro, que é bem receptivo. Ela só quis esperar a chegada dos apliques de cabelo dela, que vieram de uma doação do Paraná”, explica o fotógrafo.
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