Tendência: quiet luxury é aposta dos mais ricos
Conversamos com Miguel Crispim sobre estética que prefere itens menos chamativos e é símbolo de luxo
Quiet luxury é a trend do momento! Prova disso é que, nas mais recentes passarelas de prêt-à-porter e alta-costura, quem chamou a atenção foram as marcas que escolheram a direção oposta aos excessos, além de nomes como Gisele Bündchen roubando a cena através de produções simples. Em um mundo refém das redes sociais, onde desfiles são feitos para espetacularizar na internet e as pessoas vestem mais logos do que roupas, parece uma resposta afrontosa da moda.
O que é quiet luxury?
O quiet luxury é a estética que privilegia peças de luxo minimalistas, que não contam com extravagâncias visuais, segundo Miguel Crispim, especialista em moda e fashionista. Basicamente, só quem entende de moda ou está inserido em um contexto social rico sabe que elas são de grifes. “A logomania comunica ‘você sabe quem eu sou?’ enquanto o quiet luxury transmite ‘se você conhece, você sabe'”, diz o profissional. Embora apareça agora com intensidade, sua origem é marcada pela França do século 18 e pela Era Dourada dos Estados Unidos no século 19.
Qualidade, durabilidade e elegância são as principais características dessa moda, que prefere cores sóbrias e recortes com acabamento impecável, feito pelos melhores profissionais da indústria fashion. Poucas estampas e menos misturas de cores também são vistos, inclusive há grandes apostas no monocromático para gerar sofisticação. “Peças de quiet luxury podem ser consideradas tanto um produto quanto uma obra de arte.”
“As marcas de luxo estão buscando a discrição para manter o seu público e atrair consumidores que escolhem os itens pela qualidade e design, e não pela logo”, contextualiza. O objetivo é diferenciar seus clientes do restante, que já tem acesso a produtos extravagantes facilmente.
“Com a internet, existe uma explosão de informação, além da grande exposição de looks e da tentativa de ostentar por meio da logomania.” Bolsas da Prada, conjuntos da Fendi e tênis da Balenciaga são exemplos do recente sucesso de itens com logo. “Junto a isso, veio a fabricação de produtos falsos que chegam quase perto da perfeição, com a aparência muito próxima dos originais, o que contribuiu para a desvalorização das peças, pois a exclusividade que esses consumidores procuram é perdida.” Ao falar em alta costura, é mais difícil haver falsificação, porque não há como copiar o ótimo acabamento da peça, por exemplo.
Como fazer parte do quiet luxury?
“Existem marcas que prezam pela qualidade, mas o quiet luxury surge no luxo, com custo elevado, que nem todas as pessoas têm como pagar”, lembra Miguel. Uma alternativa é buscar empresas nacionais que prezam pela estética mais “clean”, mais sofisticada. Use e abuse da cartela de cores neutras, além de modelagens mais elegantes.