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Descubra a origem curiosa da seda (e como é produzida)

A seda se mantém como sinônimo de sofisticação e atemporalidade – e fui conhecer a cidade na Turquia que é responsável por essa tradição

Por Renata Brosina
17 dez 2024, 17h00
De onde vem a seda
Entenda de onde vem um dos tecidos mais nobres da indumentária  (Sébah&Joaillier, Renata Brosina e Getty Images/Divulgação)
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Lembro que a primeira vez que ouvi falar sobre a cidade de Bursa foi durante uma visita ao Lesage, ateliê especializado em bordados e na confecção de tweed em Paris. A segunda vez foi três dias mais tarde em uma das salas da Lognon, casa conhecida há mais de cento e cinquenta anos pelo know-how único de pregas e plissados.

Ambos os ofícios, tradicionais na cultura da moda francesa, se mantêm vivos graças à criação do Métiers d’Art, da Chanel, e seguem como base não apenas das criações sublimes da Alta Costura, mas do prêt-à-porter de marcas francesas e internacionais.

No entanto, o que me impressionou foi a coincidência de escutar sobre uma cidade turca — para mim até então inédita — em ambientes que respiram a sofisticação do savoir faire da moda europeia em um intervalo tão curto. Na verdade, os elogios tecidos pelas artesãs estavam relacionados às origens da matéria-prima mais preciosa dos respectivos ateliês: a seda.

Há quem diga que a descoberta do fio de seda está relacionada a um episódio acidental — ocorrido em 2600 a.C, na China. Durante o chá da tarde da imperatriz Leizu, um casulo do bicho-da-seda caiu de uma amoreira, sob a qual estava sentada, em sua xícara. Lentamente, a água quente começou a amolecer as fibras, que envolviam a estrutura construída pela lagarta, e revelar fios brilhantes, finos e macios.

A partir desse contato com o material, Leizu imaginou que era possível reunir várias longas fibras como essa para criar um tecido com toque suave e acetinado. Até 500 d.C, o país guardou a sete chaves o segredo da produção da seda, tão desejada pelos Impérios Romano e Grego, além do antigo Egito e Pérsia. Entretanto, foi durante a contratação de monges pelo Imperador Bizantino que os ovos de bicho-de-seda foram contrabandeados e chegaram a Constantinopla, onde atualmente é Istambul – levando, assim, a sericultura ao Ocidente.

Bursa fica, aproximadamente, a duas horas de Istambul em uma viagem de carro. Além de manter seu status de ponto de partida da Rota da Seda, a primeira capital do Império Otomano mantém suas tradições, seja nas construções históricas, seja no incentivo à produção local.

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No caso do Koza Han, um tradicional caravançarai construído de 1491, os costumes seguem semelhantes ao do seu primeiro dia. Ainda que não abrigue mais camelos exaustos após semanas de viagens, o complexo abriga lojas que vendem tecidos e itens feitos de seda.

Perto de lá fica o Centro de Produção e design de seda Umurbey, espaço que, além de mostrar o passo a passo da extração do fio do casulo ao processo de tecelagem da seda, abriga um programa social do município de Bursa para incentivar mulheres a aprenderem tanto a produção do tecido quanto a arte da tapeçaria – tudo com os fios brilhantes e sedosos. Foi ali que acompanhei as etapas da extração do fio do casulo à realização do tecido.

Assim como na China antiga, a água quente é o ponto de partida para soltar essa fibra extremamente fina, quase é transparente. Ainda dentro de um processo artesanal, o fio é preso em uma máquina, que, em velocidade, extrai e reúne uma série deles em uma estrutura de roda. Antes de chegar aos balaios de casulos, as lagartas do bicho-de-seda têm um ciclo de vida que dura entre 26 e 27 dias. Durante esse período, ela é alimentada com folhas de amoreira – e seu apetite é forte.

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Chanel lesage savoir-faire (Anne Combaz/Divulgação)
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É justamente essa característica, de comilona, que gera o acúmulo de seda líquida em suas glândulas, o que, mais tarde, é responsável por mudar a sua cor para âmbar. Mas não só. Graças ao excesso de seda, a lagarta passa a construir a casa do seu casulo com cerca de 1,4 quilômetros (sim!) de fios de seda longos enrolados. Antes de se transformar em borboleta, o processo é interrompido pelos produtores de seda para não danificar a configuração do fio – e deixá-lo em perfeitas condições para uso completo.

Ainda que tenha surgido há milênios, ainda não há uma substituta para sua textura e seu efeito acetinado. Na música “Maria”, da banda norte-americana Blondie, ela é mencionada em uma comparação “Smooth as silk” (em português “macio como seda”).

Já na beleza, a Hermès reproduziu as listras finas em filigrana do seu icônico twill de seda na estrutura do blush compacto Rose Doré. Apesar de a Turquia não ser o único país responsável pela produção do tecido nos dias de hoje, e de ter uma grande competitividade com a Índia e China, caminhar pelas ruas de Bursa e ver o quanto a cultura local faz reverência a um dos seus maiores tesouros é impressionante. Sem falar na experiência de poder respirar, a convite da Turkish Airlines, esses ares ancestrais e carregados de história.

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