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Africa Plus Size Brasil celebra a beleza das mulheres negras e plus size

As passarelas nunca mais serão as mesmas. Mulheres plus size e negras estão chegando para fazer barulho no mundo da moda.

Por Silvio Carvalho
Atualizado em 21 jan 2020, 19h42 - Publicado em 18 ago 2015, 15h00
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Misturas étnicas, diversidade cultural, liberdade e respeito. Quando pensamos em uma sociedade democrática facilmente interligamos todos estes conceitos e formamos uma equação, que poderia resultar na palavra oportunidade. Diante deste resultado podemos levantar a seguinte questão: será que essas oportunidades acontecem em todas as esferas da sociedade? Há quem diga que sim, mas o fato é que existe uma grande parcela da população que, por não atender aos “padrões”, vive às margens da sociedade e, muitas vezes, sequer é notada. 

O mundo fashion é um dos maiores ditadores de padrões em nossos dias. A maior parte das modelos bem sucedidas, por exemplo, é alta, magra e branca. Esse padrão não corresponde à mulher brasileira, que, em sua grande maioria, é negra ou parda e cheia de curvas. Com tantas regras e preconceitos torna-se  difícil para uma mulher negra alçançar sucesso nas passarelas. Se estiver acima do peso então, as chances se tornam ainda menores.

Visando mulheres reais, que participam ativamente da economia do país, que estão acima do peso, e que são lindas mesmo fora dos padrões, Luciane Barros, 33, criou o Africa Plus Size Fashion Week BrasilO projeto nasceu em 2013, apenas na internet, e, conforme chamou a atenção das consumidoras, saiu do virtual. 

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Hoje, o Africa Plus Size realiza eventos que movimentam o mercado de moda, trazendo tendências de consumo e abrindo espaço para mulheres que antes eram marginalizadas no mundo fashion. Além de criar uma plataforma multicultural voltada às questões étnicas e sociais, o projeto também ajuda a melhorar a autoestima das mulheres. “A partir de 2016 realizaremos desfiles acompanhando os calendários oficiais da moda. Quando houver a São Paulo Fashion Week também haverá Africa Plus Size Fashion Week Brasil mostrando tendências étnicas confeccionadas por estilistas talentosos que trabalham neste ramo”, conta Luciane Barros.

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Ela iniciou sua carreira de modelo aos 29 anos, quando participou do primeiro concurso Garota GG do Carnaval de São Paulo, em 2011. Mesmo antes de sua carreira decolar, Luciane Barros questionava os padrões da moda desenvolvida para as mulheres plus size, pois tinha dificuldades de encontrar roupas que a representassem. “Queria peças com estilos modernos, contemporâneos. Geralmente a moda era mais para senhoras e não me atendia”, conta. Com o tempo, foi percebendo que havia um número considerável de consumidoras insatisfeitas e um mercado muito pouco explorado. Algumas marcas já faziam coleções, porém eram poucas. O mercado não via a mulher plus size como potencial consumidora de moda. Assim, aquelas que não cabiam no tamanho padrão ficavam de fora das novidades. Uma outra questão que também incomodava a modelo era o o fato do mercado não dar espaço para mulheres negras. “Se a modelo branca plus size já tem dificuldades em se firmar na carreira, que dirá uma modelo negra”.  

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No próximo dia 22, o Africa Plus Size estará presente na Mostra de Criadoras em Moda: Mulheres Afro-latinas, no Sesc Interlagos, e será representado por 7 modelos. Jéssica Ipólito, 23, desfilará pela primeira vez e representará a força da mulher negra plus size nas passarelas. Ela conta que o mercado ainda tem muito preconceitos. “Você precisa criar mecanismos como essa mostra para evidenciar que existem mulheres negras que fazem e consomem moda. O mercado é excludente. Esse é um momento muito bacana para nós. Essa mostra pode servir de exemplo para que todos percebam que há riqueza na diversidade e que ela não pode ser descartada. Há uma pluralidade de cor, de cabelos, de pensamentos e comportamentos nesses país  e unir todas essas mulheres numa mostra é muito importante”.

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Josiane Lira, 34, que participa ativamente do projeto, tinha sérios problemas de baixa autoestima, por causa do seu peso. Nessa época, a mãe de Josiane descobriu que existiam concursos de Miss que premiavam mulheres plus size. “Eu não estava bem resolvida comigo, mas me interessei pelo assunto, pois lá tinham pessoas que buscavam apoio para se sentirem mais felizes”. Foi a primeira vez que Josiane teve contato com o universo plus size, e se inscreveu para o Concurso Musa do Verão, realizado na feira de São Cristovão. “Eu não ganhei, mas ele me abriu muitas portas. Foi minha grande descoberta. Fiz matérias, fui chamada para muitas reportagens, apareci na televisão. Fiz trabalhos, desfiles e até ensaios fora do país”, conta. 

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Leia também: Modelo plus size transexual estreia na passarela e promete quebrar paradigmas

Sua carreira decolou em 2013, quando decidiu participar do concurso Miss Plus Size Carioca. Ela ficou entre as 12 finalistas e foi a primeira ganhadora em duas categorias: o de Miss Carioca e Miss Simpatia. 

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Josiane conta que o mercado de modelo plus size ainda é muito sacrificado, e normalmente as marcas não querem pagar os mesmos cachês que pagam para uma modelo magra e branca. “Eles querem que você desfile em troca de roupas, divulgação ou em troca de alimentação e passagem. Queria que pagassem o justo. A modelo plus size é igual a uma modelo magra. Ela tem dívidas, tem filhos, tem família!” 

Em 2013, outro sonho de Josiane se realizou. Ela foi a primeira mulher plus size a desfilar como passista  em uma escola de samba carioca. “Depois que superei meu medo, minha insatisfação, vejo que hoje sou diferente, sou muito feliz. Com 118 quilos consigo fazer a mesma coisa que uma pessoa de 70. Tenho ótima qualidade de vida, faço caminhadas, sou Miss Plus Size Carioca, sou Miss Simpatia, sou passista Plus Size da Grande Rio e também sou modelo. Sou uma pessoa bem resolvida. Todos os dias quando acordo meu lema é: ‘que a felicidade vire rotina’!”

 

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