Novo livro de Glennon Doyle chega ao Brasil após sucesso entre americanas
Em "Indomável", ela conta como percebeu que passara a vida atendendo às expectativas alheias. Livro se tornou um guia para estrelas como Reese Witherspoon
Superar a bulimia, que a afligia desde a adolescência, e a compulsão para álcool e drogas, antes de construir uma família feliz com o marido e os três filhos, foram episódios de uma história pessoal forte, que, ao se tornar enredo de um livro em 2013, garantiu sucesso à americana Glennon Doyle, 44 anos.
Em meio às turnês literárias, em que fazia discursos para uma audiência majoritariamente feminina, além de arrecadar fundos para sua organização filantrópica, ouviu do companheiro a revelação de que ele a traía repetidamente. Ela encarou a situação, tratou-a e atingiu nova redenção. Com o relacionamento mantido, escreveu sobre o episódio em Somos Guerreiras (Intrínseca), em que reforçava que a vida, apesar de difícil, daria certo no fim.
Tempos depois, contudo, se decepcionaria consigo mesma ao constatar que a narrativa que ela orgulhosamente publicara havia ruído, ela não estava feliz com a vida que levava. Considerando-se uma fraude, Glennon passou a se perguntar se tinha apenas cumprido um roteiro predeterminado. Em seu novo livro, Indomável (Harper Collins), que chega às prateleiras brasileiras neste mês, ela se aprofunda nesse período de revolução interna, que se tornou inevitável após tantos questionamentos. Sua conclusão foi de que, por toda a vida, seguira aprovações e escolhas externas, preferindo procurar respostas para problemas da própria vida no Google a decidir por si mesma. Mais do que isso, entendeu que esse condicionamento agredia o gênero feminino de modo praticamente irrestrito. “Coletivamente, estamos percebendo que nossos trabalhos, casamentos e governos não nos atendem. Por muito tempo, aceitamos que deveríamos ficar satisfeitas com o que nos cabia porque tínhamos vergonha de exigir. Agora, vemos que ‘bom o suficiente’ não é o bastante. Queremos mais”, afirmou Glennon a CLAUDIA.
Ao tratar da necessidade de se encaixar e do sentimento de culpa quando se foge à norma, situações que afligem tantas de nós, o livro de Glennon ganhou a cabeceira de estrelas como a atriz Reese Witherspoon, que indicou o título em seu clube de leitura em abril, a cantora Adele e Elizabeth Gilbert, autora do best-seller Comer, Rezar, Amar. Com esse aval, chegou ao ranking dos mais vendidos nos Estados Unidos.
Para Glennon, o ponto de ebulição para sua personalidade selvagem, que vinha sendo controlada, foi confrontar a própria sexualidade aos 40 anos, quando se apaixonou pela jogadora de futebol Abby Wambach, hoje sua esposa. Na época, ela ainda era casada com um homem, mas sentia repulsa das aproximações e tentava se apagar completamente durante as relações sexuais. Contando isso para a psicóloga do casal, ouviu que essas sensações não eram reais. Negar, porém, não parecia mais fazer sentido. “Incluí isso nas revisões que eu já vinha fazendo. Agora, noto que a vida é refeita constantemente. Espero daqui a dez anos estar vendo uma versão completamente nova de mim”, diz Glennon.
“Por muito tempo, aceitamos que deveríamos ficar satisfeitas com o que nos cabia porque tínhamos vergonha de exigir. Estamos vendo que ‘bom o suficiente’ não é o bastante”
Glennon Doyle
Com essa percepção, a americana passou a “ressuscitar as mesmas partes que fora treinada a esconder e abandonar de modo a manter os outros confortáveis”, conforme escreve. Essas partes, que ela sugere buscar como endereços para encontrar liberdade, seriam as emoções, a intuição, imaginação e coragem. A começar por não rejeitar o que sentimos, não querer saltar imediatamente da dor e do sofrimento para sentimentos de felicidade. “Há tipos diferentes de dor, como a que vem quando você perde amores ou planos ou quando você está vivendo de coração aberto e correndo riscos, mas existe também a dor de quem tem medo de viver como gostaria, de quem se abandona. Essa não podemos ter.”
Para Glennon, devemos compreender essas fases como estágios para encontrar o que realmente desejamos, saindo das incertezas. Porém, como descobrir quem somos após tanto tempo ignorando nossas vontades? “Quando meninas, aprendemos que não deveríamos querer. Agora, temos que, todos os dias, desligar as ‘vozes’ ao nosso redor e pensar sobre nós mesmas para nos ouvir”, recomenda. No caso de Glennon, o hábito começou fisicamente, com ela se trancando diariamente em um armário para se distanciar da rotina. “Em vez de pensar no que quer, tente projetar aquela que seria a realidade mais verdadeira e bonita para você. Ao se confrontar com uma questão, pare e reflita, sem interferências, sobre o que de fato importa e até onde a coragem é capaz de levá-la. As mulheres precisam confiar em si mesmas, em suas emoções, e se permitir imaginar mais.”
O livro já está disponível na Amazon e em outras livrarias.*
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