Pandemia pode resultar em 10 milhões de casamentos infantis a mais
Esforços da UNICEF das últimas décadas estão em risco devido à pandemia da Covid-19
A luta contra os casamentos infantis está sob ameaça. De acordo com a UNICEF (Fundo da Nações Unidas para Infância), 10 milhões de casamentos infantis a mais podem ocorrer até o final da década por conta da crise gerada pela pandemia de coronavírus.
Desde que o Fundo começou a fazer intervenções milhões de casamentos com crianças foram evitados. Mesmo antes do surto, 100 milhões de meninas corriam o risco de se casar antes dos 18 anos até a próxima década. Na última década, a proporção de mulheres com menos de 18 anos que se casaram diminuiu 15%, o que equivale a 25 milhões de casamentos a menos.
O casamento na juventude pode prejudicar as mulheres em diversos aspectos como: isolamento da família, amigos e participações da comunidade onde vivem, prejuízo à saúde mental e ao bem-estar, aumento de casos de gravidez precoce ou indesejada, complicações e mortalidade materna. As meninas que se casam também podem acabar saindo da escola sem terminar os estudos e estão mais propensas a serem vítimas de violência doméstica.
O texto publicado na segunda-feira (8), Dia Internacional das Mulheres, intitulado como “Covid-19: A threat to progress against child marriage“, (Covid-19: Uma ameaça ao progresso contra o casamento infantil), fala sobre o impacto do fechamento das escolas, estresse econômico, interrupções de serviços, gravidez e morte dos pais devido à pandemia, o que coloca meninas mais pobres em risco de casamento precoce.
No mundo, 650 milhões de meninas e mulheres vivas hoje se casaram antes de completar 18 anos, metade dessas cerimônias acontecem em: Bangladesh, Brasil, Etiópia, Índia e Nigéria. A meta de acabar com essa prática até 2030, sugerida na lista de objetivos de desenvolvimento sustentável, pede que as ações tomadas sejam aceleradas, já que a pandemia tem tido impacto forte na vida dessas meninas.
Para Henrietta Fore, diretora executiva do UNICEF, o Dia Internacional das Mulheres foi o momento chave para lembrar de meninas que são obrigadas ou influenciadas a se casarem antes dos 18 anos. Se ações de emergência não forem tomadas em relação ao problema, elas podem perder a oportunidade de estudar, ter um futuro e qualidade de vida.
Henrietta ainda diz que o fornecimento de ações de educação sobre saúde sexual e reprodutiva para essas garotas, e de medidas de proteção social abrangentes às famílias podem evitar que as meninas tenham seus sonhos e vida roubados pelo casamento infantil.