Dan Stulbach: “Gosto de relações verdadeiras, conversas sinceras”
Em conversa com nossa redatora-chefe, o ator falou sobre a nova novela das 21h, que já começou a ser gravada. Confira!
Ele chegou alguns minutos antes do combinado, cumprimentou do sushiman ao gerente – e uma amiga, sentada na primeira mesa. “Almoço fora quase todos os dias, em geral sozinho, e escolho restaurantes de que gosto para voltar muitas vezes. Então nem olho o cardápio. Este é um deles.” O Sushi Papaia fica bem em frente à Praça Vilaboim, em Higienópolis, bairro onde o ator paulistano, de 47 anos, cresceu, estudou, trabalhou e morou por boa parte da vida – agora com a mulher e os dois filhos pequenos. Mas sobre eles Dan não fala. “Minha vida pessoal é minha, não interessa ao trabalho. Para mim, é fundamental voltar para casa, para os amigos e ter um mundo à parte da minha carreira.”
Falamos, então, sobre seus vários papéis enquanto o sushiman preparava o combinado que o ator pedira para nós – “Ele pode fazer o que quiser”, avisou ao garçom. A estreia do filme O Vendedor de Sonhos (baseado no livro de Augusto Cury), que ele protagoniza, acabara de acontecer. Na semana seguinte ao nosso encontro, Dan começaria a gravar a nova novela das 21 horas, A Força do Querer, de Glória Perez, que tem lançamento previsto para abril. Nela, viverá Eugênio, marido de Joyce (Maria Fernanda Cândido) e pai de um transexual. “Gosto do trabalho que transcende para o social e o educacional.” Será sua primeira novela da Globo desde a saída do CQC, da Band, em 2015.
Com o retorno ao Projac, a rotina muda. Ficará de segunda a sexta- -feira no Rio de Janeiro. De sexta a domingo, voltará para São Paulo, para a peça Morte Acidental de um Anarquista (há quase dois anos em cartaz, migra para o teatro Tuca), para os amigos e para a família. Volta também para suas plantas, suas revistas de decoração – “Leio todas” –, o Playstation eventual e as galerias de arte, que adora visitar.
“Foi naquele banco (aponta pela janela) que contei para o meu pai que tinha voltado para o teatro e não viajaria com a família para a Polônia.” Era o final dos anos 1980, e aquela seria a primeira viagem da família (Dan tem uma irmã mais nova) para a terra de onde os pais haviam partido no meio da guerra. “Todos me odiaram.” A expectativa familiar era de que, saído do tradicional Colégio Rio Branco, também ali perto, o primogênito, bom aluno, seguisse uma carreira mais convencional. Dan até tentou corresponder: prestou vestibular para engenharia, medicina e administração de empresas. Acabou fazendo, ao mesmo tempo, comunicação social na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e Escola de Artes Dramáticas na USP. Só acabou a primeira, mas foi a carreira de ator que o arrebatou. “Uma das coisas que me dão mais tesão é uma boa cena, com um ator ou atriz que olha você no olho; ver que as pessoas saíram felizes e modificadas de uma peça sua.”
Com quase 1,90 metro de altura e claríssimos olhos azuis, Dan não se intimida com as pessoas ao nosso redor no restaurante. Fala alto, provoca, ri pouco. “Gosto de relações verdadeiras, conversas sinceras.” E foram elas que ele levou para o rádio – com Fim de Expediente, um bate-papo com amigos – e para a ESPN. No Bola da Vez, ainda trata de outra paixão, o futebol (é corintiano fanático). Naquela tarde, aliás, gravaria com o comentarista Walter Casagrande e precisou sair correndo – não sem antes reclamar que eu pagaria a conta. “Pode escrever o que quiser que eu não vou ler. Não leio nada que sai sobre mim nem assisto nada que faço”, avisa.