Ana Paula Valadão pode responder a processo por declaração homofóbica
Em vídeo viralizado nas redes, cantora gospel diz que HIV é um castigo ligado à homossexualidade e afirma que "aliança do casamento" evita o contágio
Ana Paula Valadão causou polêmica após fazer declarações homofóbicas no Congresso Diante do Trono, em 2016. Um vídeo da ocasião viralizou nas redes sociais no último sábado (12) e mostra a cantora gospel declarando que ser gay “não é normal” e que a AIDS é um castigo aos homens gays por terem “pecado”. Após a repercussão do caso, a Aliança Nacional LGBTI+ anunciou que irá processá-la por crime de LGBTfobia.
“Muita gente acha que isso [homossexualidade] é normal. Isso não é normal. Deus criou o homem e a mulher e é assim que nós cremos. Qualquer outra opção sexual é uma escolha do livre arbítrio do ser humano. E qualquer escolha leva a consequências”, começou Ana Paula.
Em seguida, ela usa a Bíblia para justificar sua afirmação. “A Bíblia chama qualquer escolha contrária ao que Deus determinou de pecado. E o pecado tem uma consequência que é a morte”, argumentou. Ela exemplifica o HIV como um exemplo da consequência da homossexualidade. “Tá aí a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte e contamina as mulheres, enfim… não é o ideal de Deus”, disse.
Por fim, ela ainda afirma que “o único sexo seguro”, ou seja, que não transmite doenças e infecções, “é a aliança do casamento”. Essa declaração também é grave, pois vai contra diversos estudos que apontam para a incidência de transmissão de HIV entre pessoas casadas.
Assista, abaixo, a partir do minuto 56:35, o trecho do evento que viralizou nas redes sociais:
Aliança Nacional LGBTI+ irá processar Ana Paula Valadão por homofobia
Após a repercussão do caso, a Aliança Nacional LGBTI+ anunciou, em nota oficial, que entrará com um processo contra Ana Paula Valadão por crime de LGBTfobia.
“O discurso de Ana Paula beira ao absurdo, extrapolando a liberdade religiosa e de expressão, tornando-se um discurso odioso, fanático e amplamente desproposital, com consequências potencialmente desastrosas, principalmente para quem a segue”, diz um trecho da nota. “Nos encontraremos nas barras da lei – a lei dos homens e das mulheres. Não se deve acreditar em um Deus como este pregado pela apresentadora, que espalha preconceitos, estigmas e ódio! Se a sua exegese e hermenêutica são essas, as nossas são os artigos 3º e 5º da Constituição Federal cidadã de 1988″, continua.
Em entrevista à Carta Capital, Marcel Jeronymo, advogado e coordenador da Aliança, afirmou que Ana Paula “ao associar o HIV à comunidade LGBTI, comete o mesmo equívoco daqueles que quiseram ligar a pandemia do coronavírus à China.”
A apresentadora Xuxa também se posicionou sobre a declaração da cantora, dizendo que o comportamento dela deveria revoltar qualquer pessoa.
“Isso não pode ser uma briga ou uma decepção só pra quem é LGBT, não podemos e não devemos tolerar mais preconceito, discriminação e desamor em nome de Deus, quem concorda com essa senhora saiba que é crime, e guarde sua falta de amor ao próximo pra você”, escreveu Xuxa no Instagram.
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