Os impactos do trabalho híbrido e flexível na maternidade
Claudia Woods, CEO do WeWork, conta como está fazendo para dar mais espaço para a maternidade no mercado de trabalho
Com a pandemia da COVID-19, muitas empresas implementaram modelos de trabalho home-office para garantir a segurança e a saúde de seus funcionários. No entanto, essa mudança perdurou até os dias atuais, quando muitas empresas adotaram o modelo de trabalho híbrido. Esse novo padrão afetou significativamente as mães que trabalham: o trabalho flexível passou a contribuir com a maternidade. Depois de mais de três anos de debates sobre os efeitos potenciais dos modelos de trabalho flexíveis na eficiência dos funcionários, estudos recentes estão começando a validar não apenas o aumento da qualidade da produtividade e da inventividade, mas também os benefícios positivos para a saúde mental.
Em pesquisa, a WeWork, companhia de coworking, concluiu que 91% das mulheres afirmam que modelo híbrido é “muito importante” e que a modalidade permite acompanhar o desenvolvimento dos filhos, equilibrar a rotina pessoal com a das crianças e cuidar deles quando estão doentes. Por isso, conversamos com Claudia Woods, CEO da WeWork na América Latina, para entender a relação entre a flexibilidade de trabalho, maternidade e saúde mental.
Ela e a B2Mamy, socialtech que conecta mães e mulheres em uma comunidade, se juntaram para aumentar o incentivo de negócios protagonizados por mães e mulheres em geral: as mais de 100 mil mulheres que fazem parte da B2Mamy poderão reservar gratuitamente espaços de trabalho em qualquer unidade da WeWork e nos mais de 400 coworkings parceiros da marca.
“Eu acredito que a próxima geração de mães já vai ter uma aderência no mercado de trabalho muito maior. No WeWork, a gente tem 57% de mulheres na liderança. E é um desafio diário poder manter esse número nesse patamar”, diz a CEO.
Ela conta que o trabalho híbrido e o home office dão a garantia de que a mulher poderá ter mais convivência com o crescimento de seus filhos, e que se antes a maternidade era uma questão decisiva para sair do emprego, hoje em dia não existe mais a abdicação de um pelo outro.
“Eu sempre falo para as minhas funcionárias que o pior dia na vida de uma mãe é o dia que ela volta da licença. Porque ela está há seis meses em casa, e de repente ela passa o dia inteiro fora, depois desse tempo completamente grudada com o filho”, salienta Claudia, contando sobre a dor de muitas mulheres. “A flexibilidade nesse momento tem um papel extremamente importante. Ela permite que esse momento seja muito menos traumático, que você possa voltar aos poucos”, acrescenta.
Woods ainda enfatiza que a amamentação também é impactada por essa mudança de rotinas. “Na pesquisa recente que a gente acabou de fazer, as mães citam a amamentação especificamente como uma coisa muito positivamente impactada pela flexibilidade. Isso porque você pode manter o ritual por mais tempo.”
Além disso, o tema saúde física, bem-estar e wellness também é muito abordado pela Chief Executive Officer do coworking. “A gente tem que entender que o escritório tem que virar um lugar diferente, ser um lugar que vai acolher. Hoje temos uma parceria com uma academia de fazer ginástica em 20 minutos. Ou seja, tudo isso começa a ser repensado, porque a ida para o escritório tem que ser um uma uma solução, e não mais um ‘Putz, hoje eu tenho que pegar o metrô 2 horas para chegar lá’. Aquilo tem que trazer outros atributos e, para mim, é um ótimo exemplo de como a gente tá conseguindo também olhar para o nosso negócio com a mente super aberta e ressignificá-lo.”
Falar sobre saúde mental dentro dos escritórios deve ser enfatizado em todas as companhias: horários abusivos, demandas exaustivas e a sobrecarga do funcionário não devem ser normalizados. Claudia brinca que ela faz questão de deixar a equipe confortável com a transparência em sua flexibilidade de horários quando ela mesma anuncia que está saindo no meio do expediente para fazer companhia para seu filho.
“Quando eu vou ver o jogo de futebol do meu filho, falo bem alto no escritório: ‘Gente estou saindo para ver o jogo’, no sentido de ‘se ela que é a CEO da companhia se sente confortável levantando e falando que tá saindo do escritório para ver o jogo do filho dela, isso é porque eu também posso me sentir confortável fazendo a mesma coisa’.”
Ela ainda conta que um projeto para o futuro é trazer espaços voltados para saúde mental dentro do espaço de trabalho compartilhado. “A gente tem hoje um benefício de auxílioterapia dentro da companhia. Estamos trabalhando com algumas iniciativas para trazer para dentro do escritório espaços que possam ser muito claramente designados pra saúde mental.”
Conselho de mãe e CEO
Woods trouxe um conselho importante para que todas as mulheres engajadas no mercado de trabalho ou empreendedoras, se sintam poderosas dentro da maternidade e na rotina.
“O conselho mais valioso sem sombra de dúvidas é criar 7 metas realistas para a sua maternidade da mesma forma que você encara as metas que você tem no trabalho. E faça delas metas atingíveis”, recomenda. “Eu realmente acredito que isso traz tranquilidade para as crianças também. Elas precisam de rotina, precisam de previsibilidade, e quanto mais você conseguir traçar essa meta de uma forma que você fique em paz com o seu papel, como mãe, mas ao mesmo tempo você traga essa segurança para as crianças, melhor”.