Edição especial do SLAM BR 2021 traz batalhas e oficinas online
Estão programadas atrações online como mesa de debate, exibição de filme, oficinas e uma masterclass com o escritor Marcelino Freire
Ocorrendo há 13 anos no Brasil, o Zona Autônoma da Palavra (ZAP! SLAM) é inspirado nos campeonatos de poesia falada dos Estados Unidos e foi trazido para cá por Roberta Estrela D’Alva, que se encantou com esse tipo de competição ao visitar o país em 2007.
No começo só existia aqui no Brasil o ZAP! SLAM, depois o SLAM começou a crescer em São Paulo, assim criamos o SLAM SP para fazer um campeonato entre os grupos de batalha da região, quando se espalhou mais pelo País, nasceu o SLAM BR que é feito com todas as comunidades do Brasil”, explica Roberta.
SLAM são competições acirradas e aqui no Brasil ocorrem originalmente nas ruas para aproximar as pessoas da cultura. Os poetas recitam seus textos autorais, com rima e performances, que são julgados por uma plateia. As disputas são presenciais e online, o que difere as duas é o calor humano na opinião de Roberta. “Na edição anual em 2020 sentimos muita falta do público presente fisicamente conosco. A interação online é muito bacana, mas não se compara a ter as pessoas com a gente “, diz a organizadora do evento SLAM BR online, que será de 4 a 7 de março de 2021, totalmente gratuito, em uma edição especial.
O SLAM BR tradicional é realizado todo final de ano e reúne os ganhadores das batalhas estaduais em uma grande competição nacional. Em 2021 será realizada uma edição da qual participam os campeões e campeãs das seis edições do SLAM BR, além de campeões do SLAM SP e ZAP! SLAM. Todos eles foram representantes do Brasil na Coupe Du Monde de Slam (Copa do Mundo de SLAM), que ocorre anualmente na França.
Na quinta-feira, 4, das 14h às 16h, está marcada a oficina SLAM e performance, com a organizadora Roberta Estrela D’Alva, que irá trabalhar nos participantes noções básicas sobre o poetry slam tendo a performance poética como foco, em seus aspectos narrativos e teatrais. A ideia é praticar por meio de exercícios de percepção que explorem a relação do texto escrito com a fala e a postura cênica do corpo.
No mesmo dia à noite, das 20h às 22h, haverá a Masterclass com o escritor Marcelino Freire. Trata-se de uma aula show, em que ele dará dicas bem humoradas à nova geração de poetas, a partir do seu último livro Bagageiro.
Na sexta-feira, 5, das 14h às 16h, terá uma segunda oficina de SLAM e escrita com Claudia Schapira. A profissional falará da criação de texto, partindo de sua relação com o depoimento pessoal e as histórias de vida de quem escreve. Exercícios narrativos, noções de dramaturgia e poemas de ação cênica vão colaborar na construção da palavra com foco na performance poética que se dá em um SLAM.
De noite, das 19h às 21h, ocorre a primeira eliminatória do SLAM BR especial online, com cinco vencedores de anos ímpares: Fabio Boca, Emersom Alcalde, Lucas Afonso, Bell Puã, Kimani.
No sábado, 6, das 14h às 16h, acontece a terceira oficina de SLAM e expressão corporal, com Luaa Gabanini, onde serão trazidas algumas novas noções básicas de expressão corporal a partir de exercícios cênicos, para ampliar o repertório dos participantes. A composição de narrativas corporais que se dão dentro da performance poética em uma apresentação será o foco da aula.
Das 16h30 às 18h30, está previsto o primeiro debate SLAM Cuir, com apresentação de Tom Grito e os convidados Kuma França, Kika Sena e Abigail Campos Leal. A temática será os atravessamentos da teoria cuír (abrasileiramento do termo queer) sobre corpos trans de poetas da cena do SLAM. Quais as urgências desta população? O espaço do SLAM é seguro para corpos em transição? Como a poesia afeta e cuida? Participam desta mesa Kika Sena, Kuma França, que são poetas que transicionaram nos espaços do SLAM, e Abigail Campos Leal que é uma das fundadoras do único SLAM transcentrado do Brasil, o SLAM Marginália (SP).
A segunda eliminatória ocorre das 19h às 21h, com cinco poetas vencedores de anos pares: Lews Barbosa, João Paiva, Luz Ribeiro, Piê, Jéssica Campos.
Já no domingo, 7, das 14h às 16h, acontece a quarta oficina de contextos sociais e políticos do poetry SLAM, com Eugênio Lima, em que serão analisadas as implicações dos poetry SLAMs em seus aspectos político-poéticos no Brasil: desde seu surgimento em 2008, seu estabelecimento nos espaços públicos até sua progressão pelas periferias do País, e os grupos sociais que fizeram desses espaços locais de resistência e existência.
Das 16h30 às 18h30, ocorrerá a exibição do filme SLAM: Voz de levante e, ao final, terá um debate com as diretoras Tatiana Lohmann e Roberta Estrela D’Alva. A trama se passa em Chicago, Nova York, Paris, Rio de Janeiro e São Paulo, a mesma cena com diferentes faces: os poetry SLAMs. São as batalhas poéticas performáticas que se firmam como encontros que instigam a criatividade e o convívio entre diferentes e surgem diante da onda política conservadora mundial como ágoras do livre pensamento e expressão. No Brasil, a poeta Luz Ribeiro vence o campeonato nacional e vai para a Copa do Mundo de Poetry SLAM em Paris, representando a nova vertente negra e feminista que tem se firmado pela virulência de seu verbo politizado.
Às 19h, será a batalha final com seis participantes do SLAM BR especial online. Veja todas as apresentações pelo YouTube: youtube.com/nucleobartolomeu ou no Facebook: https://www.facebook.com/POETRYSLAMBRASIL.