Em nova série, Maria Flor vive a angústia de procurar o pai
Em entrevista, a atriz ainda fala sobre a saída da próxima novela das 9 da Rede Globo, gravidez e posicionamento político
As ausências estão presentes na vida de milhares de famílias brasileiras. Todos os dias 217 pessoas desaparecem no país, segundo o Anuário de Segurança Pública de 2020. O cenário complexo e delicado é tema da primeira série brasileira da HBO Max, Os Ausentes.
A agência, que leva o mesmo nome da série, faz o trabalho que os órgãos públicos muitas vezes não conseguem: encontrar pessoas desaparecidas. A trama conta com Maria Flor interpretando Maria Júlia, uma jornalista que supostamente faria apenas uma entrevista com o dono da agência, Raul Fagnani, personagem de Erom Cordeiro.
A produção policial aposta na estrutura clássica de “CSI”, sendo que a cada episódio é desvendado um novo caso. “As pessoas podem acompanhar de uma forma mais livre, porque você tem o arco grande da história, que é a da Maria Julia e do Raul, mas ao mesmo tempo cada episódio tem a história de uma pessoa desaparecida”, conta Maria Flor em entrevista exclusiva a CLAUDIA.
“O Brasil tem um número enorme de pessoas desaparecidas, só que isso na maioria das vezes não tem o espaço na mídia e dentro dos próprios órgãos [governamentais], o que deveria ser extremamente necessário. Em diversos casos, o Estado não dá conta e, assim, essas pessoas seguem desaparecidas”, ressalta a atriz.
A personagem de Maria Flor é misteriosa, já que “o público não sabe muito bem quem ela é e o que quer”. Porém, ao longo dos episódios, descobrimos que, assim como os clientes da Ausentes, ela também está em busca de alguém: o seu pai.
“Ela vai à procura do Raul pra ver se descobre com ele como é o processo de encontrar alguém. Dessa forma, pode conseguir buscar o próprio pai“, lembra.
Maternidade
Além de estrear a série na HBO Max, Maria Flor vive mais uma novidade em sua vida, a espera do seu primeiro filho, fruto do relacionamento com o ator Emanuel Aragão. A notícia foi uma surpresa para o casal, que planejava a gestação apenas para o final do ano.
“Ser mãe fazia parte do meu plano de vida, mas não fazia parte do meu plano imediato. Eu estava em uma novela e foi muito doloroso pra mim deixar de gravar Um Lugar ao Sol por conta da lei”, diz.
A lei determina que gestantes não podem trabalhar presencialmente durante a pandemia, por isso a atriz saiu do elenco da novela da próxima novela das 9 da Rede Globo. Mesmo sem planejar, a chegada do bebê trouxe boas energias e muito aprendizado aos novos pais.
“Aconteceu, engravidei e estou muito feliz. É uma transformação muito louca, já que a cada dia sinto algo e vou entendendo o que está acontecendo com meu corpo”, afirma sobre as descobertas da maternidade.
Posicionamento político
Provavelmente, durante alguma navegação pelas redes sociais, você já deve ter visto algum vídeo ou meme da atriz relacionado à política. As opiniões certas e fortes de Maria Flor se materializaram no seu quadro intitulado Flor Pistola, que está suspenso no momento por conta da gravidez.
“A Flor Pistola é uma parte minha muito indignada, que, naquela personagem, está exacerbada. Eu acho que ela tem um pouco de todos nós, brasileiros conscientes, que estamos vivendo agora a situação do nosso país”, pontua a atriz, que não poupa questionamentos ao governo atual e aos seus retrocessos.
A artista conta que a relação com familiares que apoiam o governo do presidente Bolsonaro (sem partido) pode ser difícil e delicada, mas ela acredita que “o carinho, o amor, a delicadeza são um caminho promissor de enfrentamento” ao negacionismo e à polarização.
Assim como outras pessoas na onda de desinformação, ela também foi vítima de fake news. “Apesar de tudo isso, fico tranquila também por saber que a imprensa está do lado de quem está fazendo seu trabalho e falando sobre o governo. As pessoas que discordam precisam poder falar”, explica.
Apesar da situação complicada, Maria Flor se mostra esperançosa: ”Eu acredito que o número de apoiadores que o presidente tem neste momento vai se desgastar e diminuir, então eu tenho muita esperança”, garante.