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Seria negra em todas as vidas, diz autora de guia antirracista

O e-book "Era uma vez negritude", da psicóloga Mariana Luz, traz o passo a passo para quem busca fazer a diferença no combate ao racismo

Por Ana Carolina Pinheiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 set 2020, 20h10 - Publicado em 9 set 2020, 19h47
"Era uma vez negritude" faz parte de uma série de três livros sobre questões raciais da autora e psicóloga Mariana Luz (Arte/CLAUDIA)
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No consultório, paciente e psicólogo se encontram na etnia e, consequentemente, na confiança de expor e tratar feridas. A experiência com a psicologia tornou situações como essa algo frequente na rotina de Mariana Luz, que lança seu e-book Era uma vez negritude, um guia prático para pessoas que desejam contribuir com a luta antirracista no Brasil. As atitudes são apresentadas com realidade e embalo para ninguém se perder e assimilar o conteúdo facilmente.

A clínica serviu de bagagem durante a escrita do livro, entretanto a principal motivação foi sua vivência pessoal, como mulher negra. “Penso na minha responsabilidade com o lugar que ocupo e me motivo com os grupos e as pessoas que tratam sobre questões raciais. A ideia é mostrar que raça não é só tratar de negros e que falar de negritude também é contar a história do Brasil”, afirma a autora sobre o primeiro livro de uma série de três. “Ainda vamos lançar um abordando branquitude e outro sobre as relações raciais no Brasil”, diz a ativista política.

Os impactos práticos das recentes manifestações antirracismo, motivadas pela morte de George Floyd, nos EUA, e cascateadas pelo mundo, ainda são vistos com cautela por intelectuais negros. Porém, é possível afirmar que o movimento marcou um chamado antigo pela participação de brancos em discussões sobre branquitude, privilégios e reparação.

Fã de esportes, Mariana lembra que, em um passado recente, o protesto de atletas negros contra o racismo não era bem aceito, quem dirá pela população. “Hoje, há uma articulação no basquete, no tênis e em outras práticas, em que as próprias ligas e instituições brancas são obrigadas a endossarem o discurso. Já em 2016, Colin Kaepernick, jogador de futebol americano da NFL (Liga Nacional profissional de futebol Americano), ajoelhou-se durante a execução do hino nacional estadunidense em um jogo e disse: “Não vou me levantar e mostrar orgulho pela bandeira de um país que oprime o povo negro”. A sua atitude custou sua vaga na equipe.

Para a autora, o momento atual sensibiliza apenas pessoas brancas que estão genuinamente envolvidas com a causa antirracista. “É hora delas acelerarem um processo de questionamento”, afirma a ativista, que também fundou o movimento O que eu posso fazer. Com articuladores brancos, a iniciativa é um espaço de diálogo sobre branquitude, aprendizado e leitura, já que há um clube do livro com obras exclusivamente de autores negros.

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“Se eu tivesse várias vidas, eu ainda seria uma mulher negra, não trocaria por nada. Apesar de todas as dificuldades, tenho muito orgulho de ser quem eu sou. Isso se deve a criação que recebi. Com isso, vejo a importância de fortalecer crianças negras e também ensinar as brancas sobre questões raciais, respeito e pertencimento”, finaliza Mariana.

Para comprar o e-book de Era uma vez negritude, que custa 6,90 reais, é só acessar este site.

Todas as mulheres podem (e devem) assumir postura antirracista

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