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Leituras de CLAUDIA: prosa e sonhos nas recomendações de julho

'Flecha', da poeta portuguesa Matilde Campilho e 'Sonho Manifesto', de Sidarta Ribeiro, são alguns destaques do mês

Por Joana Oliveira
20 jul 2022, 08h58

“Acho que vocês deveriam sonhar a terra, pois ela tem coração e respira”, recomendava o xamã yanomami Davi Kopenawa já em 1992. Outro mestre indígena, Ailton Krenak fez a mesma recomendação em seu livro Ideias para Adiar o Fim do Mundo (Companhia das Letras, 2017). Agora, duas recentes obras fazem eco dessa mensagem: O Desejo dos Outros, da antropóloga Hanna Limulja,cuja pesquisa mergulhou no mundo onírico dos yanomami para revelar ao mundo não-indígena mais da rica cosmogonia desse povo, e Sonho Manifesto, de Sidarta Ribeiro, que nos desperta para a necessidade de sonhar mais e de sonhar juntos. Outros destaques do mês são a estreia em prosa da poeta lusitana Matilde Campilho, que chega ao Brasil com Flecha, e o novo romance da já consagrada Mariana Salomão Carrara, Não Fossem as Sílabas do Sábado. Boa leitura!

Flecha – Matilde Campilho

Baobás, Carmen Miranda coroada de frutas, pássaros cantores, uma menina com o raio de David Bowie no rosto, Beethoven com um zumbido no ouvido… Esses são alguns dos personagens dos microcontos de Flecha, primeiro livro em prosa da poeta lisboeta Matilde Campilho, recém-lançado no Brasil pela Editora 34. Dez anos depois de encantar os leitores com a poesia de Jóquei, Matilde traz o lirismo característico de sua escrita para pequenas histórias que mais parecem resultado da observação silenciosa do dia que se desenrola diante da narradora. Segundo a própria autora, às vezes um simples objeto era inspiração para essa essa prosa poética, ora nos primeiros raios de sol da manhã, ora quando a noite já havia caído. Mas sempre com esse poder magnético que faz querer ler e reler Matilde em voz alta. Compre aqui.

O Desejo dos Outros: Uma Etnografia dos Sonhos Yanomami – Hanna Limulja

Capa de 'O Desejo dos Outros', de Hanna Limulja.
Capa de ‘O Desejo dos Outros’, de Hanna Limulja. (Editora Ubu/Divulgação)

Entre novembro de 2015 e fevereiro de 2017, a antropóloga Hanna Limulja conviveu com os yanomami da comunidade do Pya ú e registrou os sonhos de xamãs, crianças, moças, anciãs, homens e todos que se dispusessem a relatar seu mundo onírico para a pesquisadora. Não demorou para que Hanna percebessem que o que a cultura ocidental tradicional entende como “sonho” é, para esses indígenas, parte essencial da própria realidade. Por isso, ela transformou sua tese de doutorado no recém-publicado O Desejo dos Outros: Uma Etnografia dos Sonhos Yanomami (Ubu Editora, com apoio do Instituto Socioambiental), com ilustrações de Davi Kopenawa. A obra mistura os relatos dos sonhos yanomami com aqueles da própria autora em uma linguagem-experimento delicada e polissêmica, que nos mergulha na cosmogonia desse povo e nos convoca a realinhar nossos sonhos com os deles, principalmente no momento em que suas vidas estão, mais do que nunca, sob a mira da destruição. Compre aqui

Sonho Manifesto – Sidarta Ribeiro

Capa de 'Sonho Manifesto', de Sidarta Ribeiro.
Capa de ‘Sonho Manifesto’, de Sidarta Ribeiro. (Cia. das Letras/Divulgação)

Também no mundo onírico, o cientista Sidarta Ribeiro versa sobre a importância de sonharmos mais e usarmos nossos sonhos como potências transformadoras da realidade em Sonho Manifesto (Companhia das Letras). A partir de histórias dos povos originários do Brasil, de mitos da África Ocidental, além de dados científicos e relatos das tradições budista e taoísta, Sidarta relembra a importância de dormir bem para sonhar com qualidade e, mais que isso, aprender o sonhar coletivo para, assim, construir soluções para a emergência climática, as desigualdades sociais e outras mazelas da humanidade. Compre aqui. 

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Não Fossem as Sílabas do Sábado – Mariana Salomão Carrara

Maternidade solo e luto se misturam no quinto livro de Mariana Salomão Carrara, uma das mais potentes vozes da literatura brasileira contemporânea. Lançado pela Todavia, Não Fossem as Sílabas do Sábado acompanha as lembranças de Ana, que ficou viúva nove anos antes e teve que se desdobrar para educar e cuidar da filha pequena. Dor, culpa, medo e os pequenos constrangimentos do luto pautam a narrativa, sem que falte o humor, por vezes tragicômico, que cerca as pequenas ilhas de melancolia sempre tão presentes na escrita de Mariana.

Capa de 'Não Fossem as Sílabas do Sábado'.
Capa de ‘Não Fossem as Sílabas do Sábado’. (Todavia/Divulgação)

As vicissitudes da morte, a constatação de que os outros (mais do que nós mesmos) findam e a solidão das mulheres que criam seus filhos sós refletem, no livro, essa luta constante de permanência da vida. Compre aqui.

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