Expo de Claudia Andujar sobre povo indígena yanomami é sucesso em Paris
Fotógrafa suíça naturalizada no Brasil, já indicada ao Prêmio CLAUDIA, tem obra voltada a expor a luta dos povo yanomami.
Claudia Andujar, fotógrafa suíça naturalizada no Brasil, está fazendo um enorme sucesso com sua exposição “A Luta yanomami“, na Foundation Cartier, em Paris, França. Anteriormente exposta no Instituto Moreira Salles, em São Paulo, o trabalho da ativista de 88 anos registra a vida do povo indígena yanomami nas profundezas da selva amazônica, em Roraima, e busca enfatizar as novas ameaças enfrentadas pelo grupo no governo atual.
Com início no dia 30 de janeiro, a mostra “Claudia Andujar, La Lutte yanomami” acontece até o dia 10 de maio e reúne mais de 300 fotografias, uma instalação audiovisual, e uma série de desenhos yanomami, sendo a maior exposição dedicada ao trabalho da fotógrafa até hoje.
Na abertura, centenas de pessoas foram prestigiar, como confirma o registro abaixo:
Sobre o trabalho da artista
O trabalho com os Yanomami começou em 1971, depois que Andujar visitou a comunidade na fronteira com a Venezuela. Os primeiros registros da fotógrafa expunham a luta do grupo indígena durante a ditadura militar, além das atividades diárias na floresta, dos rituais xamânicos – práticas etnomédicas, mágicas, religiosas e filosóficas que envolvem cura, transe, transmutação e contato entre corpos e espíritos de outros xamãs –, e dos indivíduos.
Quase meio século depois, a obra dela também denuncia a ameaça que esse povo recebe do governo de Jair Bolsonaro e a crescente pressão dos caçadores e garimpeiros em suas terras.
“Ajude-nos a divulgar ao mundo inteiro que eles vieram para nos matar”, disse o xamã Davi Kopenawa, porta-voz Yanomami, na capital francesa, ao apresentar a exposição. Kopenawa ainda afirmou que considera o presidente Bolsonaro está querendo “roubar” o território deles, que foi reconhecido na década de 90. Segundo o porta-voz, o atual governo está permitindo que caçadores e garimpeiros atraídos pela valorização do ouro se desloquem pelas terras de seu povo.
Andujar nasceu na Suíça e passou a infância em Oradea, na atual Romênia, onde seu pai, judeu, foi preso e deportado por nazistas. Em 1948, Claudia se mudou para Nova York, onde estudou arte e se casou com um refugiado espanhol.
Sua história no Brasil começa em 1955, quando Claudia chegou em São Paulo e começou a trabalhar com fotografia, publicando em veículos como “Realidade”, “Life”, “Look” e “The New York Times”.
Em 1970, ela se consagrou como fotógrafa ao registrar o cotidiano e luta diária do povo yanomami. Claudia voltou inúmeras vezes ao território para documentar a cultura da comunidade, ainda relativamente isolada. Seu trabalho chegou a ser um dos indicados ao Prêmio CLAUDIA.
“Claudia Andujar, La Lutte Yanomami” estará exposta em Paris até dia 10 de maio e depois deve seguir para a Itália, Suíça e Espanha.