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Leituras de CLAUDIA: em novembro, a maestria da literatura negra

Da revolucionária Maria Firmino dos Reis à contemporânea Conceição Evaristo, listamos livros imperdíveis de escritoras pretas

Por Joana Oliveira
26 nov 2022, 08h17

Ousadia. Essa talvez seja a palavra que melhor define Maria Firmina dos Reis (Maranhão, 1822-1917). Ela foi a primeira romancista negra do Brasil e, este ano, é a autora homenageada na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Úrsula (Antofágica, Penguin e Cia. das Letras), seu romance de estreia, foi também a primeira produção literária abertamente abolicionista (publicado em 1859, ele precede os poemas engajados do baiano Castro Alves). Maria Firmina abriu um caminho que hoje é trilhado por Conceição Evaristo, Cidinha da Silva e outras mestras das lestras brasileiras. No mês da Consciência Negra, recomendamos a sensibilidade, crueza e força de sua literatura.

Úrsula – Maria Firmina dos Reis

Úrsula poderia ser apenas mais um clássico do Romantismo brasileiro. Está tudo lá: jovem cavalheiro se apaixona por donzela indefesa, num arroubo de amor casto e avassalador, ameaçado por um vilão rival que deseja submeter a moça a sua própria paixão. A obra, no entanto, é muito mais que isso. Na figura de personagens como Túlio (negro alforriado pelo protagonista) e os escravizados Suzana e Antero, Maria Firmina dos Reis faz uma forte crítica à escravidão, ao tráfico negreiro, ao racismo, à violência, ao patriarcalismo, ao machismo e às injustiças sociais do Brasil no Período Imperial. Úrsula é a primeira obra em português na qual sujeitos negros estabelecem diálogos diretos entre si, o que dá aos leitores uma perspectiva até então inédita da subjetividade desses sujeitos. Além de um livro primorosamente escrito, o romance é um manifesto pela igualdade entre os seres humanos. Compre aqui.

Capa e lombada de 'Úrsula', na edição da Antofágica.
Capa e lombada de ‘Úrsula’, na edição da Antofágica. (Antofágica/Divulgação)

Canção para Ninar Menino Grande – Conceição Evaristo

O quinto romance de Conceição Evaristo, capa da CLAUDIA de novembro, ganha uma nova edição ampliada, graças à Pallas Editora. Publicado em 2020, Canção para Ninar Menino Grande apresenta Fio Jasmin, um atraente jovem negro que carrega vida afora a frustração de não ter podido ser príncipe numa peça escolar, justamente por ser preto. Em sua vida adulta, a função principal do sedutor é fecundar mulheres, gerando filhos em mães diferentes, que veem suas crianças brincando juntas, tecendo redes de amizade e afeto que elas mesmas experimentam. Se Fio Jasmin é, de fato, a linha condutora do livro, suas protagonistas são Neide, Pérola, Juventina e tantas outras, por meio das quais Conceição tece mais um relato sobre a beleza da amizade e solidariedade femininas, sobre a importância da paixão (tanto romântica quanto puramente carnal) e do que só quem carrega um útero pode fazer: parir gente no mundo. Compre aqui.

Awón Baba – Teresa Cárdenas

Ancestrais. Esse é o significado da expressão em iorubá Awón Baba, que dá nome ao mais recente romance da cubana Teresa Cárdenas, lançado no Brasil pela Pallas. Seu livro publicado no país é, como ela própria descreve, uma mistura de história e ficção, um conjunto de contos protagonizados por homens e mulheres que viveram na própria carne e na alma a escravidão e que sobrevieram a ela, entre a magia e o terror. Toda a obra de Teresa que, além de escritora, é bailarina, assistente social, atriz e ativista é fundamental para quem se debruça sobre a escrita de escritoras negras. Ela também é uma mestra da literatura infantojuvenil, com livros como Cartas Para a Minha Mãe (Pallas, 2020), um romance epistolar em primeira pessoa, no qual uma menina escreve cartas para a mãe já falecida. Teresa Cárdenas é uma das convidadas internacionais da Flip, que começou na quarta-feira (23/11) e vai até domingo (27/11). Compre aqui.

Exuzilhar – Cidinha da Silva

Exuzilhar (Pallas), de Cidinha da Silva, traz uma coleção de crônicas e contos que perpassam a ancestralidade e a contemporaneidade. Nele estão presentes a beleza e a força da africanidade e da orixalidade, mas também as agruras do racismo e das desigualdades de gênero, que faz feridas sempre mais profundas nas mulheres negras. O título da obra é um verbo-neologismo criado pela autora em 2010, que confere mais complexidade ao verbo encruzilhar para contemplar a autoria negra no Brasil. A escritora de Um Exu em Nova York (também da Pallas), entre outras 17 obras, também estará presente na Flip deste ano, completando a trinca com Conceição Evaristo e Teresa Cárdenas. Compre aqui.

 

 

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