Jogo pedagógico quer proteger crianças e jovens de abuso sexual
O jogo 'Não me toca, seu boboca', da ONG Visão Mundial, é uma adaptação do livro sobre enfrentamento à violência sexual infantil
Mais de 95 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes foram registradas, em 2020. Além disso, a cada hora três crianças ou adolescentes são violentados sexualmente no Brasil. Esses dados do Disque Direitos Humanos (Disque 100), divulgados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, mostram o cenário devastador desse crime no país. Em parceria com a Editora Aletria, a ONG Visão Mundial lança o jogo pedagógico Não me toca, seu boboca para ensinar os pequenos a enfrentar e compreender situações de abuso infantil.
O jogo é inspirado no livro, de mesmo nome, da autora Andrea Taubman, que conta a história da Ritoca, uma coelha que percebe que o novo morador, o Tio Pipoca, embora pareça todo bonzinho, na verdade não respeita seus direitos e seu corpo. O jogo pedagógico aborda o tema em uma linguagem próxima às crianças.
Ao falar sobre abuso sexual, é necessário usar a linguagem adequada para cada idade, como acontece neste jogo. É importante que a forma apresentada e os materiais didáticos usados tenham representatividade para que haja identificação e maior compreensão dos pequenos.
“Com a pandemia da Covid-19, as crianças estão isoladas, em casa, muitas vezes convivendo mais tempo com abusadores. Precisamos ensinar, de forma criativa, sobre partes do corpo, limites e como buscar ajuda caso presencie ou sofra alguma situação de abuso ou violência sexual”, alerta Ruth Lima, educadora e gerente de programas da ONG Visão Mundial.
Ela acredita que o jogo oferece uma maneira de aprender brincando e abre portas que poderiam não aparecer em uma conversa formal. “É importante falar na linguagem da criança, ensinando ela a se comunicar quando acontecer algum abuso”, aponta.
“O jogo pedagógico ensina a diferenciar o tipo de carinho, mostrando que ninguém pode a tocar, sem permissão, deixando claro o que pode e não pode. É uma maneira de contribuir com a compreensão da criança para que ela aprenda a proteger a si e aos seus pares contra abusos, abordando o tema de maneiras diferentes, incentivando a denúncia feita diretamente por crianças e adolescentes”, explica Ruth.
A duração de cada partida é de, em média, 25 minutos. A recomendação do brinquedo é para crianças com mais de 5 anos, sendo que cada jogada pode ter de 1 a 6 jogadores. A brincadeira pode ou não ser moderada e guiada por uma pessoa adulta. O jogo ainda acompanha um guia criado para apoiar educadores com sugestões de atividades adicionais.