Bruna Aiiso, de “Terra e Paixão”, fala sobre carreira, sonhos e lutas
Atriz interpreta Laurita, uma médica psiquiatra nada ética, em novela da Globo
Com vocês, Bruna Aiiso: atriz, comunicadora e artista. Não precisa de muito mais (até porque isso já é muito) para descrevê-la. Tudo começou na infância, quando conheceu uma professora, também amarela, destinada a conectá-la à atuação. Mas a história não foi linear ‒ embora ela soubesse desde sempre que seu futuro seria nas telinhas.
Bruna passou pelos palcos de eventos, foi parar nos estúdios de futebol da Globo e, só depois, chegou aos cinemas. Mas foi a novela Bom Sucesso que tornou seu sonho real: brilhar nas TVs das casas brasileiras. Quando tudo parecia ter dado certo, veio a Covid-19. “Não tive tempo de colher os frutos da novela”, diz ela em entrevista exclusiva à CLAUDIA.
Com o fim da pandemia, largou tudo em São Paulo para correr atrás de seu sonho, de novo, no Rio de Janeiro. Deu certo: hoje, ela faz parte do elenco de Terra e Paixão, interpretando uma médica psiquiatra do Sul. A personagem atende pacientes com depressão e acaba se tornando amiga de uma deles, a quem a médica acaba viciando em medicamentos.
A conquista do papel não é apenas uma vitória individual, mas também coletiva. “Quando um artista amarelo ocupa esses espaços, todo mundo da classe artística ganha. Ganha em termos de visibilidade, representatividade, relevância.”
Para ela, no entanto, o Brasil ainda caminha a passos lentos. “Não somos vistos como pessoas expostas a preconceitos. Temos privilégios em outras áreas, como medicina ou direito, e reconhecemos isso, mas no audiovisual ou, especificamente, na dramaturgia somos esquecidos. Quando somos lembrados, é como parte da minoria modelo, aquele típico japonês bonzinho, subserviente, leal.”
Muita gente acredita que não existem pessoas amarelas na atuação, segundo a atriz, e isso acontece pela falta de representatividade. “Você liga a TV, vai ao cinema ou acessa o streaming e não nos vê. Se vê, é um ou dois. Mas somos muitos, e somos bons, capazes de atuar muito bem.”
Além da novela, um projeto recente dela é Um Dia Cinco Estrelas, que estreia dia 22 de junho nos cinemas. Diferente da maioria das comédias que, ao apresentarem algum amarelo, acabam criando humor com base em estereótipos ou falas racistas, a produção foi na direção contrária.
“Foi um lugar de muito respeito, de construção em conjunto mesmo. Lutamos por piadas que acreditamos no filme, e o resultado ficou ótimo. São através desses casos que a gente se dá conta de que é possível fazer comédia sem ofender ninguém”, pontua Bruna.
Quando o assunto são seus sonhos, o céu é o limite, mas sonhar alto não tira seus pés do chão. “Minha grande vontade sempre foi fazer novela, quero permanecer fazendo. Mas sigo olhando com cuidado para o presente, é claro”, conta a atriz, que será, para tantos, o que Dani Suzuki foi para ela: “uma referência”.