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Austin Butler e Baz Luhrmann refletem sobre “Elvis” (Exclusivo)

Diretor de “Elvis” também revelou uma história bem inusitada envolvendo Denzel Washington

Por Kalel Adolfo
7 jul 2022, 09h19
Austin Butler em "Elvis", dirigido por Baz Luhrmann.
Austin Butler em "Elvis", dirigido por Baz Luhrmann.  (Warner Bros. Pictures/Divulgação)
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Na próxima quinta-feira (14), Elvis — uma das produções mais aguardadas do ano — chega aos cinemas nacionais. Protagonizada por Austin Butler, a cinebiografia retrata a jornada pessoal e profissional de uma das maiores lendas da música. Com uma rápida ascensão à fama, o astro estabeleceu padrões altíssimos para os artistas que o sucederam, se reinventou dezenas de vezes e colocou seu nome nos livros de história.

Conduzir um filme acerca de alguém tão grandioso — e interpretar um ícone cultural amado por milhões ao redor do mundo — é uma empreitada extremamente ambiciosa e amedrontadora, capaz de impulsionar ou destruir carreiras. Mas isso não impediu Baz Luhrmann — diretor do longa — e Butler — ator que dá vida ao rei do rock — de mergulharem de cabeça neste vibrante projeto.

Em entrevista exclusiva à CLAUDIA, a dupla refletiu sobre o peso da fama, as pressões que cercaram o filme e as suas conexões emocionais com o trabalho de Elvis Presley. Confira:

Austin Butler em
Austin Butler em “Elvis”. (Warner Bros Pictures/Divulgação)

CLAUDIA: Você acredita que é mais desafiador interpretar personalidades reais do que personagens fictícios? Por quê?
Austin Butler: Com certeza. Interpretar uma pessoa real já é difícil, mas, neste filme, eu senti uma pressão ainda maior, porque Elvis é um dos cantores mais lendários, imitados e conhecidos na história da humanidade. Há tantos registros dele por aí, e cada pessoa lembra de um Elvis diferente. Para completar, ele tem milhões de fãs — incluindo a sua família. Foi difícil não cair em armadilhas mentais, porque eu só queria deixar todos orgulhosos. Tudo isso definitivamente eleva a pressão do trabalho. Mas, ao mesmo tempo, encarei o projeto como um enorme privilégio. Poder ficar obcecado e explorar a vida de um astro por tanto tempo foi uma das coisas mais animadoras que já fiz.

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CLAUDIA: Por que você escolheu Austin Butler para interpretar Elvis?
Baz Luhrmann: Eu não costumo fazer audições, prefiro fazer os atores participarem de workshops, pois gosto de aprender sobre eles. Mas com Austin, as coisas foram muito diferentes: certa noite, Denzel Washington me ligou para contar sobre uma peça da Broadway em que estava trabalhando. Ele disse que havia acabado de dividir o palco com Butler, e que em toda sua vida nunca havia trabalhado com alguém tão ético. Fiquei pensativo sobre isso, e depois de algum tempo, finalmente conheci o Austin. Passamos um certo período conversando e saindo, e naturalmente, percebi que apenas ele poderia interpretar Elvis. Não foi uma coisa que escolhi, e sim algo que simplesmente aconteceu.

CLAUDIA: Já que estamos falando sobre cinebiografias, qual é a sua produção favorita do gênero?
Austin Butler: Houveram muitos filmes que me influenciaram durante este processo criativo. Amadeus [obra sobre Mozart dirigida por Milos Forman] foi um deles. Eu amo a maneira com que a história é construída para explorar não apenas a genialidade de Mozart, mas também refletir sobre como o ciúmes e o luto ressoam dentro de nós. Walk The Line [sobre Johnny Cash] também teve um impacto em mim, porque o Joaquin Phoenix trouxe muita humanidade ao papel. Também adoro o Jamie Foxx em Ray.

CLAUDIA: Agora, eu preciso saber: qual é o seu álbum e canção favoritos do rei do rock e por quê?
Baz Luhrmann: Meu disco favorito é “From Elvis in Memphis”. Este é um ponto de virada em sua carreira, porque ele estava numa fase ruim. É aí que Elvis retorna para Memphis [cidade natal do cantor] e começa a trabalhar em músicas diferentes de tudo o que já havia feito, encontrando o seu próprio som. E isso é muito simbólico, pois foi nessa época que Elvis assume o comando de sua arte pela primeira vez. Tem tantos hits neste álbum, é fenomenal. Agora, minha canção predileta é “Heartbreak Hotel”. É uma obra de arte inegável. Na época, a RCA [gravadora do músico] pediu uma grande faixa romântica, e ele voltou com essa música que fala sobre sofrimento e pensamentos suicidas por conta de um amor frustrado. Todos ficaram chocados. Mas Elvis insistiu em lançá-la, e o resultado foi magnífico.

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CLAUDIA: Baz afirmou que Elvis é um filme sobre o lado oculto da fama, de certa forma. Como você encara essa declaração?
Austin Butler: Eu concordo completamente. O que Elvis vivenciou foi algo muito inédito na indústria, o que tornou tudo mais difícil para ele. Alcançar esse nível de fama de forma tão rápida muda a sua percepção de realidade. Isso é similar ao que os astronautas experimentaram quando foram à lua pela primeira vez. Quando voltaram para a Terra, eles precisaram lidar com o fato de que nada que vivessem poderia superar aquela vivência. O que você faz depois de viajar para a Lua? Em paralelo, os artistas passam por algo semelhante. Num minuto, eles estão num palco, com milhares de pessoas ao redor. Logo em seguida, estão num quarto de hotel, isolados. A justaposição desses dois cenários fizeram Elvis questionar o propósito de sua vida fora dos palcos. Esse tipo de sentimento é muito destrutivo e mexe com a cabeça de qualquer um.

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