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10 lições das mulheres negras em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Carla Akotirene, Doutora em Estudos de Gênero, Mulheres e Feminismos pela Universidade Federal da Bahia, reflete sobre as lições do longa

Por Carla Akotirene
Atualizado em 24 fev 2023, 09h35 - Publicado em 28 nov 2022, 11h15
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
'Pantera Negra: Wakanda Para Sempre' chega aos cinemas em 10 de novembro.  (Pantera Negra/Divulgação)
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Para quem estava com saudades das Dora Milaje, da genialidade de Shuri (Letitia Wright), da inteligência política de Nakia (Lupita Nyong’o), da autoridade matriarcal de Ramonda (Angela Basset),a continuação, do filme, é responsável por perpetuar, talvez, o maior legado de representatividade da mulher preta em filmes de ficção com a temática. Dessa vez, após o falecimento do saudoso ator Chadwick Boseman que interpretava o T’Challa, a cientista Shuri juntamente com sua mãe, a rainha Ramonda, devem guiar o caminho da nação frente a novos desafios globais que envolvem a tecnologia do “vibranium” e a insurgência de um suposto inimigo chamado “Namor” interpretado pelo ator mexicano, Tenoch Huerta.

Através das lentes cinematográficas, é possível refletir em cima de ensinamentos sobre a essência da cultura e dos povos frente aos colonizadores. A memória nos ensina que o fato de T’Challa ter morrido não retira a presença dele entre nós. O luto é vivenciado como uma transição da existência. A saudação e as homenagens feitas aos ancestrais são celebradas em paz.

A segunda lição do filme reforça que não há hierarquia entre as tecnologias do coração e as ditas científicas. É comum  os mais jovens conectados às necessidades de seu tempo, criarem desprezo pelos ensinamentos tradicionais, mas, se a juventude deseja a prosperidade e abundância precisa ouvir, escutar e respeitar as sabedorias dos mais velhos.

O bom comportamento, é a nossa terceira e importante lição. A  forma de pensar, sentir e agir pode por vezes nos desconectar do progresso espiritual. É necessário refletir como estamos alimentando conhecimentos e emoções contrários aos laços com as grandes Mães.

A presença do “oponente” de Wakanda, “Namor”, líder e representante do povo “Talokan,” denuncia que o sistema colonial moderno oprime os africanos, no entanto, também  lesou os povos originários. A quarta lição confirma que dificilmente teremos prosperidade dando as costas a quem sofre depredação, poluição e mortes sistemáticas . É possível uma aliança de luta contra as nações colonizadoras.

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A quinta lição é a de que poder não tem gênero. A categoria “mãe” é a mais estruturante da comunidade. As famílias africanas são matripotentes, matrigestoras e conservam autoridades independentemente das relações de poder na família nuclear.

A sexta lição de Wakanda Para Sempre é a de que por mais que a escravização tenha rompido os laços em África, a nação reconhece outras irmãs em diáspora, com habilidades, inteligência e aptidão favoráveis a presença das mulheres nas ciências, como no caso da personagem Riri Williams, interpretada pela jovem atriz Dominique Thorne.

Existem brancos aliados e isso não é uma piada. Nossa sétima lição, pode parecer brincadeira, apesar de reconhecermos o compromisso coletivo de enfrentarmos o padrão colonial.

 A oitava lição nos relembra de que quanto mais tempo demorarmos a nos apoiar nas tecnologias dos ancestrais , mais tempo levaremos para nos conectarmos às gerações futuras. Portanto, a garantia da preservação do futuro depende do equilíbrio entre o presente e o passado.

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A lição de número nove do novo filme compreende o propósito espiritual trazido pelo nascimento. O segredo está no seu verdadeiro nome dentro da comunidade, a saber,  é o fundamento responsável por ori-entar o destino de uma criança.

Por fim, mas não menos importante, o décimo ensinamento: é preciso se despedir. O encontro da representatividade das mulheres, da afrocentricidade, afeto e ficção reúnem-se em Wakanda honrando o conhecimento presente no coração do ator Chadwick Boseman.

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