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Chef relembra tempos que morou com Gil e Caetano: “Como uma família”

Há 28 anos à frente do restaurante Mestiço, Ina de Abreu conta sua trajetória

Por Jonathan Pereira
10 out 2024, 16h25
A chef Ina de Abreu, à frente do restaurante Mestiço
A chef Ina de Abreu, à frente do restaurante Mestiço (Rodrigo Sacramento/Divulgação)
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A chef Ina de Abreu tem história para contar: na juventude, nos anos 1970, morou com Caetano Veloso e Gilberto Gil em Nova York, onde desenvolveu o gosto pela gastronomia – e os cantores eram “cobaias” de suas receitas. Após a vivência no exterior, que incluiu Londres e Los Angeles, trabalhou em diferentes restaurantes em São Paulo até abrir o Mestiço, em 1996, que mescla a culinária baiana e tailandesa – paixão que surgiu após um curso na Tailândia.

Aos 74 anos, 28 deles à frente do restaurante, Ina compartilha suas memórias em entrevista exclusiva à CLAUDIA, recordando sua trajetória na gastronomia, o sucesso do Mestiço e como foi a convivência com os dois ícones da Música Popular Brasileira. “Somos amigos de verdade. Quando a gente se encontra é uma festa.”

 Morar com Gil e Caetano

A chef Ina de Abreu, à frente do restaurante Mestiço
A chef Ina de Abreu, à frente do restaurante Mestiço (Rodrigo Sacramento/Divulgação)

“Fiquei mais ou menos 12 anos fora do Brasil, morei em Londres, Nova York e Los Angeles. Eu era casada com o Tutti Moreno, um super baterista que tocava direto com o Gil e o Caetano. Eles iam para tudo quanto é lugar e eu acabava indo junto. Há 50 anos, em Nova York, moramos todos juntos um tempo, era uma casa com quintal com pé de frutas no fundo, bem longe do centro, foi superlegal. O Gil dizia que eu tomava conta da casa e da comida, e ele e o Tutti saíam para tocar e para fazer o dinheiro”, conta.

A paixão pela gastronomia foi imediata – e os cantores eram os primeiros a experimentar suas criações. “Conheci muitos restaurantes com pratos diferenciados e sensacionais, que despertaram esse amor pela gastronomia. Comprei vários livros e foi aí que eu comecei a cozinhar, começou o gosto pela cozinha. Eu fiquei cozinhando para eles (Gil, Caetano e Tutti) todos os dias, aprendendo. Eu gostava muito de preparar comida natural, fui me especializando em comida sem carne, com bastante verdura, com milho, ficava inventando coisas. Fui nesse caminho e todos gostavam. Eles foram as cobaias, confiavam. Foi bacana demais aquela época. A gente vivia como se fosse uma família.”

A chef Ina de Abreu
A chef Ina de Abreu (Reprodução/Instagram)

Ina começou então a se especializar. “Eu não ficava pensando no que ia ser, era muito jovem e não quis fazer faculdade. Fui fazer um curso de gastronomia para ver direito se eu queria isso mesmo e foi maravilhoso. Cada lugar que passei, sempre conhecendo novos pratos e paladares diferentes, foi um aprendizado.”

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Já separada de Tutti, ela foi morar em Los Angeles, onde seguiu próxima dos cantores. “Foi outra fase da minha vida. Casei com o pianista Guilherme Vergueiro, estava com dois filhos. Todo mundo era amigo, nunca teve nenhum problema. Sempre que eles iam ensaiar, eu ficava com as crianças. Foi muito bom estar com todos. Eu fiquei amiga deles até hoje.”

Retorno

A chef Ina de Abreu
A chef Ina de Abreu (Reprodução/Instagram)

De volta ao Brasil, Ina seguiu na gastronomia, trabalhando nos restaurantes Néctar, Sativa, Radar Tantã e na implantação da rede América no país. “No América, eu coloquei o Frozen no cardápio, que aprendi em Nova York e no Brasil não tinha.”

O contato com Gil e Caetano diminuiu, por conta da distância. “A gente se separou porque eles ficaram no Rio de Janeiro, e eu fiquei em São Paulo. Somos amigos de verdade, a gente se vê pouco atualmente, mas se comunica. Quando se encontra é uma festa, a gente se abraça. Eles já vieram várias vezes no meu restaurante”, orgulha-se.

Restaurante próprio

A chef Ina de Abreu, no restaurante Mestiço
A chef Ina de Abreu, no restaurante Mestiço (Reprodução/Instagram)
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Em 1996, uma viagem para a Tailândia despertou o desejo de tornar realidade ter seu próprio restaurante com uma culinária que mesclasse os preparos baianos e tailandeses, nascendo assim o Mestiço. A chef diz como tudo começou.

“Eu era amiga do (empresário) Cyro Sá, que era casado com uma tailandesa (Marina Pipatpan). Fiz um curso grande, de alguns meses, com uma senhora de 73 anos na Tailândia, que me ensinou um monte de coisas. Imagina uma senhora que mal falava inglês, falava mal tailandês, mas eu consegui. Ficava só eu, essa senhora e a Marina na sala, e ela me traduzia.”

Kra Thong Thong, um dos pratos do restaurante Mestiço, da chef Ina de Abreu
Kra Thong Thong, um dos pratos do restaurante Mestiço, da chef Ina de Abreu (Rodrigo Sacramento/Divulgação)

No mesmo ano, decidiu abrir o Mestiço, que funciona na Rua Fernando de Albuquerque, 277, na Consolação, região central de São Paulo. “Eu trouxe alguma coisa de comida tailandesa aqui pro Mestiço. Tenho uma parte do cardápio tailandês, e o prato que mais vende é o Pad Thai (talharim tailandês com frango, broto de feijão, amendoim, camarão seco e especiarias, R$ 120).”

E o que a fez apostar que a culinária baiana e tailandesa combinariam? “São sabores diferentes, mas tanto na baiana quanto na tailandesa, a pimenta é muito usada, e o resultado final é uma explosão de sabores.”

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A chef conta que, ao longo da carreira, nunca sofreu preconceito por ser mulher: “Graças a Deus não tive nenhum problema. O pessoal gosta de quem trabalha”.

Aos 74 anos, ela nem pensa em se aposentar. “Cada dia é um desafio, trabalhando para cada dia ficar melhor o padrão e sabor. Eu cozinho ainda, mas ensinei e treinei a equipe do meu restaurante porque estou ficando cansada. Mas estou aqui direto. É muito bom trabalhar no que gostamos.”

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