Bela Gil luta pela democratização da alimentação saudável
Bela Gil mistura seus saberes de chef, nutricionista, apresentadora e escritora guiada pela "bondade radical", uma lição de vida herdada do pai Gilberto Gil
Política. Zen. Empática. Natureba. Sorridente. Independente de como você enxerga Bela Gil, ela se gosta — e é isso que importa. Filha do cantor e compositor Gilberto Gil e da diretora Flora Gil, ela aprendeu com o pai a “bondade radical”, que ele descreve como uma forma mais empática e menos julgadora de tratar não só os outros, mas também a si. “Esse meu jeito vem do lugar de entender a minha situação dentro da sociedade e o que eu posso fazer para que as pessoas se sintam, se alimentem, se nutram disso que é bom. Gostaria que fosse uma oportunidade igual para todos”, conta ela para a Boa Forma, marca 100% digital da Editora Abril que é voltada para a saúde e agora está presente também aqui na CLAUDIA.
Eu quero muito o bem das pessoas, de todas as pessoas. Ter a oportunidade de comer bem, de ter uma vida saúdável, de ser feliz, deveria ser o básico. Todo mundo deveria ter tudo para ser feliz
É com essa empatia que ela se permite curtir, sem pressão, o momento “de estrela”, fotografando este editorial. “A minha profissão não é modelo, é algo que eu fui fazendo porque foram aparecendo oportunidades. Por isso, talvez, a exigência comigo mesma não seja tão grande.” De fato, Bela não escolheu uma profissão artística no sentido mais literal da palavra, seguindo os passos de alguns membros da família. Ela elegeu a nutrição em primeiro lugar, após entender a ligação entre esse ramo e o bem-estar. Aos 16 anos, começou a perceber seu corpo “rejeitando” certas comidas como junk foods e até mesmo carne.
“Eu falei ‘gente, se a comida me influencia dessa maneira, desde o meu humor, o meu foco, o meu equilíbrio, até o meu bem-estar, tudo está relacionado. Tem algo mágico aqui que eu preciso entender o que é’”, diz. Depois veio o interesse por culinária: “para comer bem as coisas que queria, pensei que seria melhor aprender a cozinhar”. Junta o conhecimento técnico com o fazer manual e, aí, os convites chegaram naturalmente. O primeiro foi para ser apre – sentadora — ao todo, ela comandou três programas no GNT: Bela Cozinha , Refazenda com Bela Gil e Vida Mais Bela. Apesar dos memes, o “e se você substituir isso por aquilo” colocou-a também nas prateleiras dos livros mais vendidos. Os seis títulos, aliás, trazem suas famosas (e deliciosas) receitas com destaque também para um estilo de vida mais consciente.
“Para mim, é revolucionário poder mostrar alternativas para as pessoas.”
Agora, ela comemora o sucesso dessa união no concorrido Camélia Òdòdó, restaurante localizado na Vila Madalena, em São Paulo, especializado em gastronomia responsável, dos insumos ao descarte. Dessa fama “não planejada”, o que Bela procura é conscientizar as pessoas e falar das responsabilidades micro e macro para um bem-estar social de fato. Ela, por exemplo, não esconde o seu posicionamento político, nem o apoio ao MST e à produção local e orgânica de alimentos. Mas tudo tem consequências. Desde 2018, a chef percebeu uma queda de pelo menos 100 mil seguidores nas suas redes sociais, mas não se importa. “Fiz um ‘detox digital’. Não tem tantos comentários de ódio atualmente porque as pessoas que os disseminavam já saíram. É claro que ainda tem algumas situações. Quando falo do agronegócio, por exemplo”.
Para Bela, contudo, o tema não é sobre ideologia, mas números. “Eles acreditam que a monocultura de soja vai alimentar o planeta. Porém, se olharmos atentamente, sabemos que não é o caso.” Sorte que temos pessoas como ela para sonhar (e agir) em prol da democratização da alimentação saudável.