Peças que migraram do ambiente masculino para o feminino
Estes itens, antes exclusivos do guarda-roupa masculino, permanecem em alta na moda
Ao longo de muitos anos, principalmente na última década, pudemos acompanhar mudanças bastante relevantes na moda. Quem acompanha esse universo, percebe o quanto o mundo fashion tem estado atento às transformações sociais, culturais e econômicas pelas quais o mundo vem passando. Afinal, a moda nada mais é um do que um espelho da sociedade em que vivemos.
Como uma profissional que atua nesse segmento, observo que a moda nunca esteve tão democrática como no atual momento. As discussões de gênero estão abrindo novos horizontes e colocando a moda em outro patamar. Os rótulos que sempre delimitaram os seus caminhos estão dando mais destaque à autenticidade e à liberdade de escolha de cada mulher e de cada homem.
Hoje, e cada vez mais, vestimos aquilo que gostamos e que tem a ver com o nosso estilo sem estarmos presas aos padrões sociais. A nossa essência é o que predomina, um reflexo disso é o crescimento da moda agênero, com modelagens diferenciadas que atendem a mulheres e homens.
No entanto, um passeio pelo tempo nos mostra que nem sempre foi assim. Uma prova disso eram as limitações impostas ao guarda-roupa feminino, quando o uso de determinadas peças era exclusividade do mundo masculino. Mas, como relatei no início desse artigo, os tempos, felizmente, mudaram.
A imposição de peças restritas ao mundo masculino ficou definitivamente no passado. Hoje a moda não cria rótulos, pelo contrário. Abre caminho para a liberdade que cada um acessa de acordo com seus valores e estilos.
Mas quais foram as principais peças que migraram ao longo dos séculos do guarda-roupa masculino para o feminino, e que hoje continuam em alta nas passarelas mundo afora?
Antes de tudo, é essencial ressaltar que a alfaiataria sempre esteve na linha de frente das restrições masculino/feminino. Privilégio dos homens, as calças compridas, blazers, camisas, macacões, gravatas, e até mesmo o aclamado jeans, foram migrando diante da importância e da independência que a mulher foi conquistando através dos séculos e, especialmente, em alguns acontecimentos históricos, como a Segunda Guerra Mundial e, atualmente, o conflito entre Rússia e Ucrânia, que por uma série de questões econômicas também impacta a moda.
É importante salientar o papel das estilistas ao longo de toda essa evolução. Afinal, elas se inspiram nas mudanças culturais e sociais para criar suas peças de maneira que elas representem esses movimentos e seus avanços. Vamos entender melhor como essas transformações aconteceram e como fortaleceram o protagonismo feminino?
A calça comprida, por exemplo, sempre foi vista como um grande símbolo de poder masculino. Foram estilistas como Coco Chanel, um dos maiores ícones da moda, e Paul Poiret que encamparam essa revolução e introduziram a peça no guarda-roupa feminino
Coco Chanel revolucionou a moda na década de 1920. Foi graças a ela que vários padrões foram quebrados. O blazer que apareceu em 1837, no Reino Unido, como peça exclusivamente masculina, ganhou um novo olhar por volta de 1930, quando a estilista, inspirada na peça masculina, criou o tailleur feminino.
A camisa masculina, tão curtida por muitas mulheres na década de 1950, e que continua em alta, também passou pelas mãos da estilista e foi abraçada pela atriz Audrey Hepburn, mulher com grande poder de influência naquele momento. A peça, sem dúvida alguma, se transformou num ícone de estilo que permanece atual e marcante.
O jeans, outro item que pertenceu ao guarda-roupa masculino, e que hoje é muito representativo da silhueta feminina, passou a ser usado pelos dois gêneros quando as mulheres conquistaram postos de trabalhos antes restritos aos homens durante a Segunda Guerra Mundial.
Agora que já vimos a evolução do uso dessas peças entre os dois gêneros e de como elas continuam em alta, darei algumas sugestões das últimas tendências de 2023.
Alfaiataria
As peças de alfaiataria estiveram em alta no radar das grandes marcas durante os desfiles recém-realizados nas principais semanas de moda europeia. Com uma pegada de estilo sofisticada, as calças, jaquetas e coletes chamaram atenção e marcaram presença nos desfiles de diversas marcas com um visual altamente contemporâneo e com propostas diferenciadas. As peças passeiam com desenvoltura nos universos masculino e feminino.
Blazers X Shorts
Algumas grifes apostaram na ousadia e exibiram na passarela blazers com ombros largos e marcantes, o que pode atrair muitas mulheres, principalmente aquelas que investem num look mais elaborado. Aliados a saias lápis, formam um visual que transmite elegância e personalidade. As duplas blazers e shorts ou blazers e calças, o famoso terninho, também estão em alta, principalmente em tons monocromáticos. Se você é adepta de um estilo mais contemporâneo, essa proposta tem tudo para agradar.
Gravatas
Para aquelas que gostam de uma pegada mais ousada, as gravatas podem fazer a diferença. Peça nascida no guarda-roupa masculino, a gravata pode imprimir um visual único e moderno à mulher. Uma aposta que funciona é usá-la com um conjunto de calça e blazer monocromático ou mesmo em tons diferentes. A peça também pode ser um ponto de atenção se usada com vestidos ou com camisas brancas, tenham elas um toque mais tradicional ou moderno.
Calçado com pegada masculina
Não chega a ser novidade que o Oxford está introjetado no estilo de muitas mulheres mais conectadas à modernidade. Criado na concepção masculina, ele foi evoluindo e hoje é um ícone feminino para muitas marcas. Nas versões mais atuais, o modelo de calçado apresenta uma plataforma mais grossa e adornos diferenciados. Se você gosta de imprimir um estilo que faça a diferença, essa dica é sinônimo de sucesso.