Um Bauru, por favor!
As garotas classe-média-de-Bauru ainda estão na lanchonete da vida, e receberam uma lição
As meninas do Leblon não fariam isso. Ou fariam? Quarenta anos é velha? Então virei maracujá seco com meus quase sessenta. O fato é que me pegou muito mais o preconceito contra oportunidades do que contra a idade. A universitária balzaca não teve condições de entrar novinha na facul, postergou porque a vida cobrou coragem.
Já as garotas classe-média-de-Bauru ainda estão na lanchonete da vida com seus batons gloss e minissaias. Mas fica uma lição. O mercado maduro gritou alto. Parecia comício. Meus pares grisalhos deram de Marielle e mandaram ver. Aplaudi de pé. E culminou com a chinesa vencedora do Oscar usando o microfone para vomitar sua jornada heróica de melhor atriz. Aos 60 anos. Amei.
E são tantos os exemplos da mulherada potente mesmo com pentelhos brancos. Ouso dizer que a revolução silver está com os alto-falantes em decibéis altíssimos. E não vamos mais parar. Temas como trabalho, sexo, moradia, leis de proteção ao idoso e uma série de novos assuntos estão na prateleira da longevidade. Então meninas, obrigada por serem tão míopes. Através de vocês se abriu um imenso horizonte de debates e pautas. Ah, antes que eu me esqueça: um bauru por favor com muito tomate, alface e vergonha na cara.