Setembro amarelo
"Você sabia que a cada 45 minutos, um brasileiro tira a própria vida? Até o fim do dia de hoje, trinta e duas pessoas irão se matar?"
Estamos quase no fim… de setembro. Mas poderia ser da vida. O ato de se matar, tirar a própria vida, virou epidemia. Os meios têm noticiado com mais frequência, mas ainda de forma insuficiente. Famosos, anônimos, jovens, idosos saem de cena e o assunto permanece tabu.
Eu, que descortino com naturalidade os perrengues da vida, confesso que na minha família tenho dois casos. Minha tia paterna estourou os miolos. Minha madrinha pulou da janela. Ambas 50+, aliás, 60+. Gentis, serenas, queridas.
O choque da perda não foi maior do que o choque de o porquê. Por quê? Até então, na minha cabeça atribulada, só gente mentalmente prejudicada, neurótica, bipolar ao extremo, doente, pensa em se matar. Preconceito puro. Desconhecimento total.
No Brasil o número deu um salto. Você sabia que, a cada 45 minutos, um brasileiro tira a própria vida? Até o fim do dia de hoje, trinta e duas pessoas irão se matar?
O CVV – Centro de Valorização da Vida – tem se empenhado em difundir mais campanhas e debater abertamente o tema. Basta discar para o 188 (ou 141 nos estados do Maranhão, Bahia, Pará e Paraná). O atendimento é anônimo e o outro lado da linha guarda sigilo.
Eu tremo de saber que a pessoa ao lado – seja filho, mãe, marido pode, voluntariamente, desaparecer, então podem contar comigo. Sofro até hoje de lembrar das minhas queridas tia Maria e madrinha Tânia e ainda mais da culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, humilhação pelos quais poderiam estar sentindo. Eu não percebi nada. Nada. Agora, tudo é pó.
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