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Leitoras de CLAUDIA contam suas lembranças emocionantes com a revista

“Mudei radicalmente a minha vida após uma viagem espiritual à Índia”

Aos 40 anos, Luciana Arbre deixou o casamento e a vida profissional exaustiva para se encontrar - e começar de novo nunca foi tão recompensador

Por Kizzy Bortolo
24 abr 2024, 16h00
Luciana Arbre
A empresária paulistana Luciana Arbre (Divulgação/Divulgação)
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Os terninhos, os saltos e as roupas formais passaram a dar espaço à peças leves e confortáveis. A empresária paulistana Luciana Arbre, de 54 anos, mudou. E mudou muito. Não se trata apenas de uma revolução só no guarda-roupa: foi – e é – uma transformação íntima e profunda, que a fez ressignificar toda a vida, arregaçando as mangas para uma nova fase, completamente diferente de sua atribulada rotina como executiva de grandes bancos no mercado financeiro em São Paulo, onde trabalhou por 11 anos.

Foi em 2015 a grande virada de chave da sua vida! Neste mesmo ano, ela ainda terminou um casamento de 20 anos e saiu em busca de total autoconhecimento e de se espiritualizar. Em depoimento à Kizzy Bortolo, ela conta mais sobre este momento único. 

“Desde a minha infância, cresci dentro dos padrões considerados como ‘certinhos’ e exemplares da sociedade, num lar de classe média alta paulistano. Sou mãe de três filhos: Roberto, de 25 anos, Maria, de 23, e João, meu caçula, de 14. Tenho 54 anos, mas me sinto em plena ‘flor da idade’. Sempre me orgulhei das minhas conquistas. Todas elas! Afinal, todas são o que se espera de uma boa mãe, mulher e profissional bem-sucedida. 

Sempre fui a boa aluna da turma, desde os tempos de escola até a faculdade. Me formei em Administração de Empresas em 1990 e, logo após, decidi fazer uma pós-graduação em Harvard, nos EUA, que durava um ano, já que eu não queria ficar tanto tempo fora do Brasil. Nessa época, já estava namorando há sete anos e seguia apaixonada pelo meu então namorado. 

Comecei minha carreira como estagiária no Citibank, um banco global com mais de três mil filiais em 36 países ao redor do mundo. Após alguns anos de trabalho e dedicação, nesse mesmo banco, fui promovida e trabalhei como assistente do analista de risco e crédito, onde eu cuidava das 10 maiores contas do banco, que incluíam CVRD, Petrobras, Shell, entre outras grandes multinacionais. Amava o meu trabalho e tinha a plena certeza de que a minha carreira seria toda feita ali. Me lembro que, desde pequena, já brincava com minhas amigas de ‘caixa de banco’ com os cheques que o meu irmão trazia do banco onde ele trabalhava. 

Quando voltei para o Brasil, em 1992, por sorte, estava no lugar certo e na hora certa. Entrei no banco francês Indosuez como analista de investimentos. Com isso, tive um ‘boom’ na minha carreira! 

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Me casei aos 25 anos com o meu namorado. Aos 26, ainda muito nova, me vi diretora do banco ‘HSBC James Capel’ no Brasil, comandando um grande time de analistas. É importante lembrar que, como mulher, só tive esta oportunidade graças a uma chefe irlandesa que gostava muito do meu trabalho e que me abriu esta porta. Se dependesse de outro homem, não sei se eu teria a mesma oportunidade

Em 1998, estava grávida do meu primeiro filho, quando fui contratada pelo ‘ABN AMRO’, que é um banco comercial e de investimentos dos Países Baixos, com sede localizada na capital holandesa, em Amsterdã. Nessa época, nasceu o meu primogênito, Roberto. E, após o nascimento da minha segunda filha, Maria, já muito cansada da vida de banco e de muitas viagens consecutivas, resolvi mudar totalmente.

E, claro, nem preciso dizer que, nessa fase da vida, meu ego estava lá nas alturas. Mas mesmo com esse sentimento de ‘poder’, me sentia muito mal internamente. Era um desconforto emocional que eu não sabia nem de onde vinha. Naquela época, eu não tinha consciência do que o meu corpo podia me dizer. O nosso corpo é um grande balizador da nossa história, e isso é fato. Ele tem o registro de tudo, de todas as nossas memórias, vale lembrar.

Passei a refletir sobre a minha vida e comecei a buscar, intensamente, por fontes alternativas de bem-estar. Com o apoio do meu meu irmão Aldo, em 2004, resolvi empreender. Parecia a coisa mais simples do mundo criar uma empresa de cosméticos vegano ‘do nada’, com produtos de altíssima qualidade (e o uso de óleos essenciais numa época em que as pessoas nem sabiam o que era isso). Eu me sentia à frente do meu tempo. Mas, como era uma pessoa ambiciosa, tinha o sonho de que a minha nova empresa pudesse conquistar o mercado europeu e americano, que eu já tanto frequentava nas minhas viagens.

Quem menos me incentivou foram meus pais. Mas segui em frente mesmo assim. Abri minha empresa depois que saí do banco, após 11 anos consecutivos de trabalho árduo no mercado financeiro. Tive ainda um tempo pré-operacional de estudos, desenvolvimento das fórmulas, etc. 

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O que mais me motivou largar a carreira bancária e abrir a minha própria empresa foi a certeza de que meu negócio daria certo. Montei esse projeto em conjunto entre meu marido. Porém, depois de um tempo, ele abandonou o barco e eu fiquei por alguns anos remando sozinha contra a maré. 

Muitos me perguntavam: ‘Como você teve coragem de deixar um trabalho seguro para empreender numa área tão diferente?’ Essa foi, certamente, a pergunta que mais escutei, inclusive dos meus pais, que também me questionaram muito. De fato, naquela época, fiz uma transição de carreira pouco convencional: de executiva financeira de um grande banco multinacional, a empresária.

Para ser absolutamente sincera, não foi uma mudança friamente planejada por anos. Na verdade, tudo começou com uma experiência pessoal forte e transformadora: passei por muito cansaço profissional, o que já era um sinal claro de que algo não ia bem no meu estilo de vida.

Me lembro que eu tinha tanta certeza no começo mas, aos poucos, esta confiança foi sendo minada e todo o meu dinheiro, que foi investido neste projeto, acabou indo pelo ralo. Quando vi, já não tinha mais quase nada. Não consegui atingir o que almejava e entrei em numa profunda crise de identidade e frustração. 

Aos 40 anos, me vi numa situação em que nada do que eu estava vivendo parecia fazer sentido . E, para ressignificar tudo isso e sair dessa profunda tristeza, em 2010, me joguei no Reiki. Logo depois, entrei para a espiritualidade através da Kabbalah, onde me aprofundei nos estudos por cerca de três anos.

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Meu terceiro filho, João, nasceu nesta fase. Essa gestação transformou a minha vida, porque veio num momento de grande dificuldade interna, em que eu estava muito infeliz. 

Em 2015, passei a fazer ioga e meditar. Tudo isso me trazia um grande alívio interno. Nesse mesmo ano, quando completei 20 anos de casada e estava há 11 anos com minha empresa, sem ter os resultados que eu queria, entrei numa crise total existencial e de meia-idade. 

Conheci o Roberto Ziemer, um terapeuta maravilhoso que me ajudou muito nesse processo de cura e autoconhecimento. E foi quando tomei a decisão: eu queria mudar. Só não sabia como. Foi quando resolvi abandonar tudo.

Primeiramente, me fortifiquei internamente e comecei a ‘chutar todos os baldes’, ou melhor, todas as amarras que prendiam a minha vida. Me separei do meu marido, pai dos meus três filhos, em agosto de 2015 e iniciei um grande processo de mudança e transformação.

Resolvi acabar com tudo, começando por fechar a minha empresa de cosméticos veganos. Em fevereiro de 2016 foi quando parei de trabalhar. Ufa! Foi um grande alívio! Nunca antes tinha me permitido fazer isso.

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Comecei , então, um período sabático que durou quase quatro anos, com retiros espirituais e muitos estudos, formações voltadas ao autodesenvolvimento e autoconhecimento. Foi uma fase de total encontro comigo mesma! Deixei de ser aquela mulher ‘certinha’ de antes e quebrei (quase) todos os padrões e rótulos que eu havia me colocado e me estabelecido ao longo de toda a minha vida.  

A primeira vez que fui à Índia foi no final de 2016. E, realmente, foi algo transformador para mim! Fui para Puna, no centro de meditação do Osho. Minha primeira experiência lá foi intensa e maravilhosa. Me transformei internamente! Neste período, entrei em contato com as minhas sombras e, consequentemente, todos os meus traumas vieram à tona.

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Luciana raspando os cabelos na Índia (Divulgação/Divulgação)

Fiz o que chamo de uma verdadeira ‘faxina interna’: mental, corporal e, sobretudo, espiritual. Obviamente, foi um processo muito dolorido. O ápice desta dor foi em 2018, quando, na minha segunda ida à Índia, decidi raspar o meu cabelo à beira do rio Ganges, o rio sagrado indiano que, segundo eles, trás purificação aos seres. Eu queria uma nova vida! E buscava isso.

Raspando o cabelo parecia que eu estava me livrando de todo o passado e, finalmente, renascendo. Meus amigos e familiares acharam que eu tinha surtado, que estava louca por tomar uma atitude radical dessas. Alguns outros achavam que fiz isso por estar passando por alguma doença. Mal sabiam eles que eu estava me curando espiritualmente! 

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Neste período de total angústia e sofrimento que vivi, sempre buscava alternativas naturais e encontrei na aromaterapia e na terapia floral um alívio! Eles, literalmente, me salvaram! Pude sentir a verdadeira transformação alquímica que aconteceu dentro de mim com o uso dos óleos essenciais e dos florais. Eles foram fundamentais para que eu voltasse a me sentir bem novamente.

Neste meu período sabático, que terminou no final de 2019, estudei bastante, me especializei e fiz diversas formações. Me aprofundei nos estudos em Terapia Tântrica, Dançaterapia, Aromaterapia, Terapia Artística, Terapia Floral , Reiki nível II, entre outras. Deixei de lado o meu ‘fazer’, ou seja, um lado totalmente masculino que eu tinha, que havia me dominado antes desta fase de mudanças, e fluí para o meu ‘ser’ feminino, fluido, sensível e que eu nunca tinha tido muito contato antes na minha vida.

Voltei ao Brasil depois da terceira viagem à Índia em março de 2020, no começo da pandemia, e fundei a minha segunda empresa de cosméticos terapêuticos, que reúne todos os meus estudos e conhecimentos na forma de produto, que podem acompanhar a pessoa em todas as fases da vida e, assim, potencializar a busca pela melhor versão de ser!

Com a missão de estimular uma conexão mais íntima com o mundo interno que permite o despertar do sentir-se bem, tanto física quanto emocionalmente, por meio de experiências de autocuidado que abraçam, ela nasceu. A partir da minha própria vivência, aprendi que a beleza e o bem-estar vem de dentro. E que precisamos estar bem e nos sentir bem para vivermos com saúde, felicidade e prosperidade. Tudo é sobre nós, internamente.

O que vivemos fora, na nossa vida, é um reflexo do nosso mundo interno. Em busca do despertar da consciência, comprovei em mim mesma a potência dos florais e dos óleos essenciais. Uma grande preocupação que tenho é acompanhar as mulheres em seus inúmeros movimentos e diferentes fases da sua vida. Procuro encorajar o abraçar das mudanças do corpo feminino, das relações e da saúde mental, acolhendo e empoderando as mulheres em cada setênio, auxiliando-as no equilíbrio emocional e hormonal, transmitindo, assim, a potência da natureza para o despertar da mulher para o seu fortalecimento, cuidando da beleza de dentro pra fora.

Ao todo, fui quatro vezes à Índia! E lá, sempre me conectei e me reencontrei! Na última vez em que estive no país, em 2022, conclui os exames do mestrado que fiz na ‘Ciência Quântica da Saúde Felicidade e Prosperidade’, onde estudei por dois anos com Amit Goswami, que é um físico, pesquisador, professor e escritor indiano renomado. Continuei ainda os estudos para minha formação em Constelação Familiar e, mais recentemente, mergulhei na antroposofia, a ciência espiritual desenvolvida por Rudolf Steiner.

Quando parei de me espremer para caber numa caixinha tão específica, descobri leveza, maleabilidade e, claro, profundo autoconhecimento. Reconheci que tinha inúmeros talentos e paixões que nunca antes tinha autorizado. Descobri novas formas de me apresentar ao mundo, transitei por outros grupos, conheci novas pessoas, outras tribos, vivi experiências que jamais tinha imaginado, como nesses anos todos de aprendizado na Índia. Tudo isso porque me permiti ser livre para ser quem eu era de verdade, sem me pendurar apenas em um cargo ou em uma organização para me sentir digna de valor. 

Saí da executiva exausta de tanto trabalhar e viajar, cheia de traumas, ansiedade, burnout, que me vitimizava e culpava a todos pela vida que levava, e me transformei em uma mulher forte, feminina, próspera, feliz, realizada, que se conhece bem e que é consciente da sua autoresponsabilidade em relação às decisões e escolhas.

E, por mais óbvio que pareça, percebi que não estava recomeçando do zero quando voltei ao Brasil e decidi começar uma nova empresa. Eu carregava comigo todo o meu repertório e experiências pregressas. As habilidades que desenvolvi, as relações que cultivei, os projetos que liderei, as crises que manejei, tudo, absolutamente tudo, que eu vivi até ali me acompanhava e tinha me preparado para cada novo passo que eu daria.

Enquanto ouvia as histórias de dezenas de mulheres de todo o mundo, por onde eu viajava, descobri que estratégias simples que são facilmente implementáveis funcionam melhor para mães ocupadas que, frequentemente, tentam dar conta de tudo, assim como eu era. Comecei, então, a usar essa abordagem quando estava saindo do meu período de esgotamento e também de um casamento que não estava dando mais certo.

Durante minha formação com professores de ioga, aprendi também sobre a importância da respiração e a diferença radical que alguns minutos de reflexão poderiam fazer. Acredito que muitas vezes nos sentimos esgotados porque passamos por nossas vidas completamente desconectados de nossos corpos e espíritos.

Estamos correndo tão rápido na esteira que nosso bem-estar físico está sendo jogado no chão, enquanto nosso bem-estar emocional e mental está murchando. Ignorar como nos sentimos raramente funciona por muito tempo

Sabemos que muitas mulheres, assim como eu, tiveram mudanças radicais depois dos 40, 50 anos de idade, provando, assim, que a maturidade não é mais um tabu. Há muitos exemplos de mulheres que (re)começaram do nada e tudo de novo e que, agora, estão colhendo os frutos da própria coragem!

Aprendi que mudanças exigem muito mais do que desejo. É preciso romper com os hábitos. É necessário romper também com o conforto, até mesmo aqueles que já nos aprisionam e nem notamos. Como diz um velho ditado: ‘Um navio no porto é seguro, mas não é para isso que os navios foram feitos.’, não é mesmo?

É preciso e necessário expor-se às marés calmas e as turbulentas. E não existe ser humano mais propenso a renovar-se do que nós, mulheres! Afinal, o corpo, a cabeça, o coração e o espírito de uma mulher estão em constante movimento e evolução. Aprendi que navegar é preciso! E muitas de nós ousaram afastar-se do porto para navegar, antes de tudo, em busca de si mesmas. Muitas de nós ainda estão em alto mar, quase à deriva. Porque saber ousar, assim como mudar, são verbos transitivos, diretos e femininos.”

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