Mãe não é verbo intransitivo: parte 2
O “Amaternar” não é um mero acúmulo de tarefas para que provemos ao OUTRO do que somos capazes
Os dias continuam corridos, como em geral o são para todas as mães. Esses dias fui questionada se minhas crônicas, que tanto incentivam as mulheres a se entenderem em suas múltiplas identidades e buscarem a plenitude de existirem, não estaria incentivando a famosa “síndrome da mulher-maravilha”, que leva ao adoecimento e aos inevitáveis sentimentos de culpa e fracasso de tantas mulheres. Pelo contrário, respondo com convicção.
O “Amaternar” não é um mero acúmulo de tarefas para que provemos ao OUTRO do que somos capazes, mas um repensar a vida pessoal e coletiva para uma divisão mais equitativa das tarefas dos cuidados das crianças e doméstico. Nesse sentido, é preciso aprender PRINCIPALMENTE e INCLUSIVE a dizer “NÃO” em certas situações que apenas nos promovem mais trabalho e cansaço. Isso não impede que nosso cotidiano continue a ser cheio de tarefas para realizar. A questão é que passamos a ver sentido e essência naquilo que fazemos. Quando estamos em uma atividade, o “Amaternar” nos permite que estejamos inteiras. É algo profundamente complicado, pois depende do coletivo começar a modificar sua maneira de perceber a existência das crianças como pessoas na sociedade, e portanto, uma responsabilidade pública e, não somente, das mães, em sua criação.
Muitas vezes eu escrevo com as crianças à minha volta, interrompendo-me constantemente; outras, eu estou “amaternando” alguém da minha família, já que esse ano foi, aqui em casa, “temperado” de acidentes e doenças. Já ocorreu de eu estar hospitalizada, escrevendo. Em todas essas ocasiões, o amor e os cuidados eram a energia pulsante nas falas, na bagunça e nas demonstrações de afeto.
Quando eu viajei para concorrer no “Miss Beauty International”, minha mais nova adoeceu. Acompanhei a saga: médicos, remédios, carinho de longe e de perto. Ligava e mandava mensagens e sabia que ela estava bem cuidada. Quando voltei, dormimos juntas. Ela sempre teve certeza do meu amor e ficou muito orgulhosa do prêmio que conquistei. Hoje, ela desfila pela casa com um cetro em uma mão e um livro em outro: ela sabe que é possível ser e ter vários mundos dentro dela e eu rio baixinho, quase em oração, agradecendo por ter ampliado o seu pequeno mundo.
Para que possamos ser o que quisermos, é preciso que nos apresentem opções, em um amplo horizonte do viver. E é exatamente isso que quero que elas vejam na mãe delas: um universo inteiro de possibilidades. Como disse na primeira parte e repito, “Mãe não se define por si só: mãe não é verbo intransitivo”. A nossa felicidade não depende de estarmos vivendo todos os dias um conto de fadas, mas de fazermos da vida um lugar que queremos estar a cada segundo.
E agora acrescento mais uma pergunta: como é possível transformar o ambiente à sua volta para que seja um lugar do “Amaternar” e como isso te permitiria ser mais inteira e plena em sua maternagem? Me manda sua reflexão!
Vamos conversar?
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