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Corpo, fala

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Carol Teixeira (@carolteixeira_) é filósofa, sacerdotisa tântrica e escritora

Orgasmo é autocuidado

É também fogo criativo e afirmação de vida. Aceitá-lo te faz um canal de amor e poder para além da sexualidade

Por Carol Teixeira
Atualizado em 15 ago 2022, 13h31 - Publicado em 8 jul 2022, 08h49
Orgasmo é autocuidado
 (Alle Manzano/Divulgação)
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Ser mestra tântrica me permite, entre tantas coisas, trabalhar diretamente com a energia sexual vital criativa das pessoas. “E só através do orgasmo consigo alcançá-la?”

Não, querida shakti, mas um orgasmo livre, com sensação de merecimento, em um espaço onde seu corpo é reverenciado, te torna um canal de amor e poder. Assim, seu orgasmo é uma reza no seu próprio templo. Você desprende a sua autoestima da validação alheia, mantém a criatividade no seu auge, empodera a sua essência e melhora a conexão com o seu feminino.

O problema é que a sociedade nos disse que prazer é algo obsceno, unicamente relacionado ao genital e que precisa ser delegado ao outro. Aquela coisa que você só lembra depois de lidar com as diversas áreas da vida. Mas prazer, repito, é autocuidado físico, energético e espiritual. Lembrei disso ao ver, em um curso que estava conduzindo, uma mulher de 41 anos ter seu primeiro orgasmo. Ela ria, chorava e contagiava todos ao redor. Foi mágico, um êxtase autorizado e celebrado pelas 40 mulheres ali presentes.

Seja qual for a sua profissão, empoderar outras é criar essa rede infinita de expansão. É como se viesse um grito interno que deixasse claro, de uma vez por todas: você merece! É ele que interrompe um processo histórico de repressão. Nosso prazer e autoaceitação podem ser revolucionários, mas, antes disso, é um ato de generosidade com nós mesmas. Algo a ser naturalizado no cotidiano. Descobrir como você gosta de se tocar, como você pode ter melhores orgasmos; entender o quanto um corpo que goza é um que tem mais vontade de viver, isso muda radicalmente sua relação com o mundo.

A conversa é bastante profunda, mas é possível começar em casa mesmo. Primeiro indico que se livre dos mitos que introjetaram em nossa mente: de que mulher não tem desejo sexual, de que precisa de um outro para conduzir seu prazer, de que seu órgão sexual – no Tantra, chamamos de Yoni, ou portal sagrado, na tradução do sânscrito – é feio ou deveria ser diferente.

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Vamos esclarecer: 1) sua potência sexual é infinita (é possível emendar um ciclo orgástico no outro sem dar nenhuma pausa); 2) você é totalmente capaz de proporcionar o maior prazer do mundo para você mesma; 3) sua yoni é um grande portal de poder e ela é perfeita como ela é.

Tendo isso dito, agora experimente fazer do toque um ritual. Aproveite momentos diários que podem virar uma meditação de autocuidado e reverência ao seu corpo-templo, como o banho, por exemplo. Sinta a água escorrer, tome consciência da sensação ao lavar cada parte, com foco total no presente. Escolha com cuidado a música, a iluminação e os aromas que envolvem seu banho (use um óleo essencial que te desperte). É seu momento.

Depois, se puder, se massageie intuitivamente. Massageie também a sua yoni com a intenção de se aproximar de seu prazer-poder. E, então, nesse ritual de autorização, sinta que você merece tudo o que ele te proporcionar.

Lembre-se de todas as vezes que você ouviu “feche as pernas, menina”, e abra seu corpo como uma grande resposta de vida a essa negação. Um SIM tão grande que fagocita qualquer ‘não’. Um sim para você que, ao mesmo tempo, é um sim para todas nós.

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