Meu nome é Suzana Duarte Barbosa Maluhy, tenho 59 anos e dois filhos agora adultos. Sou bióloga e fui professora por 32 anos. No final de 2013, divorciada há quase 5 anos e sem colaboração do ex-marido, fui demitida da escola em que havia lecionado nos últimos 11 anos, sem esperar que isso fosse acontecer.
Estava sempre me atualizando, tinha bom relacionamento e era querida pela grande maioria dos alunos. Tinha pique para dar aulas e criar projetos e também para acompanhar adolescentes em estudos de meio de vários dias, em lugares onde outros professores não se animavam, como região de cavernas, por exemplo. Eu não percebi os sinais? Não percebi mudança nas famílias e na política da escola? Não sei, mas aconteceu.
Passado o choque inicial, respirei fundo e arregacei as mangas. Atualizei meu currículo, com três pós-graduações, livros didáticos publicados, uma infinidade de cursos e fui à luta. Descobri, entre apavorada, revoltada e muito triste, que a data do nascimento estava, enfim, pesando muito mais do que a minha competência ou a minha experiência. Mas não podia -nem queria!-, me dar ao luxo de me aposentar e ficar em casa.
Já havia algum tempo eu vinha pensando em um plano B para o futuro. Eu considerava algumas possibilidades, entre elas o paisagismo: uniria meu conhecimento formal a meu amor pela natureza e pelas artes. Assim, com a parceria de uma amiga dos tempos de faculdade que já atuava na área, fui fazer cursos e resolvi, aos 56 anos (minha idade não me define!), ingressar em uma pós-graduação em arquitetura da paisagem, onde a maioria dos outros alunos, hoje amigos queridos, tinham idades próximas às dos meus filhos. Não foi uma decisão fácil: não sabia se economizava o dinheiro da indenização ou se me jogava numa possibilidade de futuro enquanto eu ainda tinha como bancar esse sonho.
Apesar dos percalços, hoje tenho a certeza de que foi a opção mais acertada. Em muito pouco tempo, muita coisa aconteceu: a sociedade com minha amiga logo terminou, tive medo, tive depressão, terminei a pós, escrevi minha monografia, meus filhos saíram de casa e, acho que alguém lá em cima gosta muito de mim!, surgiram muitos anjos da guarda disfarçados que me ajudaram (e ainda ajudam!) a conseguir bons trabalhos e a crescer e a amadurecer na minha profissão.
Resumindo, foi isso: tive de me reinventar e recomeçar, precisei descobrir uma força que eu nem imaginava que tinha. Começar a aprender sozinha a gerenciar uma empresa depois dos 55! E quero muito mais ainda! Quero crescer na minha carreira, desenhar e executar projetos lindos e que respeitem a natureza. Realizar sonhos, conhecer lugares. E assim vou caminhando por essa nova e ainda meio desconhecida estrada, mas que está se mostrando maravilhosa!
Abraços!
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