Por que Agatha Harkness é a bruxa que todos amam?
A antagonista simpática ganhou uma série para chamar de sua, com a expectativa de trazer a mágica de volta para o universo da Marvel
Eu diria que houve uma sintonia energética de que a fase mais dark da Marvel casasse com a pandemia e o pós-COVID. Foi um freio à popularidade dos super-heróis. Hoje, porém, o estúdio ainda está tateando para voltar à unanimidade anterior.
No meio disso tudo, os aficionados dos quadrinhos se dividem com as liberdades artísticas que mudam muita coisa nos filmes e séries. Entre eles está a bruxa Agatha Harkeness, que está de volta com a série Agatha Desde Sempre, disponível na Disney Plus.
Estou para falar de Agatha há meses, mas fiquei aguardando a sua volta oficial. Assumo meu conflito interno que simpatiza com a atriz Kathryn Hahn e com isso tenho olhos carinhosos para a personagem que foi antagonista em WandaVision.
Na série, encontramos Agatha Harkness, que é uma das bruxas centenárias mais poderosas da Terra, disfarçada como Agnes e tentando roubar os poderes de Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen), a Feiticeira Escarlate. Falsiane até o último fio de cabelo, não é?
Criada por Stan Lee e Jack Kirby em 1970, nos quadrinhos ela apareceu pela primeira vez em Fantastic Four #94 como a babá de Franklin Richards, filho de Reed Richards (o Senhor Fantástico) e Susan Storm (a Mulher Invisível) do Quarteto Fantástico.
Capaz de manipular forças mágicas, se teletransportar, projetar energia, causar ilusões e invocar entidades extradimensionais. Ela também é a mentora da Bruxa Esacarlate, algo que mudou na série WandaVision.
A vantagem de ter uma atriz como Kathryn Hahn no papel é que ela tem humor e empoderamento, além de carisma. Como Agnes, uma vizinha aparentemente inofensiva e prestativa, ela guardou o segredo de sua identidade até o final e nem todos os fãs apreciaram a revelação, outros já tinham sacado longe.
Diante do brilhantismo que foi a série, a surpresa de que Agatha Harkness era a verdadeira manipuladora por trás dos eventos distorcidos na cidade pareceu reduzir o impacto narrativo.
Não sei se concordo…Por outro lado, entendo que a diferença na série em relação aos quadrinhos de não ter Agatha como uma mentora para Wanda Maximoff, ajudando-a a entender e controlar seus poderes mágicos, possa ter incomodado. Seria incrível as duas bruxas juntas em vez de antagonistas.
Aguardamos quatro anos até finalmente Agatha Harkness ter a sua série própria no universo da MCU e isso expande o papel das bruxas e cria oportunidade para mais magia nos diferentes multiversos.
Nessa primeira temporada de sua série, a reencontramos três anos depois do duelo com a Feiticeira Escarlate, e Agatha, sem saber que realmente é, está cansada e sem poderes, mas determinada a recuperar o que um dia teve e está disposta a fazer o que for preciso para conseguir isso.
Eu gosto muito quando a história muda a perspectiva da personagem. Loki taí para nos ver torcendo pelo vilão e Agatha Desde Sempre segue na mesma escola. É como se agora fossemos ver Agatha Harkness como veremos Elphaba (a Bruxa Má do Oeste de O Mágico de Oz) em Wicked (filme, aliás, que chega aos cinemas em outubro).
É um convite a entender as motivações do antagonista e ver que nem tudo é tão binário como a nossa realidade nos força a perceber. Até as bruxas podem ser mal interpretadas também.
Se a participação de Agatha nos quadrinhos é bem distinta do que vemos na plataforma digital da Disney Plus, graças à Kathryn Hahn é impossível não gostar dela. E sua missão de recuperar os poderes parece uma metáfora para a Marvel. O desafio da bruxa não é bem fácil porque ser um spinoff de uma série inovadora e brilhante como WandaVision pode ser uma missão hercúlea.
No primeiro episódio – A Bruxa Está de Volta – a narrativa é paradoxalmente soturna e divertida, retomando a ação, como falei, três anos depois de WandaVision e logo depois de Dr. Strange no Multiverso da Loucura.
Agatha tem vivido como Agnes, num delírio similar à Wanda, “presa” em um universo fantasioso onde a vemos como detetive investigando a morte de uma mulher misteriosa. Com citações e brincadeiras com os clichês do gênero policial, em especial Mare of Easttown, Agnes/Agatha não sabe, mas o corpo é de Wanda e com a “morte” da bruxa rival, o encanto que a prende pode ser desfeito.
Ela fica irritada com a interferência da “Agente Vidal” (Audrey Plaza), que a provoca o tempo todo a questionar o que está acontecendo.
A recusa de Agatha de encarar “a verdade” é finalmente vencida quando um jovem (Joe Locke) invade a sua casa para roubar algo e, na prisão, ele diz que está procurando pela “Estrada”, uma referência que a princípio confunde Agnes.
Há muito o que divagar seriamente sobre os temas das séries. WandaVision foi um estudo do luto em muitos aspectos e aqui temos uma pessoa “presa” em alguém que ela não precisa ser. Mas isso está menos filosófico do que Loki ou WandaVision, logo fica mesmo uma aventura na qual Agatha precisa voltar a ser poderosa antes de ser encontrada pelas “Sete de Salem”, que querem destruí-la de vez.
Com a ajuda de seu fã e delinquente, ela parte na missão para qual precisa pegar algumas bruxas, para melhor invocar “A Estrada”, o destino que dará a qualquer um que chegar ao fim “a coisa que [eles] mais querem”. O segundo episódio é o recrutamento de seu clã, formado por Lilia (Patti Lupone), Sasheer Zamata (Jennifer Kale), Alice Wu-Gulliver (Ali Ahn), e Sharon Davis (Debra Jo Rupp).
Com início promissor, Agatha Desde Sempre não se propõe inovar, mas poder rir e gostar de uma antagonista é um feitiço poderoso que tá com cara de não ter imunidade. Já estou encantada.
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