Organização da casa pode contribuir para a melhora da depressão
Especialista compartilha sua história e dá dicas para quem quer começar a organizar os ambientes
Sabe aquela frase “casa organizada, vida organizada”? A personal organizer Ana Flavia Furlan viveu essa experiência em sua própria vida quando passou por momentos complicados por conta de uma depressão profunda. Com o auxílio de psicólogos e psiquiatra, ela melhorou a rotina e sentiu o poder dessa transformação. “Quando a minha psicóloga sugeriu que eu deveria começar a organizar minha casa, os horários e o dia a dia pra ajudar no tratamento, não acreditei que aquilo fizesse sentido”, revela Ana.
Mesmo assim, ela colocou as orientações em prática. “Primeiro a bolsa, depois uma gaveta e a sensação de retomar o controle da minha vida foi me ajudando de verdade. Cada gaveta que eu organizava, parecia organizar meus pensamentos, minhas emoções”, conta. A mudança foi tamanha em sua vida, que a organização virou sua profissão.
Ana deixou a carreira de 20 anos como jornalista para se tornar personal organizer. “Sempre digo para minhas clientes que o nosso armário representa como está a nossa vida naquele momento, as emoções com as quais estamos lidando”, explica a profissional.
Segundo ela, é uma expressão do que pensamos de nós e do mundo. “Uma roupa guardada há muito tempo, gavetas abarrotadas, roupas com etiquetas, mesas de jantar lotadas… tudo isso comunica algo que se passa em nosso interior. E organizar o lado fora ajuda a organizar o lado de dentro”, garante.
Mas, saiba que o oposto também é verdadeiro. Uma casa bagunçada pode desestabilizar quem vive ali. Um estudo da Universidade da Califórnia publicado no Jornal de Personalidade e Psicologia Social, mostrou que uma casa suja e bagunçada aumenta o nível de cortisol — hormônio do estresse — nas mulheres, o que pode desencadear diabetes, hipertensão, ansiedade e depressão. “Um local alvoroçado deixa nosso cérebro em constante estado de alerta, como se sempre houvesse tarefas inacabadas”, explica Ana.
Para ajudar você a criar uma atmosfera de bem-estar aí na sua casa, Ana compartilhou algumas dicas para ajudar na organização. Confira!
Passo a passo para organizar a casa
Primeiro passo
Comece pelo seu guarda-roupas. “Nada na sua casa é tão seu quanto seu armário de roupas. É nele que você se expressa de forma mais clara”, diz a personal organizer.
Foque no objetivo
Antes de começar, defina as metas. “Pense no porque você está fazendo isso. Não é sobre os objetos, nem sobre o julgamento alheio, é sobre se sentir melhor com você mesma”, afirma.
Entenda que arrumar não é organizar
“Arrumar é voltar as coisas para o lugar ou guardar coisas aleatoriamente. Organizar é encontrar lugares para as coisas de forma lógica”, explica Ana.
Evolua aos poucos
Jamais jogue tudo sobre a cama para organizar de uma vez. “Você vai desistir e se frustrar! Comece por uma categoria. Por exemplo: organize suas lingeries. No outro dia, as calças… e assim por diante. Pequenas vitórias vão trazer o ânimo necessário. Somente depois de terminada uma categoria, passe para a outra”, ensina.
Categorize e edite
Reúna todos os itens de uma família e observe com calma seu acervo de peças. “Se estiver fazendo as calças, por exemplo, avalie cada uma delas: a que você usa, a que não usa, a que cai bem. Veja se tem excesso de itens pro seu estilo de vida atual. Veja o que precisa ser ajustado e separe. Doe!”, diz.
Setorize
Definiu quais peças devem ficar? Então agora encontre um local para elas. “As famílias ou categorias devem ter um endereço lógico, simples e que faça sentido. Que seja fácil de encontrar”.
Invista tempo
“Busque maneiras de organizar aquela peça especifica na internet e finalize essa parte do seu armário com carinho e atenção aos detalhes”.
Lide com as emoções
Se encontrar peças que você guarda por razões emocionais, separe. “Faça uma sacola com elas e quando tiver terminado tudo volte a olhá-las. Veja que tipo de sentimento elas te causam de verdade. Esqueça que sua mente está buscando justificativas lógicas para mantê-las no armário. Como isso te faz sentir de verdade?”, diz. Aí você decide se fica com elas ou não.
Pense no sentimento que quer ter em casa
“Durante o processo, foque em como você quer se sentir e, quando tiver duvidas no caminho, pergunte a você mesma: isso vai me deixar mais perto do que eu quero sentir ou do sentimento quero abandonar?”.
Depois do processo
A palavra que define o sentimento da personal organizer ao receber o feedback das clientes que passam pelo processo de ordenação mental e do lar é gratidão. “Os retornos são sempre positivos. Recebo mensagens de que a vida pessoal e entre a família só teve melhoras a partir de uma organização efetiva, quebrando gatilhos mentais que levam a desordem. É muito satisfatório ajudar pessoas que se encontram no mesmo lugar em que eu estava há alguns anos atrás”, conta.
Ela ainda firma que não nasceu organizada. “Sempre fui bagunceira de carteirinha e, por isso, sei exatamente como minhas clientes se sentem e consigo ajudá-las de forma empática. A organização é uma fonte de autoconhecimento e é libertadora!”, finaliza Ana Flávia.