Consegui um emprego na cara de pau
Eu estava na hora certa, no lugar certo e fui muito esperto
Só depois de dois anos que contei para a minha gerente, quando havia provado que era um bom funcionário
Foto: Dreamstime
Eu estava desempregado havia 11 meses. Já tinha sido vigilante, atendente de telemarketing… Minha última atividade tinha sido vender churrasquinho… Carteira assinada? Ixi, era um sonho distante! Eu vivia entregando currículos. Foi assim que, um dia, entrei numa loja de sapatos na intenção de me candidatar a uma vaga.
Fui até o caixa e, antes que eu abrisse a boca, a atendente disse: ”Entrevistas no segundo andar!”. Num impulso, subi ao local indicado. Lá, outra moça perguntou: ”Você veio pra entrevista?”. Respondi que sim.
Ela nunca acharia minha ficha…
A atendente pediu meu nome e começou a procurar minha ficha. Ela nunca iria encontrá-la… porque ela não existia! Meu coração batia acelerado, minhas pernas estavam bambas, mas me controlei e disse calmamente: ”Me pediram pra estar aqui às 15h”. Ela insistiu: ”Quem ligou pra você?”. Respondi: ”Ah, não lembro o nome”.
Disfarçando o nervosismo, persisti na minha versão dos fatos: ”Poxa, fiz uma ficha aqui há uns dois meses”. Até que a moça cansou e me pediu para preencher outra. Só aí respirei fundo e relaxei. Fiz o cadastro rapidinho e fui me juntar aos outros.
Competência também conta
Todos naquela sala estavam mais bem arrumados do que eu. Sei que a aparência é importante, então, pra compensar, caprichei na hora de me apresentar. Fui firme: ”Estou aqui porque preciso, tenho três filhas pra criar”. Queria mostrar o valor que dava àquela vaga.
Saí de lá na maior expectativa. ”Será que eu tinha chance? Será que eles descobririam a minha farsa?”. Dois dias depois, o telefone de casa tocou. Fui selecionado para uma experiência de três meses. Há quanto tempo esperava por essa notícia! A contratação dependeria do meu desempenho.
Dei tudo de mim. Além das minhas tarefas, procurei ajudar os colegas e demonstrar interesse em outras áreas. Bom, vai fazer três anos que estou no emprego. Sou segurança, estoquista e ajudo até na venda. Consegui essa vaga na esperteza, sim, mas, se eu não tivesse competência, não estaria aqui, certo?
Contei tudo para minha gerente Só falei como fui contratado depois de dois anos. Àquela altura, eu já tinha provado que era um bom funcionário. Nunca cheguei atrasado! Ela riu e repetia sem parar: ”Não acredito… Não acredito!”. |