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20 mulheres de diferentes perfis revelam as dores e alegrias de empreender

No Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, 20 mulheres toparam falar sobre o que as motiva e quais as dificuldades que encontraram pelo caminho

Por Camila Pati
Atualizado em 19 nov 2020, 11h32 - Publicado em 19 nov 2020, 09h30
Mulheres empreendedoras
 (Montagem Arte/CLAUDIA)
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No Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, celebramos as conquistas das mulheres brasileiras em um ambiente que, se ainda é dominado por vieses machistas, preconceito, racismo, entre outros obstáculos, é também um caminho para uma vida com mais autonomia e, principalmente, um trabalho com propósito.

É que nos relatam as 20 mulheres donas do próprio negócio que toparam dividir alegrias e dores de suas trajetórias empreendedoras. São pessoas de diferentes perfis e origens que criaram soluções ou produtos e fundaram empresas em diversas áreas.  Ela são donas de empresas de alimentação, moda, maquiagem, beleza, tecnologia, saúde mental, finanças, recursos humanos, educação, entre outras.

Mulheres com histórias diferentes, mas unidas pela alegria de desempenhar uma missão alinhada com seus valores e crenças. Porque no fim foi exatamente isso, o propósito, que as permitiu vencer dores e obstáculos. E as dificuldades não são poucas. A carga é maior, sim, para a mulher empreendedora:  dificuldade de captar dinheiro, descrédito da sociedade, burocracia, falta de conhecimento e de conexões e, para aquelas que são mães, a nada fácil conciliação entre maternidade e a carreira.

 Confira o que elas dizem sobre vantagens e desafios que enfrentam no dia a dia:

Deliene Mota – dona do restaurante Encantos da Maré

Deilane Mota
Deliene Mota, dona do restaurante Encantos da Maré, em Salvador (arquivo pessoal/Divulgação)

Ser dona do próprio negócio é a maior alegria e realização na vida da empreendedora Deliene Mota, dona do restaurante Encantos da Maré, em Salvador.

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“Viver do meu sonho, fruto de muita vontade, determinação, perseverança, abdicação e muito aprendizado. Vivo as alegrias de uma equipe alinhada, comprometida e da satisfação dos meus clientes”, diz Deliene. 

As adversidades, na sua jornada, são sobreviver na economia brasileira e manter um negócio sendo negra, pobre e vinda da periferia. “Dificuldades financeiras, falta de apoio, racismo, sexismo, burocracia, corrupção”, explica.

Dani Junco –  fundadora B2Mamy

Dani Junco
Dani Junco: fundadora da B2Mamy (B2Mamy/Divulgação)

A fundadora da B2Mamy, empresa que capacita e conecta mães para o ecossistema de inovação e tecnologia, diz que o desafio de empreender a provoca a ser cada dia melhor.

“Quando começa a entrar no eixo já está na hora de começar de novo. Não tem como parar de inovar e isso é desgastante. Um outro ponto é encontrar e desenvolver o time certo, com equilíbrio entre propósito e habilidades. E o terceiro é ser gentil com as pessoas (inclusive consigo mesmo) e agressiva com os números”, diz.

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A principal delícia, no entanto, é ver a sua criação funcionando no mundo. “Um produto ou serviço passa a existir e a servir as pessoas para que suas vidas sejam melhores. Poder servir ao público, que eu decidi que era o meu chamado, não tem igual”. 

Ilza Santos Heckert, fundadora da Nana. Veg. 

Nana Veg
Ilza Santos Heckert, fundadora da Nana. Veg. (arquivo pessoal/Divulgação)

Dona da Nana Veg, uma empresa de comida vegana fresca e congelada por delivery em Salvador, Ilza diz que, apesar de empreender no Brasil não ser tarefa fácil, ela tem muitas alegrias.

“Ajudar a sustentar financeiramente a minha família e as pessoas que trabalham comigo, direta e indiretamente”, diz ela que é feliz por ter uma atividade profissional na qual acredita. “E a alegria de saber que meu trabalho ajuda as pessoas a mudar seus hábitos alimentares”, diz.

Seu principal desafio é manter um empreendimento tendo em vista o atual contexto de pandemia, que prejudica a economia. “Comprem dos pequenos”, pede a empreendedora.

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Suas dificuldades são lidar com impostos, taxas e também vencer o preconceito. “Ter que lidar com pessoas que sempre acham que não sou eu a dona do meu negócio por ser mulher”, explica. Outra dificuldade que a empreendedora enfrenta é equilibrar a gestão da empresa e os cuidados com seu filho Antônio.

 Tatiana Pimenta, fundadora da Vittude

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Tatiana Pimenta: fundadora da Vittude (Vittude/Divulgação)

Para a fundadora da startup que conecta pacientes a psicólogos, a grande alegria da sua jornada empreendedora é perceber o impacto positivo do seu negócio que tem como missão ampliar o acesso a serviços de saúde mental.  É nessa hora que tudo faz sentido para a empreendedora.

“Quando alguém me conta que encontrou um bom psicólogo na Vittude e que sentiu sua vida ser transformada, ou quando alguém me conta que desistiu do suicídio – algo super pesado de se ouvir – ao ser atendido por um profissional na Vittude, meu rosto se ilumina”, diz Tatiana.

O lado mais desafiador de ser empreendedora está relacionado ao recrutamento das pessoas certas. “O sucesso está totalmente relacionado com a capacidade criativa, engajamento, paixão das pessoas que trabalham aqui”, diz.

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Maili Santos, cofundadora do Studio Móvel Maquiagem

Maili Santos
Maili Santos : cofundadora do Studio Móvel Maquiagem (arquivo pessoal/Divulgação)

“Nesses quase 10 anos trabalhando com beleza só vim a me reconhecer empreendedora quando percebi que era uma missão, um propósito, e isso é uma das grandes alegrias de se empreender”, diz Maili Santos, cofundadora do Studio Móvel Maquiagem, em Salvador.

Como mulher, negra e pessoa com deficiência ela diz que carrega também várias dores. “Preconceito, capacitismo, racismo e muitas, muitas pessoas que desacreditam da minha capacidade como profissional e enxergam minha cadeira de rodas antes de mim”, diz.

Mesmo com todas as dificuldades, Maili não perde seu otimismo. “Quando olho para o futuro tenho uma fé e esperança muito grande de ser uma mudança e fazer parte de várias mudanças, entre alegrias e dores vamos levando a autoestima e as cores para a vida das pessoas”, diz ela.

Mariana Achutti – fundadora da Sputnik

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Mariana-Achutti,-CEO-da-Sputnik
Mariana Achutti: CEO-da-Sputnik (Sputinik/Divulgação)

Para a criadora Spunitik, “braço” in company da escola de atividades criativas Perestroika, o melhor de empreender é se desenvolver e se fortalecer a partir dos adversidades e tombos que acontecem no caminho.

Foi minha grande faculdade, aonde eu aprendo constantemente sobre mercado e sobre visão de mundo. Eu vejo o meu negócio não como fim, mas como meio. Me sinto uma eterna aprendiz”, diz ela, que enxerga seu trabalho como uma forma de transformar o mundo para melhor.

Por outro lado, não há vantagem em romantizar a jornada empreendedora. Ela é franca sobre o seu dia a dia. “Eu empreendo há 6 anos e, pelo menos do lado de cá, para cada grande feito tem 10 perrengues por trás para resolver”, diz.

Grávida de cinco meses, Mariana sabe que terá mais desafios além dos habituais de um empreendedor. A vida de um dono do próprio negócio é “acordar e dormir com responsabilidades financeiras, famílias que dependem da gente, estruturas de gestão sempre questionadas, medo constante das crises do mercado frequentemente volátil”, define.

“A dedicação da minha vida é quase que exclusiva para colocar de pé meu sonho. Pergunto-me todos os dias como será daqui pra frente dividir essa exclusividade com um serzinho que também dependerá totalmente de mim.”

Ligia Costa – fundadora da TGI Today

Ligia Costa, CEO da TGI Today
Ligia Costa, CEO da TGI Today (TGI Today/Divulgação)

A fundadora da startup TGI Today, com foco na formação de líderes e desenvolvimento humano, cita a liberdade de inovação, de criação e o alinhamento do seu trabalho aos seus valores como alegrias de ser empreendedora. “Testar diferentes modelos é uma grande vantagem do empreendedorismo”, diz ela, que, antes de fundar o próprio negócio, trabalhou como executiva de grandes empresas por 18 anos.

Por outro lado, essa mesma liberdade pode ser dor também, a depender da perspectiva. “Você pode tantas coisas diferentes, é dona da sua agenda que , quando percebe ,está muito mais atarefada do que antes, quando estava na posição de executiva”, diz.

Mas, tudo vale a pena, segundo Lígia, até mesmo a dor latente do negócio em si. Algumas das dificuldades diárias são: “as questões burocráticas, operacionais e, principalmente, relacionadas à parte fiscal e legal que são longas e chatas”.

Jacqueline Bastos, fundadora da Abebé Cosméticos

Jacqueline Bastos, criadora da Abebé Cosméticos
Jacqueline Bastos, criadora da Abebé Cosméticos (arquivo pessoal/Divulgação)

A engenheira química criadora da Abebé Cosméticos –um negócio social que desenvolve cosméticos naturais inspirados na cultura e religião de matriz africana – vê na oportunidade de expor o que ela acredita, uma grande alegria da vida empreendedora.

Com o objetivo de fortalecer economicamente e culturalmente a comunidade, Jacqueline trabalha totalmente alinhada a seus valores. “Empreender é a oportunidade de levar seu propósito para mundo, de tornar o mundo melhor, é comemorar cada pequena vitória”, explica.

Por outro lado, ela confessa que vive na adrenalina turbinada pelas incertezas da vida empreendedora. “Empreender também é lidar com o medo, com a falta de oportunidade, de recurso, e com a ansiedade”, explica.

Carolina Augusta, CEO e cofundadora da Boomit

Carolina Augusta, CEO da Boomit.
Carolina Augusta, CEO da Boomit (foto/Divulgação)

Para Carolina, que fundou a Boomit, startup que conecta empreendedores, mentores e especialistas em gestão de PMEs, as alegrias do empreendedorismo começam ao enxergar uma oportunidade de mercado e se estendem aos resultados. O ponto alto é, sem dúvida, ganhar dinheiro exercendo uma atividade que você ama e que está imbuída de um propósito.

Em relação às dores das mulheres que seguem essa jornada, ela diz ser um desafio o ambiente empreendedor ainda muito dominado por homens.

“As possibilidades, principalmente no mercado de startups – por exemplo fundos de venture capitalist, aceleradoras –  em sua maioria são voltadas para os homens. Existem fundos que no site e no portfólio não têm nenhuma empresa liderada por mulheres”, explica.

Outra dor está relacionada à tomada de decisão em relação ao equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional. “Muitas mulheres adiam a gravidez, com medo de desagradar os investidores, ficar impossibilitadas de liderar suas empresas, porque hoje a gravidez não é tratada nesses espaços”, explica.

A diferença de narrativa entre uma mulher empreendedora e um homem empreendedor é, em sua opinião, evidente. “Muitas vezes as mulheres enfrentam o julgamento da sociedade, e até mesmo dos familiares, tanto é que 80% das mulheres se divorciam após abrirem um negócio”, diz.

Ana Carolina Peuker –  fundadora da Bee Touch 

Ana Carolina Peuker,fundadora e CEO da BeeTouch
Ana Carolina Peuker,fundadora e CEO da BeeTouch (foto/Divulgação)

Empreender,segundo Ana Carolina Peuker, fundadora da  startup de saúde mental Bee Touch, é criar o futuro desejado. E isso tem dois lados.  As alegrias são perseguir propósito alinhado com valores, exercitar o pensamento criativo, propor soluções e criar impacto no mundo.“No meu caso, trabalhar em prol da “segurança psicológica” das pessoas em diversos contextos”, diz.

Já as dificuldades estão ligadas à questão temporal e às incertezas. “Não é fácil sincronizar, em tempo real, o sonho e a realidade. Os desafios são diários. Em especial, em uma área tão conservadora como a minha, a Psicologia”, diz.

Nara Iachan, fundadora da Cuponeria

Nara Iachan, fundadora da Cuponeria. Divulga+º+úo-Cuponeria
Nara Iachan, fundadora da Cuponeria (Cuponeria/Divulgação)

Para a fundadora da Cuponeria, plataforma de cupons grátis, fazer a diferença na vida das pessoas é a principal vantagem do seu trabalho. “Hoje em dia fazemos a diferença na vida de mais de 7 milhões de usuários, além de mover o ponteiro de crescimento de mais de mil marcas”, diz.

Já a incerteza está sempre jogando contra o bem-estar do empreendedor.  A jornada é longa e recheada de testes, o que exige uma certa dose de frieza. “Principalmente na fase inicial, você não sabe se vai receber do cliente, mas sabe que vai precisar pagar aos fornecedores e colaboradores. Você também não sabe como vai ser a aceitação do produto, a usabilidade, o que já está bom e o que precisa ser mudado”, diz.

Luana Genot, fundadora e diretora executiva do ID_BR – Instituto Identidades do Brasil

Luana Genot
Luana Genot: fundadora do ID_BR (Jorge Bispo/Divulgação)

Fazer a diferença na vida das pessoas é uma grande alegria para Luana, fundadora do ID_BR, organização volta para promoção da igualdade racial. “Construir um ambiente que corresponde mais a minha expectativa do que é o trabalho, e poder associar trabalho a uma entrega de um propósito que gera uma contrapartida financeira para mim e para as outras pessoas”, define.

A oportunidade de conhecer vários assuntos, criar uma rede de conexões e entrar em contato com cada vez mais pessoas também são pontos fortes, segundo ela.

Adquirir uma rede de conexões foi justamente um dos grandes desafios e dores do começo da jornada, diz ela ela, que se define como empreendedora raiz, já que teve que batalhar e aprender tudo: de como abrir um CNPJ a escalar seu negócio. “Ter zero rede, zero reais e zero conexões dificulta muito você iniciar um negócio planejado e que seja bem sucedido”, diz.

Fernanda Medei –  fundadora da Medei 

Fernanda Medei, fundadora da Medei. Cr+®dito – Bruzzi Fotos
Fernanda Medei, fundadora da Medei (Bruzzi Fotos/Divulgação)

A fundadora da Medei, startup que propõe a fazer demissões mais humanas, também cita o propósito como a grande alegria. Para ela, essa é condição sine qua non do processo de empreender. “É preciso que tudo esteja alinhado com o seu sonho, com seus valores e seus desejos, caso contrário vira dor.”

Os desafios passam por entender que o sonho começa a envolver outras pessoas que vão depender financeiramente dele. A preocupação se o negócio vai dar certo passa a ser constante. “Você precisa trabalhar 2,3,4,5 vezes mais. Além disso, o “não” dói muito e é preciso ter muita resiliência e saber voltar ao estado “normal”. Esse não é de investidor, cliente, funcionário e até da família – principalmente no início, quando não há clareza de como será no futuro”, diz. 

Rochane Soubhie – COO e cofundadora da Sevensete 

Rochane Soubhie COO e co-fundadora da Sevensete. Cr+®dito Marcos Alonso
Rochane Soubhie COO e co-fundadora da Sevensete (Marcos Alonso/Divulgação)

“O propósito é, com certeza, a maior alegria do empreendedor”, diz Rochane Soubhie, COO e cofundadora da Sevensete, uma venture builder, ou seja, uma empresa que constrói outras empresas.  “É conseguir encontrar, definir, idealizar, construir, pilotar, escalar, reimaginar, aperfeiçoar e seguir em frente, adiando, assim, a linha de chegada”, diz ela, lembrando que o propósito acaba se tornando maior do que o tempo.

Por outro lado, o protagonismo 24 horas por dia do empreendedor pode tornar a atividade, muitas vezes, dolorida. “A principal dor de empreender é, para mim, a mistura quase impensável de ter que esperar sem ficar esperando”, diz.

Ela se refere ao fato de ter que cuidar de todos os aspectos da sua empreitada, do seu projeto. “ Ser 100% do tempo produtiva, controlar a ansiedade para não perder o foco e a força de fazer as coisas acontecerem é extremamente desgastante”, diz.

Alline Goulart – sócia e diretora de Operações da Semente Negócios

Alline Goulart fundadora da Semente Negócios
(Semente Negócios/Divulgação)

O empreendedorismo, na visão de Alline Goulart, sócia e diretora de Operações da Semente Negócios, empresa de educação empreendedora, é a estrada que leva à autonomia, além de ser uma grande ferramenta de autoconhecimento.

Sua grande alegria é poder fazer parte dessa mudança na vida das pessoas. Ela se sente feliz “ao levar capacidade de inovação a mais pessoas dispostas a impactar positivamente as comunidades que estão inseridas e a mexer os ponteiros das estatísticas”.

As dificuldades são muitas pelo caminho do empreendedor. A trilha das mulheres é ainda mais sinuosa, sobretudo, para as negras e indígenas, mulheres com alguma deficiência, lésbicas, bissexuais, trans ou mesmo as que são mães. “Essas dificuldades ficam ainda mais evidentes se você é mulher e percorre todo esse caminho sendo desacreditada quanto ao seu conhecimento, não tendo acesso a capital e enfrentando o próprio complexo de impostor quando todo seu entorno tenta mostrar que ele é real”, diz.

Najara dos Santos Souza, fundadora da N Black 

Najara dos Santos Souza, fundadora da N Black
Najara dos Santos Souza, fundadora da N Black (arquivo pessoal/Divulgação)

 Há 15 anos empreendendo no ramo de moda, Najara diz que transformar a vida das pessoas e aumentar a autoestima delas por meio de suas camisetas com frases de amor e força é a sua maior alegria. “Sei que eu consigo levar empoderamento e incentivo e ser uma referência o que é importante”, diz a fundadora da N Black.

No começo da vida empreendedora, ela confessa, não foi nada fácil  ter seu trabalho reconhecido. Em seguida, outro obstáculo:  conseguir se manter no mercado . “O principal obstáculo é o financeiro. Eu mesma comecei sem conhecimento de nada, sem capital de giro”, lembra.

Hoje, ela diz que, mesmo com tantas adversidades, não largaria sua empreitada. “Quando tem verdade e amor a gente consegue fluir, ainda que seja no romantismo, porque nada vem fácil. É preciso resiliência, persistência. O principal é acreditar. Quando você acredita no seu negócio e na sua equipe, as coisas de fato acontecem”, diz. 

Carolina Dassie – CEO e fundadora da Hisnëk 

Carolina Dassie
(Hisnëk/Divulgação)

A alegria de ser empreendedora é ver solucionada ou minimizada uma dor da sociedade a partir de uma solução desenvolvida, diz Carolina Dassie, CEO e fundadora da Hisnëk. A empresa  começou como um clube assinaturas de snacks saudáveis, mas em 2019 passou por um ajuste de rota e passou também a atuar com soluções corporativas para RHs.

São duas as dores principais, segundo ela. A primeira é desenvolver a solução (ou produto) que seja robusta, inovadora, que tenha esse potencial de solucionar um problema da sociedade e ainda seja passível do que, no jargão empreendedor, se chama pivotagem, ou seja, capacidade de correção de rota.

“A segunda maior dor é conciliar a vida empreendedora com a maternidade, dado que a rotina do empreendedor passa por um número alto de horas trabalhadas por dia”, diz.

Carol Manciola –  fundadora da Posiciona Educação e Desenvolvimento

Carol Manciola, CEO da Posiciona – Educa+º+úo e Desenvolvimento (alta)
Carol Manciola, CEO da Posiciona Educação e Desenvolvimento (foto/Divulgação)

São muitas alegrias e também muitos desafios citados pela fundadora da Posiciona, empresa de educação e desenvolvimento. A liberdade de agir de acordo com crenças e valores é a principal vantagem. “Empreender te permite estar envolvido de corpo e alma, sentir orgulho com o crescimento dos outros”, diz ela citando a importância do impacto do seu trabalho na sociedade.

“Algumas pessoas escolhem empreender pensando na herança que irão deixar para os seus. Eu decidi empreender inspirada pelo legado que vou deixar para o mundo”, diz.

Conciliar a vida de mãe e a jornada empreendedora é um dos grandes desafios para ela, já que o desequilíbrio é constante ao tentar conjugar tarefas tão intensas.

Ela também cita desafios do negócio, como, por exemplo, altos impostos, prazos de pagamento e gestão de pessoas. No entanto, o que mais a incomoda é lidar com a incongruência.

“O meu tipo de negócio me dá acesso a grandes organizações, então, ver muitas delas tratando fornecedores e colaboradores com desprezo, descaso e, ao mesmo tempo, promovendo um discurso muito bonito nas redes sociais e em campanhas institucionais é o mais difícil”, diz.

Ana Paula Pisaneschi – cofundadora e CEO da  Uffa 

Ana Paula Pisaneschi, Cofounder & CEO do Uffa
Ana Paula Pisaneschi: cofundadora e CEO da Uffa (foto/Divulgação)

 Estar no controle para criar sua própria oportunidade, ter uma remuneração justa e ter a flexibilidade de horário são alegrias na visão da co-fundadora e CEO da fintech Uffa. 

“Minha alegria é ver que todo este comprometimento pode gerar uma grande recompensa, principalmente ao deixar um legado duradouro, apresentar minha proposta de valor aos demais e contribuir com as pessoas”, diz.

No entanto ela é bem clara em relação às dificuldades “A vida de uma empreendedora não é nada fácil”, diz. E a dor já começa na hora de captar o dinheiro para começar o negócio. “No Brasil, as linhas de crédito voltadas para empresas sem histórico de faturamento são escassas, de forma geral”, diz. Além disso,  o processo de captação via venture capital é complicado quando se é mulher. “É sabido que há um forte preconceito de gênero”, diz.

Criar um time de funcionários coeso e comprometido também é um grande desafio.  “E por fim, a terceira dor é o desgaste emocional e físico. Assumimos grandes riscos financeiros, trabalhamos muito, às vezes nos torturamos tentando construir um negócio do zero e mantendo-o”, diz.

 Denise Asnis – Cofundadora da Taqe

Denise Asnis, Cofundadora da Taqe. Cr+®dito da imagem_ Divulga+º+úo Taqe (2)
Denise Asnis: cofundadora da Taqe (Taqe/Divulgação)

Em meio a uma pandemia, descobrir que estava cercada de profissionais que a incentivaram a continuar foi uma grande alegria na vida empreendedora de Denise, cofundadora da Taqe, plataforma de recrutamento. “Neste momento, ter um propósito maior nos ajudou a persistir e acreditar que dias melhores viriam”, diz.

Denise sente que está no caminho certo quando vê que conseguiu ajudar as pessoas a arrumarem um trabalho de que elas gostem. “Quando, por exemplo, um jovem deixa uma mensagem dizendo de sua gratidão por ter encontrado um lugar para trabalhar que sempre foi seu sonho e que agora poderá ajudar a manter sua família”, diz.

Como várias outras empreendedoras, ela percebe que a carga é mais pesada para as mulheres. “Nós precisamos mostrar maior capacidade e habilidade para tocar o negócio a cada interação com investidores ou entidades aceleradoras”, diz.

A pandemia de Covid-19 quase a fez desistir. “Mas além de não querer abandonar o sonho, tinha uma pressão emocional sobre o impacto com o nosso time interno e, muito maior ainda, com o  impacto que poderíamos causar ao abandonar os jovens em vulnerabilidade no momento em que eles mais precisam”, diz.

 

 

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