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Tricotilomania: entenda o que é, causas e tratamento

Condição atinge crianças, adolescentes e adultos, sendo caracterizada pelo impulso incontrolável de arrancar os próprios cabelos

Por Lorraine Moreira
30 ago 2023, 10h02
Mulher arrancando os próprios cabelos
Impulso para puxar os próprios cabelos é sinal de alerta. (Ivan Samkov/Pexels)
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Sentada na poltrona de sua antiga casa, ela observou uma de suas mãos subir rapidamente em direção à cabeça. Passou os dedos entre os fios, encontrou um mais grosso e, com o polegar e o indicador, puxou. “Tinha apenas 11 anos”, conta a estudante Rafaela Marques, que lembra: “Minha tensão foi embora segundos depois da arrancar, e, desde aquele dia, não parei mais.” Era o início de sua história com a tricotilomania.

O que é tricotilomania?

“A tricotilomania se caracteriza pelo hábito persistente de arrancar o próprio cabelo ou pelos e é considerada um transtorno de comportamento repetitivo focado no corpo”, explica Ygor Ferrão, médico psiquiatra e membro do Consórcio Brasileiro de Pesquisa em Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo.

“Nem sempre a pessoa deseja fazer a retirada dos fios, mas, em um momento de ansiedade, tensão e aflição, acaba tendo esse impulso”, pontua a dermatologista Carolina Milanez. A propósito, há quem sequer saiba que possui o transtorno, por agir no automático. Quando o assunto é prevalência de casos, os levantamentos epidemiológicos apontam uma maior incidência entre pacientes do sexo feminino.

É comum encontrar pessoas que, depois de arrancarem o cabelo, enrolam o fio nos dedos ou passam ele na boca, gestos que prolongam a sensação de alívio e conforto. Outro caso é de quem come os fios arrancados, prática conhecida como tricofagia, com graves consequências.

“Os cabelos ficam amontoados no estômago, criando um distúrbio chamado ‘tricobezoar’ e a pessoa precisa ser submetida a uma cirurgia para retirar”, conforme a médica. A explicação é que esse órgão não tem capacidade de digerir a queratina, acumulando a massa na região.

Os prejuízos da tricotilomania vão desde aspectos clínicos, como infecções ou sangramentos, até estéticos, pois é possível que lesões na pele aconteçam e que fios novos não nasçam. “Esse ciclo vicioso geralmente leva a uma baixa autoestima e, por conta do estigma relacionado ao transtorno, pode ser que a pessoa sinta vergonha e se isole socialmente. Estudo e trabalho também podem ser impactados”, acrescenta a psicóloga Larissa Fonseca.

O que causa a tricotilomania?

“A desregulação emocional pode explicar alguns aspectos da prática de comportamentos repetitivos focados no corpo”, pontua Ygor. Pessoas com o transtorno relataram maiores níveis de reatividade emocional mal-adaptativa, reagindo de modo inadequado quando estão em sofrimento emocional, de acordo com ele.

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Além disso, evitação experiencial e inibição de resposta, por não conseguir suprimir o arrancamento de pelos e cabelos, foram maiores do que em indivíduos não afetados pelos comportamentos repetitivos focados no corpo.

“Pessoas com tricotilomania apresentam redução da espessura de uma parte do cérebro, o córtex para-hipocampal direito, que apresenta relação com a codificação da memória. Assim, podem associar memórias emocionais com o alívio de arrancar cabelo”, continua o profissional.

Mulher arrancando os próprios fios de cabelo
Embora não exista cura para a tricotilomania, há tratamento (Karolina Grabowska/Pexels)

Existe cura para a tricotilomania?

A tricotilomania não tem cura, mas há tratamento focado na reversão de hábitos e no controle de estímulos. “Essas técnicas, porém, atuam sobre o comportamento, e não sobre a causa, podendo ser menos eficazes quando o indivíduo apresenta estados emocionais ou físicos disfuncionais como gatilho”, afirma o psiquiatra. 

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“A terapia de aceitação e compromisso e a terapia comportamental dialética são opções. Ambas costumam ser indicadas para potencializar o treinamento de reversão de hábitos e o controle de estímulos, por aumentar a consciência acerca dos gatilhos do comportamento e das ações motoras mais recorrentes durante o hábito”, completa ele.

As evidências da eficácia de intervenções unicamente farmacológicas no tratamento ainda são escassas, mas inibidores seletivos da recaptação de serotonina podem ser indicados.

É possível prevenir?

“Não se conhece nada que possa servir de prevenção para a tricotilomania, mas sabemos que se há casos na família, há maior chance de ocorrer nos flhos”, esclarece Ygor. Aprender e ensinar alternativas de lidar com o estresse e situações emocionais podem ser preventivos.

“Dentre essas técnicas, estão falar, escrever, desenhar o que sente, ou expressar as emoções através das artes ou esportes“, afirma o especialista. Outro ponto é tratar patologias para impedir o aparecimento de tricotilomania ou ajudar no tratamento contra ela. As mulheres, por exemplo, têm uma propensão maior ao transtorno depressivo, enquanto os homens tendem a apresentar o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

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“A terapia é essencial para desenvolver estratégias que quebrem esse ciclo de comportamento compulsivo, que acabam gerenciando os gatilhos emocionais que levem a retirada dos fios. Precisamos trabalhar as questões correlacionadas aos pensamentos”, finaliza Larissa. O dermatologista também é essencial para auxiliar no crescimento de cabelo e pelo nas regiões em que foram arrancados. “Já comecei os tratamentos e tenho observado melhoras”, conta Rafaela.

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