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Documentário ‘O Relógio do Juízo Final’ traz campanha em prol de indígenas

Campanha "Mil Aldeias" arrecadará doações para projetos de segurança alimentar em comunidades originárias, quilombolas e ribeirinhas

Por Joana Oliveira
Atualizado em 6 jun 2022, 11h21 - Publicado em 5 jun 2022, 14h37
Retrato de um indígena, por Maureen Bisilliat.
Retrato de um indígena, por Maureen Bisilliat.  (Maureen Bisilliat/Acervo Instituto Moreira Salles)
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De acordo com o líder indígena Ailton Krenak, adiar o fim do mundo significa sempre poder contar mais uma história. É em referência às Ideias para Adiar o Fim do Mundo (livro publicado por Krenak em 2019) que a Boa Foundation, organização que trabalha com povos indígenas e outros defensores do meio ambiente desde 2015 lançou, neste domingo, marco do Dia Internacional do Meio Ambiente, o curta-documentário O Relógio do Juízo Final, que traz imagens dos povos originários de diferentes etnias do Brasil contrastando com tristes cenas de desmatamento e incêndios nos biomas brasileiros, da Amazônia à Mata Atlântica.

As imagens são acompanhadas pela música homônima ao documentário, composta por Carlos Rennó, Makely Ka e Rodrigo Quintela, interpretada por mais de trinta artistas que são referência na música brasileira, nomes como Nando Reis, Luedji Luna, Samuel Rosa, Margareth Menezes, Arnaldo Antunes, entre outros.

“Quando vamos nos guiar por uma lógica mais ecológica do que mercadológica?”, pergunta a canção, que convoca os espectadores a “entender que não somos uma espécie central na biodiversidade da Terra” e, sim, praticamente “parasitas”.

O vídeoclipe, que também critica a monocultura e o racismo ambiental, marca o lançamento da campanha “Mil Aldeias”, apoiará projetos de soberania alimentar (ou da água), da saúde, e da comunicação (ou da cultura e identidade tradicionais) de povos originários. De acordo com a Boa Foundation, trata-se de um “chamado para nos atentarmos ao fato que a proteção do meio ambiente começa com a participação da comunidade local e sua autonomia diante de seu destino”.  O principal objetivo da iniciativa é arrecadar fundos para financiar projetos nas comunidades indígenas,  além de impulsar medidas de proteção desses povos. As doações podem ser feitas, a partir de R$ 20, neste link.

A produção audiovisual, feita em memória às lideranças indígenas mortas pela Covid-19, teve curadoria e consultoria do próprio Ailton Krenak, além de Angela Mendes, Benki Piyãko, Glicéria Tupinambá, Tsitsinã Xavante e outros líderes originários, quilombolas e ribeirinhos. Muitos deles têm seus retratos estampados no documentário, que também traz imagens da marcha das mulheres indígenas em Brasília e das mobilizações contra a aplicação da tese do chamado marco temporal na demarcação de terras indígenas no país, pela qual os povos originários só podem reivindicar a demarcação de terras já ocupadas por eles antes da data de promulgação da Constituição de 1988. Na última quinta-feira, 2 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) retirou de sua pauta a continuidade do julgamento da tese, sem previsão de retomada.

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Enquanto isso, é cada vez mais urgente unir cantos e ações para atrasar o relógio do fim do mundo. Para eles, para todos.

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