IPCC: ações urgentes podem evitar colapso climático
Futuro habitável na terra depende de medidas tomadas agora
Nesta segunda-feira (20), o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou um relatório que responsabiliza os seres humanos por todo aquecimento global dos últimos 200 anos. O documento aponta que a escala e o ritmo das medidas tomadas até então são insuficientes para lidar com as mudanças climáticas, e que, caso a comunidade internacional não tome iniciativas imediatas, um grande colapso será instaurado.
Feito por 93 autores, o relatório não traz novos estudos. Na verdade, ele resume os últimos seis documentos elaborados pelo painel, que é considerado mundialmente a fonte mais confiável quando o assunto é mudança climática.
Entre 2030 e 2035, temperaturas acima de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais serão comuns, o que só pode ser revertido caso haja uma severa redução das emissões de gases de efeito estufa. Além disso, o uso de combustíveis fósseis está impulsionando de forma esmagadora o aquecimento global.
“A humanidade está sobre gelo fino ‒ e esse gelo está derretendo rapidamente”, comenta Antonio Guterres, que é secretário-geral da ONU. “A bomba de tempo climática está fazendo tic-tac”.
Nos últimos 2000 anos, o aumento da temperatura global da superfície em um período de 50 anos nunca foi tão rápido quanto de 1970 para cá. Além disso, as concentrações de dióxido de carbono estão em seu ponto mais alto em pelo menos 2 milhões de anos.
Os mais expostos a esse cenário são as mais de 3 bilhões de pessoas que vivem em locais altamente vulneráveis. Além de mortes e doenças aumentarem conforme o crescimento do aquecimento global, a mudança climática reduziu a segurança alimentar e afetou a qualidade da água. Os cientistas destacam a possibilidade de impedir que a situação chegue a níveis ainda mais absurdos caso haja esforços para iniciar imediatamente as ações.
Como resolver a crise climática
“Se agirmos agora, ainda é possível garantir um futuro sustentável e habitável para todos” é uma das mensagens do informe, que esclarece quais passos tomar para solucionar o problema. Antes de qualquer coisa, as medidas devem ser feitas em todas as frentes. “Tudo, em todos os lugares, tudo de uma só vez”.
Para a ONU, um Pacto de Solidariedade Climática precisa ser colocado em prática, visando acelerar os prazos para zerar emissões líquidas até 2050, sendo que os países desenvolvidos deve realizar o feito pelo menos 10 anos antes.
“Este é o momento para que todos os membros do G20 se unam em um esforço conjunto, reunindo seus recursos e capacidades científicas, bem como suas tecnologias comprovadas e acessíveis através dos setores público e privado para tornar a neutralidade de carbono uma realidade até 2050”, afirma Guterres.
Outras propostas são: eliminar gradualmente e deixar de explorar o carvão até 2030; acabar com o financiamento público e privado internacional do carvão; cessar todo o licenciamento ou financiamento de petróleo e gás novo; interromper qualquer expansão das reservas existentes de petróleo e gás.
Caso as medidas não sejam colocadas em prática imediatamente, o relatório defende que a humanidade sofrerá graves consequências no futuro, especialmente os mais pobres.