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Tem filhos? Saiba como as crianças podem afetar seu relacionamento amoroso

O fato das crianças interferirem tanto no relacionamento de um casal pode explicar o porquê cada vez mais mulheres nos Estados Unidos e mundo afora estão preferindo dizer não à maternidade. De acordo com o censo americano, a porcentagem feminina que optou por não ser mãe (entre as idades de 15 e 44 anos) cresceu consideravelmente em apenas duas gerações: de 35% em 1976 para 47% em 2010.

Por Redação CLAUDIA
Atualizado em 28 out 2016, 18h45 - Publicado em 20 Maio 2016, 14h06
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Muitas de nós esperamos ansiosamente pela maternidade – pelo momento mágico de segurar no colo o nosso filho, fruto do nosso corpo. Todas as mães vibram ansiosamente para ver seu rebento crescendo, dando os primeiros passos. E é realmente um pensamento recorrente na grande maioria das mulheres do mundo que esta seja a maior recompensa de suas vidas. Por isso é muito positivo que as mães prezem por criar um laço afetivo estreito com suas crianças, até porque a transição de uma mulher para a maternidade causa profundas mudanças na relação com o companheiro e nas noções de felicidade, auto-confiança e – na maioria das vezes – não é para melhor. 

A vinda de um bebê traz muitas expectativas para uma família, principalmente se os pais forem de primeira viagem. Mas conforme os laços entre mães e filhos vão se estreitando, outras relações são deixadas em segundo plano para que ela possa se dedicar integralmente ao seu pequeno. É sobre este assunto que a pesquisa realizada pelo professor de psicologia e diretor do laboratório de estudos sobre família e casamento da Universidade americana de Binghamton, Matthew D. Johnson, versa. As conclusões de três décadas de estudo foram reunidas em seu livro Grandes Mitos das Relações Íntimas: Namoro, Sexo e Casamento

Em um casamento, nem sempre tudo são flores

Quando um casal decide se casar, geralmente, ambos estão apaixonados e felizes. Mas em um matrimônio, nem sempre tudo são flores. A satisfação entre os dois passa a decair durante os primeiros anos de casamento, e se essa “queda” for muito brusca, o divórcio pode vir a acontecer. A linha tênue do amor, na maioria das vezes, tende a despencar para a decepção. E tudo isso pode acontecer mesmo antes de começar a decidir quando será uma boa hora para se comprar fraldas ou um bebê-conforto para o carro. 

Pesquisadores se debruçaram durante 30 anos para entender como as crianças são capazes de afetar o casamento e os resultados são bastante conclusivos: a relação entre marido e mulher sofre transformações drásticas a partir do momento em que um bebê chega. Ao comparar um casal sem e outro com filhos, estudiosos constataram que o nível de satisfação de uma família com pequenos é duas vezes menor que o de uma sem crianças. Quando a gravidez é indesejada, este impacto pode ser ainda mais negativo. 

Mas o mais paradoxal disso tudo é que por mais que a satisfação dos dois caia em relação à oficialização da união, a tendência de que eles se divorciem diminui consideravelmente com o passar dos anos. Este é um pensamento muito recorrente em casais: se estamos tristes, então pelo menos estamos tristes juntos. Mas muitos casais, por serem jovens e apaixonados, ainda creem cegamente que a presença de um filho os uniria ainda mais, ou pelo menos aliviaria alguns desgastes emocionais. 

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Quando namorados se transformam em pais

Pode parecer óbvio que a chegada de um bebê altere as dinâmicas de uma casa. E realmente, uma criança também altera a maneira como os casais se comportam em relação ao outro. Geralmente, os pais se tornam mais distantes e metódicos, isso pode ser interpretado como uma tentativa de atender às demandas da maternidade e da paternidade. Tarefas básicas como alimentar os pequenos, dar banho, trocar as fraldas, gastam muita energia, tempo e determinação. É um paradoxo, mas na tentativa de manter o ambiente tranquilo, os pais acabam discutindo mais, seja porque não conseguem entrar em um comum acordo sobre a viagem em família ou sobre as compras do mercado. É nesse momento que surgem as pequenas brigas, capazes de desgastar uma relação em questão de dias ou meses. Perguntas sobre como foi o dia de trabalho de cada um são substituídas por como é possível que este bebê suje fraldas tão rápido, e isso é extremamente estressante.

Essas mudanças surtem efeitos profundos: identidades são transformadas – se não substituídas – de esposa à mãe, ou, em um nível mais íntimo, de namorados a pais. Até mesmo em casais do mesmo sexo, a chegada das crianças interfere – mas em menor nível – os níveis de satisfação e a frequência de relações sexuais do casal. Quando o assunto é a Hora H, os homens tendem a parar de dizer e fazer pequenas coisas que antes agradavam suas esposas e vice-versa. Quer um exemplo? O flerte é substituído por mensagens pedindo alguma coisa do mercado. 

Como quase metade de todos os nascimentos ocorridos nos Estados Unidos ocorrem com casais que ainda não oficializaram a união, alguns pais devem pensar que tudo será diferente porque não vivem juntos ainda. Mas não se enganem, isso não é verdade. A responsabilidade de se ter uma criança em um relacionamento é independente do estado civil, orientação sexual, ou classe social de cada um. Além disso, os impactos de se ter um filho também podem ser analisados de maneira semelhante em outros países do mundo, incluindo aqueles que possuem taxas pequenas de matrimônios, e melhores políticas destinadas à família. 

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O fardo das mães

Não é surpreendente que o impacto para as mulheres que se tornam mães seja infinitamente maior do que o de homens que se tornam pais. Mesmo quando os dois trabalham fora, e mesmo em uniões estáveis em que as mulheres dividam a responsabilidade dos afazeres domésticos com seus parceiros. Isso acontece porque a maioria dos pais reforça os esteriótipos de gênero familiares. Mulheres são mais suscetíveis a sempre ficarem alerta, mais conhecida como a única que levantará de madrugada caso o bebê comece a chorar ou passar mal, ou aquela que será chamada na escola se o pequeno se machucar ou passar mal.  

Como parte da maternidade, as mães tendem a trabalharem menos horas fora de casa, o que geralmente deixa os pais mais preocupados com a responsabilidade financeira. Os problemas aqui se agravam quando os pais começam a gastar mais tempo e energia no trabalho e as mães passam a cuidar exclusivamente dos pequenos e da casa. Um exemplo muito claro de como a frustração, culpa e sofrimento assolarão aquela família

Mães de primeira viagem geralmente também se queixam de um eminente isolamento social, pois elas passam a se desconectar de seus amigos e colegas e acabam se sentindo como se estivessem fugindo de tudo e de todos. Esse afastamento modificará, a curto e longo prazo, o círculo necessário para que uma mulher se sinta amparada e apoiada em suas decisões ao longo de sua vida. 

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As consequências dessas tensões no relacionamento podem causar danos irreparáveis. O estresse matrimonial é associado a vários problemas de saúde, como sintomas de depressão e outros distúrbios mentais. A ligação entre os problemas psicológicos e conjugais é forte o suficiente para que os pesquisadores acreditem que a terapia de casal seja uma das maneiras mais efetivas de tratar depressão e outras doenças mentais decorrentes de um relacionamento insatisfatório. 

Uma luz no final do túnel?

Se o nascimento dos filhos é um problema para casamentos, então quando eles deixam o ninho acaba se tornando algo bom? A resposta é sim, isso é um fato. Algumas uniões melhoram a partir do momento que os pequenos crescem e vão embora. Em outros casos, quando as crianças deixam a casa dos pais, isso só serve de incentivo para que os casais percebam que têm poucos interesses em comum e que agora já não há mais porquê se manterem juntos.

Esses desafios na hora de ter filhos podem explicar o porquê cada vez mais mulheres nos EUA e mundo afora estão preferindo dizer não à maternidade. De acordo com o censo americano, a porcentagem feminina que optou por não ser mãe (entre as idades de 15 e 44 anos) cresceu consideravelmente em apenas duas gerações: de 35% em 1976 para 47% em 2010.

Apesar desse quadro sombrio, que os estudiosos pintam da maternidade, a maior parte das mães e dos pais ainda classificam a paternidade como a maior alegria de suas vidas. Assim como o parto, quando a maior parte das mulheres acreditam que a dor e o sofrimento valeram à pena, a maioria das mães acreditam que o preço de ver seus filhos crescendo é algo muito gratificante e que pode até chegar a compensar os sacrifícios da vida a dois.

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