Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Outubro Rosa: Revista em casa por 10,90

Reducitarianismo, a alternativa para quem quer reduzir o consumo de carne

A dieta diminui o consumo de alimentos de origem animal sem extremismo

Por Maria Cecília Prado
Atualizado em 17 fev 2020, 16h25 - Publicado em 27 jun 2019, 18h57
Reducitarianismo
 (Getty Images/Getty Images)
Continua após publicidade

Equilibrar a dieta e, ao mesmo tempo, colaborar para um mundo melhor. Esse é o objetivo dos seguidores do reducitarianismo, movimento que propõe um novo olhar sobre o consumo de alimentos de origem animal.

Em um momento em que a preocupação com o planeta, com o bem-estar dos animais e com o consumo exagerado só aumenta, o reducitarianismo faz muito sentido. Ele é relativamente recente – consolidou-se nos últimos quatro anos, principalmente nos Estados Unidos –, mas atrai cada vez mais adeptos ao prometer benefícios tanto para o ambiente como para a saúde.

É uma alternativa menos radical ao vegetarianismo e ao veganismo, pois abre um caminho para quem deseja diminuir a ingestão de carne mas ainda não está totalmente convicto de eliminá-la do cardápio.

Busca por balanço

Ser um adepto desse movimento, segundo a Reducetarian Foundation (organização sem fins lucrativos americana e maior divulgadora da causa), é se comprometer a comer menos carne (vermelha, branca e frutos do mar) e consumir menos laticínios e ovos.

“Você pode fazer isso aderindo à campanha Segunda sem Carne, diminuindo as porções de proteínas em sua alimentação ou, se realmente desejar, experimentando o vegetarianismo ou o veganismo. Todas as gradações são válidas”, afirma Brian Kateman, cofundador da instituição.

Um dos principais focos do movimento é o ambiental. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a indústria da carne, sozinha, responde por aproximadamente 15% da emissão de gases relacionados ao efeito estufa – caso do metano, liberado em quantidades massivas nos dejetos produzidos pelo gado. Além disso, milhares de hectares de florestas são desmatados para a formação de pastos, enquanto rios e lagos são poluídos com os resíduos da atividade.

frutas
(Getty Images/Getty Images)
Continua após a publicidade

A preocupação com os animais conta, e muito. De acordo com dados divulgados pela própria fundação reducitarianista, mais de 70 bilhões deles são mortos por ano para o consumo humano (nem todos sem crueldade). Aderir ao reducitarianismo ajudaria a combater essas questões e a equilibrar o meio ambiente. Além disso, muita gente, em especial os jovens, embarca no movimento por acreditar que mesmo uma pequena contribuição conta.

O reducitarianismo promove ganhos também para quem adere a ele. “Os estudos ainda são iniciais, mas há evidências de que consumir proteína animal em excesso pode provocar uma resposta inflamatória intestinal”, afirma o endocrinologista Guilherme Renke, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e diretor médico das clínicas Nutrindo Ideais.

“Como o intestino é um órgão com papel importante na defesa imunológica, isso poderia trazer efeitos colaterais indesejáveis.” O nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), explica que a carne vermelha tem componentes que, durante a digestão, geram radicais livres, o que, por sua vez, pode levar a doenças degenerativas. Mas ressalva: “Isso só ocorre, obviamente, se a pessoa exagerar na quantidade e ingerir acima de 500 gramas por semana. Não é preciso radicalizar, mas ter como meta uma dieta mais balanceada”.

No dia a dia também se percebe a diferença. “O organismo demora mais tempo para quebrar as proteínas da carne em pedaços menores e, então, absorvê-los”, diz Guilherme. “Vem daí a sensação de estufamento que costumamos sentir quando ingerimos esse alimento exageradamente.”

Se, ainda por cima, forem carnes ricas em gordura – o que, em geral, é um hábito dos brasileiros –, o desconforto se acentua. “Comecei a seguir as propostas do reducitarianismo em janeiro, cortando proteína de origem animal duas vezes por semana, e notei uma grande melhora na digestão”, confirma a publicitária Maria Thalia Nicolao, de São Paulo. “O intestino funciona com mais regularidade, me sinto mais leve e com mais energia.”

Continua após a publicidade

A nutricionista Elaine de Pádua, mestre em ciências da saúde pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que acaba de retornar do Lifestyle Mecidine – encontro organizado pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, sobre a medicina focada no estilo de vida –, confirma que a tendência é recomendar a diminuição do consumo de carne para todos. “As evidências de saúde e a preocupação com a sustentabilidade estão andando juntas. A indicação é aumentar a ingestão de vegetais”, afirma.

Há controvérsias?

O sinal vermelho se acende quando a restrição de carne é radical e o corte é feito sem orientação ou cuidado profissional; e quando não se ajusta a dieta aumentando o consumo de cereais, leguminosas e vegetais.

“Brinco que não adianta nada deixar de ser carnívoro para virar ‘massariano’, alguém que só se alimenta de carboidratos”, alerta Elaine. “Nesse caso, a perda nutricional é grande, não só de proteínas como de outros nutrientes, como vitaminas e minerais.”

A de vitamina B12 e a de ferro são as mais frequentes. A modelo e atriz carioca Juliana Magalhães, que foi do reducitarianismo ao veganismo em apenas quatro meses, precisou apelar para os suplementos para manter o corpo em equilíbrio.

Depois, acabou optando por reintroduzir um pouco de proteína animal à dieta. “Eu me sentia muito bem sem comer carne, mas, como comecei a perder massa muscular, resolvi voltar a ingerir peixe e, eventualmente, carne vermelha. No meu caso, funciona melhor.”

Continua após a publicidade
Prato colorido com frutas e verduras
A alimentação deve ser rica em vitaminas e leguminosas (OatmealStories/Getty Images)

Outro problema gerado pela adesão sem balanceamento nem supervisão é ocorrerem alterações hormonais. “Pode haver diminuição de estrogênio, inclusive com interrupção da menstruação, queda no metabolismo e redução da ação dos hormônios da tiroide”, alerta Guilherme.

Portanto, as mudanças devem ser feitas sempre de maneira muito cuidadosa. “Para que os nutrientes necessários cheguem ao organismo, é preciso se alimentar com vegetais de grupos variados”, ensina a nutricionista Paula Gandin, membro do conselho da Sociedade Vegetariana Brasileira.

O primeiro é o dos cereais integrais, que inclui trigo-sarraceno, quinua, cevada, milho, aveia, centeio. O segundo, o das leguminosas – feijão, lentilha, grão-de-bico, ervilha, edamame, entre outras. O terceiro agrupa as oleaginosas, como castanhas, amêndoas e nozes. O quarto é o de legumes e verduras – os vegetais verde-escuros, por serem fontes de cálcio e de ferro, têm papel especial e devem aparecer em todas as refeições principais. No quinto, estão as frutas.

Ainda há as sementes (de linhaça, girassol, abóbora, chia), ricas em gorduras úteis, e os tubérculos, como batata, mandioquinha e inhame, que são opcionais mas trazem sabor e variedade ao cardápio. Paula lembra que os cogumelos podem ser acrescentados às refeições e que ervas e especiarias não apenas temperam como têm poder antioxidante e anti-inflamatório. Por isso, não devem ser dispensadas.

Continua após a publicidade

A suplementação é sempre necessária? Quando a dieta é pobre e a deficiência de vitamina B12 e de ferro se instala, é preciso ingerir suplementos para chegar ao patamar mínimo desses nutrientes.

Mas o corpo humano pode passar até 15 dias sem carne sem que o estoque de vitamina B12 se esgote. No caso do ferro, o excesso muitas vezes provoca efeitos colaterais. Ou seja, antes de começar a tomar cápsulas e mais cápsulas por conta própria, convém passar pela avaliação de um especialista.

Cada um no seu quadrado

Entenda as principais diferenças entre vegetarianismo, veganismo, flexitarianismo e segunda sem carne.

  • Vegetarianismo: Regime baseado em alimentos de origem vegetal. Tudo o que é animal ou derivado dele é cortado da dieta. Lactovegetarianismo, ovovegetarianismo e ovolactovegetarianismo são variações atenuadas que permitem, respectivamente, a ingestão de lácteos, de ovos e de ambos.
  • Veganismo: Estende para além da alimentação a restrição. Roupas, acessórios, produtos de higiene e beleza e todos os tipos de bens de consumo devem ser livres de insumos de origem animal.
  • Flexitarianismo: Vegetarianismo mais flexível (mas não aceito pelos puristas), que permite ingerir peixes e, esporadicamente, até carne. O termo apareceu na década de 1990 e pode ser considerado o antecessor do reducitarianismo.
  • Segunda sem carne: Campanha criada nos Estados Unidos durante a Primeira Guerra Mundial como esforço comunitário para economizar recursos alimentares. Foi ressuscitada durante a Segunda Guerra pelos mesmos motivos e relançada em 2003 com a proposta de melhorar a saúde diminuindo o consumo de proteína animal. Atualmente, vem sendo associada ao movimento reducitarianista.

Leia também: Hambúrguer de planta com gosto idêntico ao de carne chega ao Brasil

Continua após a publicidade

+ 3 maneiras de usar o caqui em receitas doces e salgadas

Vote e escolha as vencedoras do Prêmio CLAUDIA

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.