O que fazer quando o filho vive acordando durante a noite?
Saiba qual é a melhor estratégia quando o filho acorda assustado no meio da noite com frequência e pede ajuda

Meu filho tem 5 anos e vive acordando durante a noite por causa de pesadelos. Às vezes fica bem assustado, com o coração acelerado e suando. Isso é um problema? (Pergunta enviada por leitora)
Por volta dos 3 anos, quando atividades novas costumam entrar na rotina da criança – em especial a escola -, a imaginação dela passa a ser mais estimulada, o que alimenta sonhos e pesadelos. Eles costumam ocorrer após um dia agitado e mostram algo que ficou no inconsciente do pequeno. Pode ser uma insegurança (“E se eu não gostar da professora?”), uma angústia (“Vou acertar amarrar meu tênis sozinho?”) ou um conflito (“Meu amigo não devolveu meu brinquedo”). Se as noites têm sido frequentemente interrompidas por pesadelos, converse com seu filho. “Incentive-o a falar dos próprios sentimentos e frustrações, encorajando-o a lidar com isso”, orienta a pedagoga e psicóloga Rita Maria Khater, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Se ele contar algo que viveu e o vem atormentando, compartilhe um caso semelhante envolvendo você ou alguém próximo e relate a solução encontrada. Saber que aquilo é normal e acontece com outras pessoas ajuda a tranquilizar a criança. Se os pesadelos persistir em e, principalmente, tiverem conteúdo repetitivo, vale buscar ajuda profissional. O sono é importante para a saúde, pois nesse período é organizada a aprendizagem do dia e liberado o hormônio do crescimento. Caso seja muito conturbado, pode prejudicar o desenvolvimento.
Comece também a preparar o ambiente. “Os pais devem criar uma rotina para proporcionar um sono tranquilo, acalmando a casa inteira para o filho entender que está chegando o momento de dormir”, indica Quézia Bombonatto, diretora da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Evite alimentos pesados à noite, assim como desenhos ou jogos agitados. Determine uma hora para desligar eletrônicos e, então, reduza as luzes. Verifique se o quarto e a cama estão confortáveis. Contar uma história ajuda a relaxar e a formar uma memória positiva ligada ao sono.
Mesmo assim, alguns episódios são esperados. Nesse caso, acolha seu filho indo ao quarto dele e escutando-o. Diga que não passou de um sonho ruim e que ele está em segurança. “Mas nada de deixar o pequeno dormir na sua cama. Ele pode entender que só lá ficará bem ou começar a usar isso como desculpa”, alerta a psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia Maturano, de São Paulo. Fique com ele até que volte a pegar no sono. “Mas avise que irá para sua cama depois, para ele não acordar achando que o abandonou.” Suor, palpitações, até xixi são reações de medo e ansiedade – portanto, normais. Não confunda com terror noturno, quando a criança grita e demonstra pânico, como se vivesse uma situação apavorante real. Mesmo que abra os olhos, ela não reconhecerá você e não se acalmará logo. Mas, passada a crise, apenas continuará a dormir. No dia seguinte, não se lembrará de nada. “Esse distúrbio do sono não oferece perigo e tende a desaparecer na adolescência. Como vem, vai embora”, avisa Ana Cássia.