Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Super Black Friday: Assine a partir de 5,99

Contra a fome e pela natureza: projetos combatem o desperdício de comida

Eles juntaram o empreendedorismo, o amor pela gastronomia e a dedicação ao meio ambiente para criar soluções para o desperdício desenfreado de alimentos

Por Colaboração: Gabriela Maraccini
Atualizado em 22 abr 2024, 10h41 - Publicado em 28 fev 2020, 15h42
Frutas e vegetais
O aproveitamento integral de frutas, legumes e vegetais reduz o desperdício de alimentos (Nigel Allison/EyeEm/Getty Images)
Continua após publicidade

“É melhor sobrar, do que faltar”. Essa expressão, feita principalmente na hora de fazer as compras no supermercado, parece inofensiva, mas fomenta a cultura do desperdício de alimentos que, além de trazer danos ambientais, também é responsável pela desigualdade entre quem tem muito o que comer e quem luta para não morrer de fome.

No mundo, 30% de toda a comida produzida por ano é desperdiçada ou se perde ao longo das cadeias produtivas de alimentos, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Isso é equivalente a 1,3 bilhão de toneladas de comida.

Dentro dessa estatística, 45% das frutas e vegetais produzidos do mundo são desperdiçados a cada ano, tanto no plantio quanto depois da colheita, nas etapas de processamento, distribuição e consumo, também segundo dados da FAO.

Produtores colhendo alimentos orgânicos
Produtores organizando alimentos orgânicos (Tom Werner/Getty Images)

Diante deste cenário, algumas soluções estão sendo apresentadas para reduzir o descarte excessivo de alimentos, como, por exemplo, reaproveitar partes que são consideradas “restos” de legumes, verduras e frutas, como as cascas, talos e sementes. Isso é bom tanto para o meio ambiente, já que reduz o volume de resíduos, quanto para a nossa saúde, já que promove uma alimentação mais saudável e orgânica.

Pensando nisso, alguns projetos foram criados para disseminar o consumo consciente, estabelecer conexões entre produtores e consumidores e, ainda, reduzir os índices de fome no Brasil por meio da reutilização de alimentos e da capacitação de jovens no meio gastronômico. É o caso do Favela Orgânica, Fruta Imperfeita e Gastromotiva. Conheça a história e o trabalho de cada um desses projetos a seguir.

Continua após a publicidade

Aproveitando até o talo

Fundado pela chef de cozinha e empreendedora social Regina Tchelly, o Favela Orgânica nasceu nas comunidades Babilônia e Chapéu Mangueira, na zona sul do município do Rio de Janeiro, em 2011. Natural de Serraria, na Paraíba, Regina já tinha o costume de aproveitar os alimentos integralmente e ficou indignada com a quantidade de vegetais que eram desperdiçados nas feiras livres da capital fluminense. “Pensei que eu tinha que fazer algo para mudar isso”, conta à CLAUDIA.

Com um investimento inicial de apenas R$140, o projeto foi criado com a proposta de aproveitar integralmente os alimentos naturais, incluindo cascas, talos e caroços, por meio de receitas criativas. Além de reduzir o desperdício, a ideia é modificar a relação das pessoas com os alimentos, conscientizando-as acerca de sua própria alimentação, desde o planejamento das compras, até o preparo e o descarte.

“Conhecer sobre o ciclo do alimento e o aproveitamento dos alimentos transforma nossa relação com a comida e nos faz repensar sobre nossas responsabilidades enquanto cidadãos”, aponta Regina.

Para ajudar nessa missão, a Favela Orgânica criou ainda, junto com a Hellmann’s e o Facebook, uma plataforma para inspirar as pessoas a reduzir o desperdício de alimento. Denominada “Heróis da Geladeira”, o bot, disponível no Messenger, possibilita conversas entre especialistas e interessados em aprender a fazer a geladeira render. “A expectativa é que estas conexões se transformem em aprendizados para estimular as pessoas no início da jornada da mudança de hábito em relação ao desperdício de alimento”, finaliza.

Continua após a publicidade

Mas é realmente saudável comer talos, sementes e cascas? 

Sim! Para tirar essa dúvida, CLAUDIA conversou com a nutróloga Nivea Bordin, da Clínica Leger, que nos garantiu que reaproveitar essas partes que seriam descartadas é realmente saudável. “A semente da abóbora, que é seca, quando ingerida tem efeito antiparasitário, bem importante pro intestino”, exemplifica. “Ela tem os macronutrientes (enxofre, fósforo, magnésio, cálcio e potássio) e micronutrientes (cobre, zinco, manganês e ferro), fibras e é excelente para o corpo.”

De acordo com a profissional, talos de couve e agrião também podem ser usados para o preparo de bolos. Eles são importantes porque têm vitaminas do Complexo B, além de vitamina A, C, K, minerais (potássio, ferro, cálcio e fósforo), que são substâncias essenciais para o funcionamento do corpo.

Já a folha da beterraba, por exemplo, pode ser consumida como salada e o talo pode ser refogado e consumido. São alimentos ricos em fibras, fósforo, zinco, magnésio, potássio, cobre, manganês, cálcio, ferro, vitaminas A, B6, C, e fonte de antioxidantes.

Continua após a publicidade

Imperfeitos são perfeitos

Você sabia que quando uma fruta ou legume não é produzido no padrão para venda (por ser maior ou menor do que o “normal” ou com um formato diferente), ele é desperdiçado? Para evitar que isso aconteça, o casal Roberto e Nathalia Inada fundou a Fruta Imperfeita, um e-commerce de frutas que estão fora do padrão estético do mercado, mas possuem o mesmo valor nutricional, e que são produzidas por pequenos produtores.

“Descobrimos o problema dos alimentos imperfeitos em uma conversa com um pequeno produtor de milho no interior de São Paulo. Toda sua safra de milho era vendida em bandejas de isopor e embaladas para uma rede de supermercados. Porém, parte da produção não era do tamanho adequado para a bandeja e acabava sendo descartada. Achamos isso um absurdo e vimos que isso acontecia com muita frequência e com outras variedades”, relata Nathalia.

Além disso, ela ressalta a importância da compra de alimentos imperfeitos como uma maneira de valorizar a agricultura familiar, que além de preservar a biodiversidade local, produz com menos (ou nenhum) agrotóxico e respeita os ciclos na natureza. Atualmente, a Fruta Imperfeita beneficia cem famílias de pequenos produtores.

“Passamos muito tempo da nossa vida com um modelo de consumo e mudar isso demanda um baita esforço. No começo é ruim e depois vai mudando, até que, finalmente, vira hábito”, declara. Com o projeto, já foram salvas mil toneladas de frutas e legumes que seriam desperdiçados por serem imperfeitos. “Acreditamos que pequenas mudanças de comportamento podem tornar o mundo um lugar melhor, por isso apoiamos o consumo consciente”.

Continua após a publicidade

Transformação social pela gastronomia

O potencial transformador da comida foi o que motivou o empreendedor social e chef de cozinha David Hertz a fundar a “Gastromotiva”, ONG que promove inclusão por meio da Gastronomia Social. O projeto é internacional, colaborativo e foi co-criado pela organização, que faz conexões entre cozinheiros e alunos para usar os alimentos como ferramenta de transformação e inclusão social.

Tudo começou em 2004, quando Hertz visitou a favela de Jaguaré, em São Paulo. Lá, ele começou o projeto Cozinheiro Cidadão, que tinha o objetivo de ensinar gastronomia aos jovens da comunidade. “A comida é uma poderosa ferramenta de impacto social, vai muito além de apenas nutrir. Carrega cultura, dignidade e pode ser um grande elo de aproximação entre as pessoas”, conta o chef.

Até hoje, a Gastromotiva trabalha capacitando jovens em vulnerabilidade social por meio da gastronomia e ainda prega o consumo consciente em suas oficinas. “É muito importante todos entenderem de onde os alimentos vêm”, defende. “Com essa visão, automaticamente queremos aproveitar integralmente os alimentos. A Gastromotiva forma todos os alunos com essa consciência, muitas vezes também como alternativa econômica”.

Continua após a publicidade

Como se livrar das dívidas e multiplicar seu dinheiro

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SUPER BLACK FRIDAY

Digital Completo

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 3,99/mês
SUPER BLACK FRIDAY

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$47,88, equivalente a R$3,99/mês.