Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Esquenta Black Friday: Assine a partir de 7,99

Câncer de mama: índice de morte está ligado à desigualdade social

A diferença no acesso ao atendimento médico e aos exames produz a gritante diferença na evolução dos tumores

Por Cristina Nabuco
Atualizado em 2 out 2017, 09h00 - Publicado em 2 out 2017, 09h00
câncer de mama
 (Reprodução/Reprodução)
Continua após publicidade

O diagnóstico e o tratamento precoces mudaram a imagem do câncer de mama, que deixou de ser uma sentença de morte. Mas ele continua sendo o tumor que mais mata mulheres no Brasil e o segundo mais frequente – só perde para o câncer de pele não melanoma. As estimativas de 2016, ainda não confirmadas, eram de 57 960 novos casos e 14 388 mortes. Infelizmente, com maior prejuízo para a mulher pobre, a quem as atenções chegam por último. A desigualdade no acesso ao atendimento médico e aos exames produz a gritante diferença: enquanto nos serviços privados 90% dos nódulos malignos são detectados em estágios iniciais, quando as chances de cura alcançam 95%, no sistema público 60% das pacientes recebem a notícia com a doença já avançando. Para elas, as possibilidades de se livrar do tumor não chegam a 30%.

O tamanho do nódulo pode ser também indicativo dessa triste realidade. Onde existem bons recursos para a investigação, a descoberta de tumores muito pequenos se torna mais fácil. O médico Antônio Luiz Frasson, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, cita o Hospital Albert Einstein, em São Paulo. “Ali, a média de diâmetro dos tumores identificados equivale à dos melhores centros da Europa e dos Estados Unidos, 1,5 centímetro”, afirma. Já no sistema público, a metade dos tumores é descoberta quando eles atingiram 5 centímetros. A conclusão é dos pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

O maior responsável por esse problema é a demora para dar o diagnóstico diferencial, segundo a mastologista Maira Caleffi, presidente voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama). “As mulheres conseguem fazer a mamografia, mas o gargalo aparece depois, na hora da biópsia, que permitirá confirmar se o nódulo é benigno ou maligno.” Segundo a médica, elas têm de esperar em uma longa fila ou correr para um laboratório particular. “Para isso, terão de gastar de 500 a mil reais”, diz.

Há um projeto de lei no Congresso Nacional para estipular o tempo até o diagnóstico final em torno de 30 dias depois da ida ao médico – a exemplo do que ocorre com o tratamento de todos os tipos de câncer. A lei determina que a etapa terapêutica seja iniciada em até 60 dias após o resultado positivo da biópsia. “Se aprovada, a nova medida reduzirá o diagnóstico tardio, a mortalidade e os gastos com câncer de mama”, afirma Maira, que chefia o Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

No SUS, as drogas chegam depois

Também contribui para a mortalidade a demora na inclusão de remédios de última geração no Sistema Único de Saúde (SUS). Em agosto, a Femama comemorou a incorporação de uma droga que faz parte de uma nova classe de medicamentos chamada de terapia-alvo.

Continua após a publicidade

O trastuzumabe é utilizado no mundo inteiro há 15 anos em pacientes com um tipo específico e agressivo de câncer de mama, o HER2 positivo. “Na lista da Organização Mundial da Saúde, essa droga faz parte das opções terapêuticas básicas de combate à doença”, explica Maira. “Mas, no Brasil, só estava disponível no sistema público para tumores iniciais. Era uma tristeza”, conta.

Como a maioria chega ao SUS com a doença avançada, não se podia usar esse medicamento. Adotavam-se somente quimioterápicos, que são mais antigos e menos eficazes. “Sou coautora de um artigo mostrando que esse procedimento ocasionou 800 mortes por câncer de mama em dois anos”, comenta. Publicada em 2 de agosto, a portaria que determina a inclusão do trastuzumabe prevê o prazo de seis meses para os hospitais públicos passarem a oferecê-lo a pacientes com câncer metastático. Assim, o acesso à droga só será possível a partir de fevereiro de 2018.

BOAS NOVAS

• Uma avaliação genética das células tumorais permite distinguir o tipo de câncer, prever a ocorrência de tumores secundários e planejar o tratamento. Já é realizada no serviço público.

Continua após a publicidade

• A ressonância magnética simplificada, para pesquisa de câncer em jovens, é rápida, com menos contraste e tornará o diagnóstico mais fácil. Ainda não disponível no país.

• O tempo de aplicação de radioterapia, que destrói células tumorais, foi reduzido de cinco semanas para três em estágio inicial. Já presente no serviço público.

• Testes sanguíneos para detectar fragmentos do DNA do tumor já conseguem flagrar o retorno do câncer. Podem ser
feitos só no serviço privado.

• A imunoterapia contra o triplo negativo, tumor agressivo e resistente, foi proposta em junho no encontro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, que reuniu 40 mil especialistas em Chicago, nos Estados Unidos. A ideia é estimular o sistema imunológico a reagir ao tumor. Pode ser associada à quimioterapia. Entre as terapias- -alvo debatidas no evento, destaca-se a droga olaparibe, promissora em casos de câncer de mama avançado. Aprovada neste ano no Brasil contra o câncer de ovário, pode ser incluída no combate ao tumor de mama. Mas ainda não está disponível no serviço público. No congresso, também foi revelado que a gravidez depois de um tumor de mama não favorece o retorno da doença – cientistas já comprovaram que tem até efeito protetor.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.