5 dicas para evitar compras por impulso
Propagandas, satisfação emocional e cultura do descartável são algumas das causas para quase metade das pessoas fazerem compras impulsivamente
Deito na cama, desbloqueio meu celular e entro no Tik Tok. Assisto alguns vídeos na tentativa de esquecer da briga com meu marido. Em seguida, aparece uma influencer que eu sigo indicando um porta temperos magnético. Abro o site do marketplace, tentada, e faço rapidamente a compra do produto. Lembro que tenho potes para guardar cada especiaria, que a cor não combina com minha geladeira e, por fim, que não precisava gastar com aquilo. Tarde demais! A compra por impulso já foi feita, agora vou me deliciar com esse momento de paz que ela trouxe – pelo menos usei o cupom de desconto.
Dar sentido às compras pode parecer difícil, ainda mais quando elas são feitas para suprir momentaneamente alguma falta emocional. Segundo um estudo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, 44% das compras realizadas pela internet são feitas por impulso. Necessidade de validação social, gratificação instantânea, publicidade, satisfação emocional e cultura do descartável são os fatores associados a esse fenômeno, de acordo com a psicóloga comportamental Bárbara Faustino.
Não bastasse a obsolescência programada, onde produtos são projetados para se tornarem inúteis rapidamente, incentivando a compra frequente, especialmente pela ideia de ter sempre o “último modelo”; ainda há as estratégias persuasivas, segundo a especialista, para criar desejos e necessidades em relação a determinados produtos ou serviços da publicidade.
“Algumas delas são estímulos de pensamentos automáticos, a partir de imagens atraentes e slogans chamativos que associam felicidade e sucesso à posse de produtos; reforço de crenças distorcidas, como de que somos piores sem aqueles produtos; manipulação emocional, relacionado produtos à sentimentos; fomento do imediatismo, onde o prazer imediato que obteremos ao adquirir um produto.”
Ainda que as escolhas de consumo variem de pessoa para pessoa, algumas dicas da psicóloga podem ser usadas para que você esteja no comando:
Observe seus pensamentos: O motivo para a compra
Antes de fazer uma compra, pergunte a si mesmo se é algo que você realmente precisa ou se é apenas um desejo momentâneo. Reflita sobre o motivo por trás da compra. Por exemplo, se você está pensando em comprar um novo telefone, questione se é porque o seu atual não atende às suas necessidades básicas ou se é apenas porque você quer ter o modelo mais recente.
Reconheça suas emoções
Esteja atento às emoções ao fazer compras. Muitas vezes, compramos por impulso para preencher um vazio emocional ou lidar com o estresse. Se você está se sentindo triste, estressado ou entediado, não faça aquisições, mas sim procure outras formas de cuidar das suas emoções, como praticar exercícios físicos, conversar com um amigo ou realizar atividades que você goste.
Avalie seu comportamento
Analise seus padrões de consumo e reflita sobre as consequências de suas compras. Pense se ela está de acordo com suas possibilidades financeiras, se você realmente precisa do item e se ele agregará valor. Se você já possui várias roupas similares e está considerando comprar mais uma, por exemplo, questione se isso é realmente necessário ou se é apenas um desejo impulsivo.
Ao considerar esses aspectos, você estará mais consciente de suas necessidades reais versus desejos superficiais, para tomar decisões de compra mais conscientes e alinhadas com seus objetivos e valores pessoais. Lembre-se de que o consumo pode ser uma escolha, e, ao distinguir necessidades de desejos, pode evitar compras desnecessárias e, assim, encontrar maior satisfação e equilíbrio em sua vida.
Adquira habilidades de enfrentamento saudáveis
Aprenda técnicas de enfrentamento que não envolvam consumo impulsivo, como a prática de exercícios físicos, meditação, ioga ou técnicas de respiração. Essas atividades ajudam a reduzir o estresse e a promover um equilíbrio emocional.
Não hesite em buscar alternativas
“Ao buscar alternativas saudáveis para satisfazer nossas necessidades emocionais, podemos reduzir a dependência do consumo por impulso”, explica. Identificar e expressar de forma saudável seus sentimentos, seja por meio de conversa, escrita ou atividades artísticas, é a primeira opção que ela fornece. Dedicar tempo a atividades que tragam alegria e satisfação é outra.
Tenha momentos de autocuidado, descanso e relaxamento. Outra sugestão é buscar significados e propósitos. “Reflita sobre seus valores e objetivos de vida, além de se engajar em ações alinhadas aos seus valores pessoais para promover uma sensação de realização e satisfação emocional duradoura.”
Como ensinar as crianças e os jovens a ter autocontrole?
“Autoconhecimento emocional: É fundamental que as crianças e jovens aprendam a identificar e expressar suas emoções de maneira saudável. Isso pode ser alcançado por meio de atividades que promovam a consciência emocional, como conversas abertas sobre sentimentos, desenhos ou diários emocionais”, explica Bárbara.
Ensine-os a reconhecer e questionar pensamentos automáticos que possam levar a comportamentos impulsivos de consumo, como “eu preciso disso agora” ou “isso vai me fazer feliz”, comenta. Além disso, incentive as crianças e jovens a estabelecerem metas de consumo realistas e ensine-os a fazer um planejamento financeiro. Ajude-os a entender a diferença entre necessidades e desejos, e a considerar alternativas antes de tomar decisões de compra.
Explique que nem sempre precisamos obter algo imediatamente, estimulando o estabelecimento de recompensas a longo prazo. E, é claro, ensine por meio do exemplo. “As crianças aprendem muito observando o comportamento dos adultos ao seu redor. Ao demonstrar equilíbrio e autocontrole em relação ao consumo, você estará ensinando uma valiosa lição para elas.” Isso leva tempo e prática, por isso incentive e elogie os esforços.